31 de dez. de 2008

Ano Novo (Guilherme Arantes – 1999)

E o milênio vai virar
Seja lá em que direção
Muitas pedras vão rolar
Não se vive só de esperteza e diversão
Ideais vão despertar
Utopias vão renascer
Os valores vão mudar
Não há ordem perfeita imune à erosão
E na contramão da festa dessa multidão
Uma tribo estranha ainda resta
Mesmo dispersa na ilusão dos poetas
A vida se projeta em cada olhar ...

Onde você vai estar
Com quem vai dividir as lágrimas
Da esperança
E não basta chorar
O que você vai fazer
Pro ano novo ir muito além
Dos fogos que se lança

Mais que um corpo pra cuidar
Mais cabeça que um visual
Para o jovem se engajar
Pelo meio ambiente ou causa social

Na contramão da festa dessa multidão
Uma tribo estranha ainda resta
Mesmo dispersa na ilusão dos poetas
A vida se projeta em cada olhar ...

29 de dez. de 2008

QUESTÔES RESOLVIDAS - CONCURSO PÚBLICO

1 (P.M. Santos / FCC 2008) Estão corretamente flexionadas todas as formas verbais da frase:

(A) Se Isabel rever as imagens captadas há tempos por seu doador, talvez venha a se surpreender.
(B) A fina membrana não provém a memória das visões, nunca houve o caso de alguma que as retesse.
(C) As visões que proviessem de uma outra pessoa e passassem a ser nossas, seriam como fantasmagorias que em nossos olhos se detivessem.
(D) Ainda que não retenhem visões antigas, as córneas herdadas sempre deixarão a impressão de que acumularam muitas experiências.
(E) É desejo do autor do texto que Isabel distingua apenas as coisas belas, que veja apenas o que constitue a navegação dos dezoito anos.

Questões com verbos sempre exigem uma atenção especial. A letra “A”é descartada, pois os verbos irregulares (geralmente de 2ª conjugação) mudam as suas formas do infinitivo e futuro do subjuntivo. Não coincidem. A forma correta seria “Se Isabel revir”, diferente da que se encontra na alternativa (Portanto, no infinitivo, rever; no futuro do subjuntivo, revir; ter, tiver; fazer, fizer. E assim por diante). Acontece o mesmo na letra “B”. a forma verbal correta seria “retivesse” (imperfeito do subjuntivo) e não retesse. A maneira correta do verbo da letra “D” seria retenham. Na letra “E”, a forma verbal adequada seria distinga, e a forma constitue não existe; é constitui (constituir), assim como influi (influir), dilui (diluir), evolui (evoluir), contribui (contribuir).
A resposta é a letra “C” porque os verbos proviessem e detivessem derivam, respectivamente de provir (originada de vir) e de deter (originada de ter). Elas seguem a conjugação dos verbos originais, que seriam viessem e tivessem.

2 “Essa é uma questão social”. Respectivamente, as palavras classificam-se, em termos de morfologia, como:

a) artigo – verbo – numeral – pronome – substantivo.
b) pronome – conjunção – numeral - substantivo – adjetivo.
c) advérbio – verbo – adjetivo – numeral – substantivo.
d) pronome – verbo - artigo – substantivo – adjetivo.
e) pronome – verbo – numeral – substantivo – substantivo

Os vocábulos essa, esta, aquela e suas flexões sempre serão pronomes demonstrativos, pois apontam para algo no espaço, tempo e no contexto. Desse modo, descartamos as letras “A” e “C”. A palavra é constitui forma verbal de ser. Nesse caso, descartamos a letra “B”. Uma é artigo indefinido e não numeral, pois não quantifica coisa alguma, apenas dá idéia de indefinição. Ou seja, uma questão significa qualquer questão, não está clara qual é. Assim, já encontramos a resposta: letra “D”. Questão é substantivo, com a função de nomear determinada coisa, e social qualifica, caracteriza esse substantivo sendo, portanto, adjetivo.

CONCURSOS PÚBLICOS

Oi, pessoal!
Nesses dias de férias (não para mim), postarei algumas questões resolvidas de concursos públicos, na perspectiva de que teremos a realização de várias seleções de pessoal para preenchimento de cargos efetivos este ano.
Essa é uma contribuição que dispensamos àqueles que procuram estabilidade, muitos dos quais depositam confiança em nosso trabalho por saberem que, muito acima de qualquer mérito, é feito com seriedade e respeito pelos alunos.
Um abraço!
Cassildo.

26 de dez. de 2008

O nível de nossos alunos será o nível de nossa sociedade

Cassildo Souza(*)

Fico a refletir a respeito dos alunos que estão sendo moldados na entrada do século XXI. Para tanto, lembro alguns fatores que poderiam servir de parâmetros a esta análise: hoje, o número de escolas existentes é infinitamente superior ao de há algumas décadas, a quantidade de profissionais com nível superior cresceu consideravelmente e cursos de capacitação foram criados para qualificar os professores. Além disso (com muitas dificuldades), houve avanços significativos na remuneração docente. Mas, honestamente, será que essas melhorias refletem-se na prática educativa? Nossos estudantes estão preparados a enfrentar o mundo? Acredito que, infelizmente, não.

Quem atua em sala de aula pode atestar com toda a autoridade que a base desses indivíduos, no geral, ainda é muito precária, especialmente no que tece à matemática e à língua, aspectos preponderantes para conhecimento. O nível de leitura e de escrita não tem sido um motivo de orgulho para as crianças do Brasil, que corriqueiramente ficam abaixo da média, se comparados aos outros países da América do Sul. A disciplina matemática não é bem-vinda por um inestimável número de estudantes que não vêem a importância de certos conteúdos para o seu dia-a-dia. E se não percebem a relevância, provavelmente se interessam menos, aprendem menos.

Não me atreveria, aqui, a ensaiar que motivos levam a essa incoerência. Adiante falarei sobre apenas um que considero fundamental. Mas, se acontecem esses fatos, o que podemos esperar desses alunos quando eles chegarem à universidade e, depois, quando saírem para o mercado de trabalho? Muitos são os casos em que o nível superior não corresponde à atuação profissional. E tudo por uma questão de base, pois aquilo que não se aprendeu nas instâncias inferiores do ensino não será milagrosamente absorvido em apenas 4 anos. O fato é que por essa má formação, temos professores que não sabem ler, advogados que não conhecem a lei, médicos que não descobrem doenças simples, jornalistas que não apuram os fatos e engenheiros cujas obras não se sustentam por muito tempo.

Faço agora a referência que prometi no parágrafo anterior, acerca das razões que levam a um ensino precário. Vejo a falta de compromisso de certos profissionais da educação como a pior mazela que pode existir no processo educacional. Alguns deles se apóiam no fato de estarem no serviço público, não cumprindo suas obrigações e, por conseqüência, não atendendo às necessidades de seu público-alvo. Sem falar naqueles que concorrem ao cargo de professor e com pouquíssimo tempo recorrem a “padrinhos”, no intuito de não atuarem em sala de aula. Como não há uma cobrança rígida (nem interesse para que isso aconteça), ocorre uma reprodução perpétua como uma doença epidêmica e o resultado é catastrófico.

Se queremos desenvolvimento, progresso, bem-estar para nós mesmos, precisamos, enquanto educadores, realizar um trabalho sério, não simplesmente para mostrarmos que somos “bonzinhos” e aparecermos como as referências da prática pedagógica ideal; mas para que amanhã não sejamos prejudicados em decorrência de uma sociedade mal instruída e sem conhecimento científico. Nossos descendentes dependerão daqueles que estamos ajudando a formar hoje. E se não o fizermos da maneira adequada seremos as próprias vítimas desse processo.
*Autor deste blog, graduado em Letras,
especialista em Língua Inglesa, professor
de Língua Portuguesa para concursos e
vestibulares e funcionário público
da Prefeitura Municipal de Currais Novos.

23 de dez. de 2008

RENASCIMENTO

Quase nada é mais importante do que nascer. Apenas uma coisa o é. Renascer. Quando se renasce, se ressuscita, se regenera, se recompõe. É outro que chega dentro do mesmo um. Mas esse outro é novo, se não assim não seria chamado. Embora seja o mesmo, não o é totalmente. Há modificações na alma, na maneira de pensar, na maneira de agir.

Nesta época em que todos falam de Nascença, falaremos em Renascença. Se o Jesus Cristo nasceu há 2008 anos, estamos, a cada ano, comemorando o seu Renascimento, a sua Ressurreição. Isso deve ser transferido para nós, daí o costume de se renovarem as esperanças, de se fazerem planos, de se reverem conceitos.

Muito acima de qualquer apelação comercial propícia à nossa época, isso deve partir no sentido de melhorarmos enquanto seres da mesma evolução. De buscarmos o progresso de maneira coletiva, pois somos uma espécie, não somos um indivíduo. Devemos ser uma unidade, uma unidade que veja as suas engrenagens como os pilares de sua existência. Somos as engrenagens que movem a humanidade. Não que devamos fazer certas coisas somente agora, mas se não fosse para mudarmos, não haveria motivos para se renascer.

Todos nós podemos reavaliarmo-nos periodicamente, independente da época. Apenas temos o Natal como referência para que essa autocrítica seja realizada. Mas isso não impede, sob hipótese alguma, que estejamos constantemente à procura de uma posição mais cômoda para trilharmos o nosso caminho. De qualquer modo, um Aniversário tão importante não pode passar despercebido e, por essa razão, faz-se relevante o registro e o desejo de que todos consigam a tão esperada Renascença, como fez Jesus Cristo há pouco mais de 2000 anos

SILÊNCIO BARULHENTO (Cassildo Souza)

Quando esse silêncio romperá?
Há milênios sem manifestar-se
Ele me atinge como uma lança
Esse silencio, pela proporção, fez estragos
Mais barulhento do qualquer som
É um silêncio que incomoda
Silêncio que meus ouvidos não suportam
Vidros quebraram-se por sua causa
Crateras espaçosas se abriram
Melhor um som desagradável
Do que um silêncio intencional
Melhor a infâmia e a calúnia
Do que o calar não desejado
Melhor a manifestação errônea
Do que a medíocre omissão
Mas esse silêncio, nenhum barulho o supera
Nenhum silêncio é igual
É silêncio “não-silêncio”
Maior que a escuridão.

22 de dez. de 2008

PROMESSAS NÃO CUMPRIDAS

Esses versos são dedicados a todas as pessoas que não cumprem as obrigações, àqueles a que já referi em um texto chamado “A exaltação da hipocrisia”, neste mesmo blog. A essas pessoas apenas desejo que passem pelo mesmo, embora não aprendam. Quem for capaz de enganar, seja também enganado, para sentir na pele o quanto é horroroso não ter seus direitos respeitados.

Trabalhar, não receber
Comprar e não acertar
Ser leviano, enganar
Não cumprir, só prometer
Esse aí não vai crescer
Prosperar jamais conseguiu
O sucesso nunca viu
Nem virá caso não mude
Está dentro de um açude
Pela forma que agiu.

Humilde trabalhador
Com tanto trato ele faz
O labor que nunca jaz
Parece ser com amor
Mas não recebe louvor
Pelas tarefas cumpridas
Só promessas repetidas
Quando muito ele recebe
O pouco que se percebe
Parece esmolas pedidas.

Não sabe por que caiu?
Pois eu sei, você nem sabe
Num dia em que tudo acabe
Não verá o que sumiu
Quanta riqueza exauriu
Dessas mãos que estavam sujas
Mas digo, agora não fujas
Que isso é o começo
Não terás mais um apreço
Nem nas suas garatujas.

18 de dez. de 2008

EU NÃO FIZ; NÃO FUI EU! (Cassildo Souza)

EU NÃO FIZ, NÃO FUI EU!
NÃO FUI EU QUEM FIZ, NÃO FUI EU!
NÃO VI ISSO, NÃO FUI EU!
JÁ LHES DISSE, NÃO FUI EU!
TREZENTAS VEZES, EU NÃO FIZ!
POR TUDO QUE EXISTE, EU NÃO FIZ!
SOCORRO, NÃO FUI EU!
JÁ LHES DISSE, EU NÃO FIZ!
NÃO FUI EU, EU NÃO FIZ!
NÃO FUI EU, JÁ LHES DISSE, EU NÃO FIZ!
EU NÃO FIZ, JÁ LHES DISSE, NÃO FUI EU!
NÃO ACREDITA, MAS NÃO FIZ!
EU NÃO FIZ, JÁ LHES DISSE, VEJA SE ACREDITA!
NÃO FUI EU, EU NÃO FIZ!
EU NÃO FIZ, NÃO FUI EU!

O PESO DE TODA A CULPA (Cassildo Souza)

Algumas questões não compreendidas:
Problemas da humanidade: o culpado é ele!
Inflação subiu: o culpado é ele!
Violência urbana: o culpado é ele!
Casos passionais: o culpado é ele!
Terrorismo no Oriente: o culpado é ele!
Transito infernal: o culpado é ele!
Orquestra desafinada: o culpado é ele!
Ruas esburacadas: o culpado é ele!
Ganância e ambição: o culpado é ele!
Anti-ético e sem estilo: o culpado é ele!
Qualquer coisa que aconteça,
Se não há suspeito,
Passa a existir:
O culpado é ele!
E ponto final!

17 de dez. de 2008

DIFERENÇA ENTRE COMPLEMENTO NOMINAL E OBJETO INDIRETO

Tenho recebido muitas dúvidas de meus alunos a respeito da diferença entre Complemento Nominal e Objeto Indireto. A diferença é simples, por isso quem conseguir entender um, conseguirá também compreender o outro. Esses elementos quase sempre são objetos de concursos, exames e vestibulares.
Trata-se de complementos distintos, mas muito semelhantes, pelo uso da preposição. Quando o verbo é transitivo indireto, apresenta preposição; nomes que regem (exigem) complemento também apresentam preposição. Lembro que substantivo, adjetivo e advérbio classificam-se como nomes.
Sempre que o termo complementar verbos que exijam preposição (gostar de, confiar em, obedecer a), será objeto indireto; sempre que complementar nome (certeza, necessidade, favoravelmente, propenso), será complemento nominal. Então, vamos aos exemplos:

1. Eu ACREDITO nas pessoas que falam a verdade.
Acredito: V.T.I (Acredito em quem?/em quê?)
Nas pessoas que falam a verdade: Objeto Indireto (Complementa verbo Acredito)

2. A CRENÇA nas pessoas que falam a verdade é algo sensato.
Crença: Nome (substantivo abstrato, exigindo complemento: crença em quem?/em quê?)
Nas pessoas que falam a verdade: Complemento Nominal (Complementa nome Crença)

Desse modo, é só verificar se o termo regente é verbo ou nome. É preciso atentar para o fato de que complemento é qualquer termo que não pode ser dispensado para que o anterior tenha sentido completo.

A SÍNDROME DA DESCONFIANÇA

Por Cassildo Gomes Rodrigues de Souza

Não sei o que anda acontecendo comigo, mas penso de maneira totalmente diferente de como pensava antes. Talvez seja resultado da falta de criatividade, da ausência de coisas que me façam encarar a vida de outra maneira. Tenho adotado uma visão talvez até meio radical, mas é fato: Todas as vezes que alguém é questionado, começo a desconfiar de que esse alguém tem razão naquilo em que o criticam.

Na minha cabeça, a ausência de conhecimento e de análise tem sido aspectos marcantes na contemporaneidade. Posso até estar errado, mas ninguém tem muita preocupação com a qualidade hoje em dia. Quem procura ser seletivo, é tachado de "metido", arrogante, prepotente. Parece que fizeram um pacto com tudo quanto existe de ruim e sem fundamento em detrimento das coisas que nos poderiam conferir mais conteúdo e consistência. Se fôssemos citar exemplos, poderíamos falar sobre política, educação, música e cultura em geral e até mesmo o futebol. Quanta qualidade se perdeu!

Se as pessoas que procuram selecionar aquilo que lhes parece mais adequado estão erradas, então não sei que caminho seria o certo. O fato é que constantemente somos bombardeados por modismos que, meteoricamente, acabam para dar lugar a outro. Enquanto isso, os aspectos que realmente apresentam qualidade dormem num ostracismo somente desvendado por aqueles que se "atrevem" a redescobri-los, mesmo enfrentando o mundo inteiro. O curioso é que a humanidade está inclinada a supervalorizar certas novidades e são elas as que aparecem mais, vendem mais, atraem mais. De novo, questiono se essa supremacia da quantidade sobre a qualidade.

O que tem consistência, entretanto, resiste ao tempo e à mediocridade. Temos de analisar as coisas de maneira consciente e global, sem nos influenciarmos pela propagação de mídia que, em grande parte, utiliza-se de argumentos que não convencem mas que "preenchem" as mentes por um certo período de tempo. O que é bom, independentemente de quantidade, prevalece em qualquer segmento. Só para lembrar, a obra de Machado de Assis, a musicalidade dos Beatles e de Bob Dylan no exterior, de João Gilberto, Tom e Vinícius aqui no Brasil, a habilidade de Oscar Niemeyer, a lucidez de Ariano Suassuna, entre outros exemplos sustentam a tese de que o aspecto qualitativo nunca se curvará ao quantitativo.

Continuarei desconfiando sempre que algo for demasiadamente enaltecido, o que não significa, necessariamente, que as coisas mais visíveis e atraentes sejam ruins. O fato é que as modas gastas apreciadas por uma maioria de alienados não podem ser jamais consideradas valiosas apenas por chamarem mais a atenção. Nesse caso, diria que esse caminho seria uma espécie de contraponto à idéia da quantificação, do pensamento de todo mundo, do que a massa decide ser bom ou ruim. Essa análise deve partir, com consciência, de cada um, alheio a números isolados, sem crítica alguma.

16 de dez. de 2008

LETRAS DE MÚSICAS

Incertezas II (Cassildo Souza)

Como saber o que se pode fazer
Para tomar a decisão correta?
É preciso bom senso,
Chegar a um consenso,
Encontrar uma janela aberta:
Uma iluminação para o meu túnel
Algo não muito especial
Apenas uma orientação, um conselho
Para que eu não fique tão espacial.

O mundo dos incertos já não me atrai
É preciso estar certo, seguro
Não quero mais me afogar nesse mar
De questões que me deixam em apuros.
O alimento-razão só precisa combater
Essas incertezas que temos a conhecer
Elas não têm importância
Vamos viver sem isso, sem essa alternância.

Só preciso de uma resposta
Algo assim muito trivial
Mas a luz é essencial para que essas dúvidas
Para sempre desapareçam.

Estou certo de que a certeza virá breve
Dessa vez sem nenhum escândalo,
Foi tudo bem leve.
Quando isso tudo vier a acontecer
Um prazer enorme eu terei de viver.

EM PRINCÍPIO / A PRINCÍPIO

Muitas pessoas entendem que esses dois termos são a mesma coisa. Não são. Em princípio significa em tese, em teoria, teoricamente. A princípio significa primeiramente, em primeiro lugar.

Então, vejamos os sentidos que as frases assumem com cada um deles:

Em princípio (teoricamente), a educação deveria dar as pessoas uma capacidade de honestidade maior.

A princípio (inicialmente), ele não quis adiantar o caso. Disse que detalharia depois.

É preciso ter cuidado com o uso de termos dessa natureza, pois o sentido de uma oração pode ser modificado radicalmente apenas com uma pequena alteração. Neste caso específico, tanto em como a são preposições e mesmo assim apresentam valores semânticos diferentes.

DIFERENÇAS ENTRE VÊ/VER E VERBOS SEMELHANTES

Na língua portuguesa existe uma dúvida muito grande em relação a formas verbais acentuadas que se assemelham aos infinitivos pessoais e impessoais. Por exemplo, qual seria a ocasião correta para se usar VÊ e VER? Em que situações um e outro devem ser empregados?

As formas VER, CRER, LER, DAR e ESTAR são infinitivas (nome do verbo) e, quando conjugadas na terceira pessoa do singular (ele, ela ou semelhante) perdem o "R" e são acentuadas. Então o verbo CRER tornar-se-á CRÊ na conjugação; o verbo VER tornar-se-á VÊ e assim por diante.

Ele ainda crê na recuperação da equipe. (certo)
Ele ainda crer na recuperãção da equipe. (errado)
A atenção que Edson a seus alunos é insuficiente. (certo)
A atenção que Edson dar a seus alunos é insuficiente. (errado)

Percebam que usar, nesses casos, o verbo no infinitivo seria alguma coisa estranha, como observamos na comparação seguinte:

Antônio faz com que os processos sejam agilizados = Edson atenção aos alunos.

Antônio fazer com que os processos sejam utilizados = Edson dar atenção aos alunos.

O infinitivo, no entanto, funcionará como verbo principal no caso de locução verbal (mais de um verbo valendo como um só), como no esquema abaixo:

Edson pode dar atenção a seus alunos de forma mais eficiente. (certo)
Edson pode atenção a seus alunos de forma mais eficiente. (errado)

Na comparação,

Edson pode fazer tudo mais corretamente = Edson pode dar atenção a seus alunos.
Edson pode faz tudo mais corretamente = Edson pode atenção a seus alunos.

Então, para resumir, as formas verbais com "R" vistas aqui são infinitivas e serão utilizadas nas locuções verbais, como verbo principal; as formas verbais acentuadas serão utilizadas de forma simples, como verbo flexionado na oração.
Um abraço e até a próxima postagem.

9 de dez. de 2008

ILUSTRES CURRAIS-NOVENSES

Tenho refletido muito ultimamente sobre a qualidade que Currais Novos vem demonstrando quanto a seus escritores e poetas, principalmente os da nova geração. Há alguns dias, numa entrevista pela TV Assembléia, Nei Leandro de Castro citava as nossas queridas Maria José Gomes e Iara Carvalho como duas das melhores novidades nos últimos tempos. Constantemente, Wescley Gama é apontado nas primeiras colocações dos concursos literários que ocorrem por aí. E ainda temos Adriano dos Santos, Luma Carvalho, Adélia Daniele, entre outros. A lista cresce a cada dia, o que, para quem se permite desfrutar de uma certa sensibilidade, é um evento passível de análise e de uma importância maior.

Dois desses maravilhosos seres, Théo Alves e Marcos Leopoldo, também foram felizes em participações recentes de concursos a nível nacional. O primeiro recebeu mensão honrosa na modalidade de contos, em evento promovido pela Secretaria de Estadual de Educação do Paraná, com direito à publicação na coletânea composta pelos trabalhos selecionados; o segundo participou de um seleção de 100 textos, promovida pela Folha Dirigida, com a participação de mais 15.000 professores, cujo tema era alusivo ao Centenário de Machado de Assis. Assim como Théo, teve sua redação publicada e elevou o nome de nossa cidade, muito embora esses acontecimentos, para a maioria sem sensibilidade, não tenha muita relevância. O fato é que eles brilharam e, repetindo um clichê, "contra fatos não há argument0s". Só para registrar, fui presenteado por ambos com os dois exemplares editados pelos eventos.

Mas, apenas o registro não seria, a meu ver, uma homenagem justa. Por isso, publico a seguir os dois textos desses ilustres currais-novenses, reforçando a idéia de que precisamos olhar com mais carinho os nossos artistas. E falo isso para aqueles que têm sensibilidade. Para os outros, só posso lamentar a falta de sorte em não poder separar o que é bom do que é ruim:


Quando chegou o morto (*)

Théo Alves

O morto está chegando, o morto já vem, o menino gritou antes de passar pelo portão e imediatamente se fez o vozerio grave dos homens que cobravam as apostas. Houve quem batesse no peito e disse eu avisei, eu disse que esse nunca falha. As mulheres corriam ao redor da mesa, empilhavam velas e rosas por toda a casa e tudo murchava e ressecava, porque o calor não permitia viver. Elas se entreolhavam em silêncio, rezingavam e vez por outra sofriam, sem poder esconder a alegria de ver chegar o morto desejado.

A festa animava as crianças, que corriam de um lado a outro e se jogavam no chão sujando a roupa de domingo reservada para o cortejo. Ninguém se importa mais. A felicidade era ver que o morto chegava, finalmente. Os homens da prefeitura carregando-o nos braços também sorriam com a alegria da rua. Deitaram-no sobre a mesa, como foi pedido, e tomaram café quente com bolachas salgadas feitas ela mãe do morto. Ela lhes agradeceu recomendando a Deus as boas almas desses bons rapazes que trouxeram essa pequena alegria para esta pobre mãe sem consolo. Comovido, um dos homens disse-lhe não há de quê, senhora, seu filho é um morto exemplar.

Deitado sobre a mesa, ele brilhava como se estivesse suado. As mulheres diziam ser o sopro dos anjos e repetiam só pode ser, só pode ser o sopro dos anjos. As mulheres que o tiveram em vida estavam lá, ao redor do morto brilhoso. Os maridos aceitavam sem resmungos, mas com pontas de ciúme, essa reconciliação amorosa sem tino. Uma segurava-çhe a mão gelada e dizia surdamente que está mais lindo do que nunca, tem o vico das crianças negras e dos jambos.

Do lado de fora, os homens ainda recebiam seus dinheiros. Batiam no peito os vencedores a se gabar: eu tinha certeza de que o morto não faltaria, eu sabia. E os outros riam, faziam volteios antes de pagar. Bebiam muito e agradeciam ao morto pela graça do jogo inusitado, por essa breve alegria em momento tão solene. Levantavam copos e garrafas de cachaça e bradavam a ele, ao morto, a ele que chegou na hora certa como sempre. De lá ouviram o primeiro baque surdo. Prego, martelo, a tampa do ataúde. O homem da prefeitura metia nos pregos no caixão.

Um silêncio redondo foi se formando em volta das marteladas, cada prego entrando na cara do caixão era uma voz silenciada. Os homens voltaram à sala, as mulheres choravam silenciosamente de lenços na mão, a mãe do morto tinha ares de quem iria desmaiar, mas não desmaiava. O morto não sairia. Não saiu, pelo que se sabe.

Pegaram o ataúde pelas alças como se carregassem o morto pelos braços outra vez. Do lado de fora o vento levantava uma poeira de ouro fina que grudava como purpurina no corpo do séquito; o vento tomava volume. Jogava de um lado para outro os muitos coqueiros da rua central até os da praia; as palhas se balançando como quem dança, a copa das árvores e os troncos mais finos endiabrados, rodando, rodando. As nuvens tornavam-se escuras como a testa das ovelhas no dia de cinzas. O povo fazia sinais de cruz e se benzia; as crianças olhavam para cima e tropeçavam na terra, atônitas diante do festival nunca antes visto no céu.

Ameaçava chover. Chover como desde 1965 não chovia. Querenta anos sem chover e agora a tempestade batia na porta e na cara da cidade. Empurrava o morto para adiante. Tanta gente que nunca vira chover em toda a vida frente ao espetáculo que se formava no céu. Na terra, o ataúde seguro pelas alças se balançava em direção a cova rasa. E o povo agora andava em silêncio. O morto impassível dentro do caixão, sem um sorriso, uma lágrima que fosse. Toda a cidade olhava para cima.

Deitaram-no rapidamente na terra e a mãe jogara-lhe os primeiros punhados sobre a cara. Toda a cidade olhava para cima e por muito pouco não o esqueciam de enterrar. O prefeito disse duas ou três linhas mal arrumadas, a mãe lembrou-se de chorar na última hora e os homens da prefeitura jogavam-lhe as pás de terra sem olhá-lo: olhavam para o céu. Os coqueiros dançando endemoninhados. Chuva! chuva!, o prefeito gritou; Decreto oficial, era chuva, como não chovia desde 1965. As crianças correndo para casa e as mulheres chorando ajoelhadas; homens atônitos e a mãe do morte prestes a desmaiar, mas não desmaiava. No meio da chuva a horda enumerava seus gritos de santo! santo! este morto é santo!. E o morto calado deitado na terra, sem pensar em nada.

ALVES. Théo. Quando chegou o morto. In: Concursos literários 2007: premiados 2007. Curitiba/PR: Secretaria de Estado da Cultura, 2008. 120p.
(*) Menção honrosa no evento "Concursos Literários 2007", promovido pela Secretaria de Estado de Cultura do Paraná.

A importância de Machado de Assis um século depois de sua morte

Marcos Leopoldo de Souza

Nem mesmo um século foi capaz de enquadrar o grande romancista brasileiro na alcova do esquecimento, pois o gênios não nasceram para tal, mas para serem perpetuados pelo tempo, através de suas magníficas idéias. O gênio não conhece o limite impõe às suas vidas, antes o aporta, como marco para observar as relações que o coabita e retira, com base nessa observação, o que há de mais universal e concreto nas relações humanas.

Machado de Assis soube representar com tamanha destreza o que há de mais genuíno quanto à gênese estrutural da psicologia humana. Ele, filho de pais pobres, epilético, gago por nascença e possivelmente fadado a passar despercebido pela existência, contra todas as projeções negativas, consolidou-se como escritor de raríssimo talento. O escritor Machado soube analisar com máxima profundidade as virtudes e principalmente os maus hábitos que estão intrinsecos `r condição humana. Não foi um escritor de frases assumadas e desapartadas de reflexão, ao seu crivo nem mesmo ele foi poupado de análises criteriosas. Foi implacável na crítica social, demonstrando em suas personagens adúlteras, inescrupulosas e lunáticas o misto existente em compactação de uma sociedade.

Em um primeiro momento, Joaquim Machado de Assis se deixou guiar pelos apelos e apegos românticos, entretanto, com o amadurecimento literário transfigurou-se, superando o espírito idealista do romantismo e aportou em outro mundo. O mundo do real e do objetivo como sendo o laboratório ideal para testar e refutar suas teses bem como o da construção de suas personagens, no entanto, sem perder a pureza dos grandes escritores, pois estes não estão preocupados em definir padrões sociais, mas apresentá-los como elementos que estão inseridos na sociedade para serem questionados. Machado vai além das cortinas da aparência, disseca-a insinuando o que pode gaver por detrás desta, uma vez que a realidade, que se apresenta aos olhos do expectador, muitas vezes não responde a todos os questionamentos que o espírito humano faz ao mundo, a si mesmo e aos outros. Assim, Machado com seu olho clínico e sua destreza mental demonstrou uma supremacia comparada aos grandes que como tais construíram mágníficos clássicos, pois não deixou que sua obra fosse mascarada, mas sim revelou caminhos que instigavam o leitor à reflexão e até manteve com este um laço muito próximo, sempre buscando acordá-lo do sono que aparenta ser, isto porque o eterno insatisfeito que era, forçosamente não o deixaria nas margens de fórmulas rápidas e simbolicamente prontas.

Pela lucidez que foi capaz de pôr em suas obras e pelo poder de observação que construiu às suas personagens, Machado desbravou e intensificou os detalhes humanos, não como uma linda aquarela que mostra, aparentemente, as cores do que pode ser a imagem, mas como reduto permeado dos mais variados sentimentos e pensamentos eminentes ou objetos. Foi cortante e incrivelmente perturbador, sempre deixou o espírito do leitor semeado de muita inquietação, depositando no mesmo uma insatisfação, que para muitos representa o primor de grandes escritores. Não deixou que o leitor se conformasse como algo puro e detentor de toda verdade porque propôs uma linha descompromissada com definições, antes sugestionou que ele próprio, o leitor, era capaz de encontrar as suas definições.

Enfim, Machado revelou - em suas obras - um mundo não cheio de acasos, mas também recheado de intenções. Portanto, foi um escritor que sintetizou um povo que poderia se ver em qualquer parte do planeta, com todas as virtudes e mazelas. E contribuiu incisivamente para enobrecer a nossa produção literária, uma vez que sua obra transitou pela poesia, teatro, crônicas, contos, novelas e romances com extrema facilidade e expressiva competência. Machado potencializou a produção literária de nosso país e deixou caminhos para que outros encantassem o próximo pela arte da palavra. Certamente, muitos dos que hoje edificaram seus nomes na construção literária foram se molhar e beber nesta fonte riquíssima chamada de mestre da literatura brasileira.

Dessa forma, para as agudas inteligências pouco importa a época para se viver, porque suas idéias são sempre contemporâneas. Por isso que Machado sobrevivu ao tempo, e o filho que antes era, transformou-se no pai de uma produção literária que venceu a barreira convencional do tempo humano, consagrando-se definitivamente no tempo por se fazer sempre contemporâneo.

SOUSA, Marcos Leopoldo de. In A importância de Machado de Assis um século depois de sua morte. Coletânia de Redação para Professores. Academia Brasileira de Letras/Folha Dirigida, set/08. (*) Esse texto ficou entre os 100 mais bem avaliados e teve direito à publicação. Não foi atribuído título, os textos foram feitos com base em um tema, ficando a escolha do gênero livre aos candidatos.

São dois textos realmente de qualidade que enobrecem a minha geração (com todo o orgulho) e justificam as palavras iniciais dessa postagem.

3 de dez. de 2008

RESULTADO DA PROVA OBJETIVA!!

Segundo nota publicada no site da Comperve, hoje, 03-12-2008, a partir das 18h, sairá o resultado da prova objetiva do Vestibular / 2009 da UFRN. Vamos ficar atentos e projetar as possibilidades para a segunda fase.
Boa sorte a todo mundo.
Cassildo.

1 de dez. de 2008

"O MELHOR VAI COMEÇAR"

Tenho recebido agradecimentos de vários alunos que prestaram o Vestibular / 2009. Surpreendemente, tenho recebido essas felicitações.
Quando falo em surpresa é porque, humildemente, se colaborei com alguma coisa, acho que não fiz mais do que minha obrigação enquanto professor comprometido com o aprendizado daqueles que confiam em mim. E até dos que não confiam. Evidentemente eu não serei hipócrita em refutar o reconhecimento e algum elogio porventura recebido. Mas acho que os candidatos que procuraram empenhar-se, renunciando horas prazerosas e de lazer, se o fizeram com o coração, é que merecem os elogios. Todos os que, de uma forma ou de outra, esforçaram-se, alguns até fazendo "milagre" para poder pagar as mensalidades de um cursinho pré-vestibular, são dignos de todas as considerações. Fazem-me lembrar os meus tempos de vestibulando em que nem a oportunidade de preparar-me numa instituição especializada eu tive. São heróis na acepção do termo, pessoas que não só sonham, mas que querem transformar essa busca em um ato concreto.
Fico feliz em receber palavras de carinho e de reconhecimento ao meu trabalho, após um início de incertezas e de dúvidas em relação à minha maneira de me portar na sala de aula. Nunca duvidei de mim mesmo, mas sei que as coisas devem caminhar conjuntamente. E quando os alunos, mesmo em minoria, nos dão algum apoio que seja, sentimo-nos muito mais motivados a realizar as tarefas que nos competem.
Quero dizer-lhes que o melhor ainda está por vir. Vocês agradecerão a si mesmos, daqui a alguns dias, quando o resultado for divulgado. E aí eu é que estarei agradecendo, comprovando que o esforço que todos empreenderam valeu a pena.
Vamos em frente, porque, como diria Guilherme Arantes, "O melhor vai começar". E não demora.

28 de nov. de 2008

QUESTÕES RESOLVIDAS - TÉCNICO SUBSEQÜENTE CEFET 2008.1

1. (CEFET/Téc. Subseqüente 2008.1) Em “Uma das grandes ambições do ser humano é encontrar meios de prolongar a vida.”, se, por exigências coesivas, houvesse a necessidade de substituirmos a expressão em destaque por um pronome, de acordo com a norma padrão do português padrão teríamos a construção
a) prolongar-lhe
b) prolonga-la
c) prolongá-la
d) prolongar ela

Questão que envolve regência verbal. O verbo prolongar é transitivo direto, então deve ser complementado por objeto direto. Os pronomes oblíquos que atuam nessa função são o, a, os e as, os quais, unindo-se ao infinitivo, ganham o acréscimo de l. Descartamos a letra “A”, pois lhe é objeto indireto. Também desconsideramos a letra “D”, porque ela é pronome reto e não pronome-oblíquo, não pode complementar verbo. Entre “B” e “C”, escolhemos a que apresenta o acento agudo no a. Resposta: letra “C”.

2. (CEFET/Téc. Subseqüente 2008.1) A opção que apresenta um trecho que faz uso da linguagem conotativa é
a) “A partir daí, os seres vivos passaram a envelhecer”
b) “Os seres mais primitivos, unicelulares, não envelhecem”
c) “Essa característica assegura a sobrevivência de seus genes”
d) “Quando Jesus Cristo veio ao mundo, o jequitibá já era um velho senhor”

A linguagem conotativa é baseada em sentidos figurados, ou seja, as palavras atuam com significação diferente da original. A alternativa que apresenta esse aspecto é a letra “D”, pois há uma figura chamada de personificação ou prosopopéia, uma vez que considera a palavra jequitibá como um ser animado, chamando-o de velho senhor.

3. (CEFET/Téc. Subseqüente 2008.1) O uso da palavra “assim” em “Um ser vivo permanece saudável enquanto suas células têm o poder de se dividir e, assim, se renovar” , nessa situação, aproxima-se do sentido produzido pelo uso de
a) entretanto. b) portanto.
c) por enquanto. d) no entanto.

A palavra assim expressa, nesse caso específico, idéia de conclusão. Poderia vir com idéia de modo, como no exemplo: Ele não gosta de trabalhar assim (desta maneira, deste modo). Expressando conclusão, ela só pode ser substituída pela palavra da alternativa “B” – portanto. Nas letras “A” e “D”, a idéia expressa pelas conjunções é de adversidade, oposição. Na letra “C”, a locução é adverbial e expressa sentido de temporalidade.

27 de nov. de 2008

QUESTÕES RESOLVIDAS UFRN / 2009 - II

1. (UFRN/2009) No folheto, constata-se uma ambigüidade intencional quanto ao emprego da palavra
A) ligação, que pode ser interpretada como combinação ou telefonema.
B) direção, que pode ser interpretada como volante ou orientação.
C) perigosa, que pode ser interpretada como arriscada ou deliberada.
D) celular, que pode ser interpretada como telefone ou tecnologia.

Mensagem do folheto: “Celular e direção: uma ligação perigosa”.

Ambigüidade ou duplo sentido, quando intencionais, são ótimos recursos estilísticos. Num texto publicitário, isso é bastante comum e causa efeitos interessantíssimos, atraindo a atenção do leitor.
Neste caso específico, a palavra ligação pode ser entendida como conexão ou como telefonema, dois vocábulos que se inserem no contexto do folheto. Portanto, a resposta é letra “A”. Nas demais alternativas, as palavras direção, perigosa e celular só podem ser interpretadas com um único sentido: o denotativo.

2. (UFRN/2009) Seria correta a substituição das formas verbais compostas tinha publicado (linha 4) e tinha experimentado (linha 5) pelas respectivas formas simples:
A) publicara e experimentara.
B) publicou e experimentara.
C) publicara e experimentou.
D) publicou e experimentou.

Resposta: letra “A”. As formas tinha publicado e tinha experimentado estão no tempo pretérito-mais-que-perfeito composto. Esse tempo verbal caracteriza-se por indicar uma ação passada que ocorreu antes de outra ação também no passado. Quando composto, aparece com os verbos auxiliares ter ou haver (caso específico da questão) e quando simples, aparece com a desinência modo-temporal ra. Exemplo:

Ele saíra de casa antes do assalto = Ele tinha/havia saído de casa antes do assalto. Observem que tanto o assalto como a saída do referente deram-se no passado. Caso de pretérito-mais-que-perfeito.

3. (UFRN/2009) Considerando-se a coesão textual estabelecida no fragmento e a obediência ao padrão culto da língua, a oração que, aparentemente, lhe era estranho (linha 3) poderia ser construída assim:
A) que o era, aparentemente, estranho.
B) que era-o, aparentemente, estranho.
C) que, aparentemente, era estranho a ela.
D) que, aparentemente, era estranho a ele.

O pronome oblíquo lhe sempre será utilizado com regência da preposição a. Ou seja, virá sempre complementando um verbo (VTI) ou um nome (CN). Neste caso, já descartamos as respostas das letras “A” e “B” que trazem o pronome oblíquo o, o qual, em oposição a lhe, deve ser utilizado sem preposição, após os VTDs.
Neste caso, a resposta é letra “D”, pois o pronome oblíquo em questão refere-se a Carlos Drummond de Andrade (equivalente ao pronome pessoal reto ele).

4. (UFRN/2009) A respeito dos termos sublinhados na terceira linha do fragmento, é correto afirmar:

Transcrição da terceira linha:

“...num terreno que, aparentemente, lhe era estranho?” Quando reuniu os contos que compõem este volume,..."

A) Exercem, respectivamente, estas funções sintáticas: adjunto adverbial e adjunto adnominal.
B) Exercem, respectivamente, estas funções sintáticas: adjunto adverbial e sujeito.
C) Ambos desempenham, do ponto de vista sintático, a mesma função: sujeito.
D) Ambos introduzem orações adjetivas, daí exercerem a mesma função: adjunto adnominal.

Os dois casos de que são de pronome relativo. Assim sendo, eles podem atuar também com funções sintáticas. Os pronomes relativos unem orações tornando-as um só período. No primeiro caso, que substitui a expressão um terreno, iniciando oração subordinada. Se inicia uma oração subordinada, esta poderia ser transformada para: Um terreno, aparentemente, lhe era estranho? Então o termo correspondente a que (um terreno) ocupa função de sujeito.
No segundo caso, acontece a mesma situação. O pronome que retoma o termo os contos. Vamos dividir o período em duas orações isoladas:

Quando reuniu os contos que compõem este volume,...

Primeira oração: Quando reuniu os contos,...
Segunda oração: Os contos compõem este volume

Observem que a expressão os contos passou a ocupar função de sujeito.

Portanto, nos dois casos, temos o sujeito como a função sintática de que. Resposta: letra "C".

24 de nov. de 2008

RESOLUÇÃO DE QUESTÕES UFRN 2009 (PRIMEIRA MÃO)

Para os meus queridos alunos segue a resolução de três questões da UFRN - Vestibular/2009, realizada hoje (2 º dia de provas):
1. (UFRN/2009) Observe, no balão inserido no folheto, a fala do motorista. A relação semântica que, de modo implícito, o segundo período mantém com o primeiro é a mesma que se estabelece entre os períodos desta opção:
A) Não esqueça o cinto de segurança. Não beba antes de dirigir.
B) O motorista tinha experiência. Não conseguiu evitar o acidente.
C) O motorista atropelou um pedestre. Prestou socorro à vítima.
D) Não buzine defronte a um hospital. Isso perturba os pacientes.

Reprodução da fala do motorista no balão:

“Está bem querida, vou desligar. Falar ao celular no trânsito sai muito caro”.

Esta é mais uma questão de período composto, que não traz nenhuma referência à classificação de orações. Na fala reproduzida acima, o segundo período mantém uma relação de explicação com o primeiro. Ou seja, poderíamos substituir o ponto por qualquer conjunção explicativa (porque, uma vez que, pois) que a relação semântica seria a correta. A única alternativa que também apresenta essa relação é a letra “D”. A explicação para não buzinar defronte a um hospital é que “isso perturba os pacientes”.

Nas demais alternativas, a colocação de uma conjunção explicativa tornaria incoerente essa relação. Na letra “A”, a relação é de acréscimo; na letra “B”, de oposição; e na letra “C”, pode ser de acréscimo ou de conclusão.


2. (UFRN/2009) A transcrição da fala do motorista na qual as vírgulas estão empregadas conforme o padrão culto da língua é:
A) Está bem, querida vou desligar. Falar ao celular no trânsito, sai muito caro!
B) Está bem, querida, vou desligar. Falar ao celular, no trânsito, sai muito caro!
C) Está bem querida, vou desligar. Falar ao celular no trânsito, sai muito caro!
D) Está bem querida, vou desligar. Falar ao celular, no trânsito sai muito caro!

Temos de analisar algumas questões. O uso do vocativo, por exemplo, exige obrigatoriedade de vírgula, então, o termo “querida” teria de ser marcado por esse sinal de pontuação. Se no início ou final, apenas uma vírgula; caso aparecesse de maneira intercalada, seriam duas vírgulas.
Por essa informação, já teríamos a letra “B” como sendo a resposta, já que o vocativo está intercalado (ou seja, no meio da oração). No segundo período da letra “B” o termo “no trânsito” classifica-se como adjunto adverbial intercalado (indica temporalidade) e, nesse caso, também deveria aparecer entre vírgulas. Quanto às demais alternativas, a letra “A” apresenta a falta de uma vírgula no primeiro período e no segundo período, ou deveria haver duas vírgulas ou nenhuma; as letras “C” e “D” apresentam o mesmo erro da “A”; e a letra “D”.

3. (UFRN/2009) No slogan CELULAR: Não Fale no Trânsito, uma característica da função conativa da linguagem é
A) a objetividade da informação transmitida.
B) a manutenção da sintonia entre a STTU e o público-alvo.
C) o esclarecimento da linguagem pela própria linguagem.
D) o emprego do verbo no modo imperativo.

Questão muito simples. Uma das marcas principais da função conativa é o emprego de verbos no imperativo. Lembre-se que a finalidade principal desse tipo de texto é referir-se ao leitor, tentando-o convencer sobre determinada ponto que se defende. Então, a forma verbal não fale estaria enquadrada nessa característica e, portanto, a resposta é a letra “D”.
Aguardem a publicação com a resposta das demais questões envolvendo a parte gramatical e de interpretação.

21 de nov. de 2008

UM ABRAÇO DE BOA SORTE

A todos que prestarão vestibular este final de semana (sendo meus alunos ou não) desejo, com toda a força de que sou capaz, uma prova bem-sucedida e a conseqüente aprovação. Vocês estão próximos a executar uma tarefa que não é tão simples, mas que também não deve ser encarada como um "monstro". Devem confiar no que buscaram, no que fizeram para que esse sonho comece a se transformar em realidade a partir de agora. Vamos à vitória, ela está próxima.
A concretização desse projeto se dará naturalmente. É um período de angústia, de incerteza, mas é uma época divisora de águas. Tudo, a partir de então, mudará na suas vidas e, certamente, para melhor. Então, permaneçam tranqüilos, com a consciência serena, pois aquilo que é nosso, ninguém pode tomar.
Um abraço sincero a todos aqueles que confiaram no meu trabalho, pois o apoio de vocês foi fundamental para que eu tivesse um reconhecimento que acontece aos poucos, sem pressa, sem excessos e com muita humildade para entender que somos homens e não máquinas, somos capazes de cometer equívocos, mas muito mais de consertá-los.
Confiem em Deus, em primeiro lugar, e na capacidade que vocês têm de superar etapas difíceis. Lembrem-se que qualquer batalha árdua se torna simples com a certeza de vencer. E não se esqueçam, ninguém está torcendo por vocês mais do que nós, profissionais encarregados de contribuir com o futuro profissional daqueles buscam viver com dignidade.
MUITA SORTE, MUITA PAZ, MUITO AMOR.
Professor Cassildo.

17 de nov. de 2008

QUESTÕES RESOLVIDAS UFRN / 2006

Seguem mais questões da UFRN com resolução.
01. (UFRN/2006). Considere o trecho:
“Entregaste e fizeste bem: outros pagaram com a vida a impaciência, a coragem ou até mesmo o medo [...].” (linhas 10 e 11)
No período acima, o apagamento dos dois-pontos implicará o uso de uma conjunção/locução conjuntiva a fim de explicitar a correta relação semântica que se estabelece entre as orações por eles interligadas.
Feita a substituição devida desse sinal de pontuação (sem que se altere o sentido original), o período deverá ser reescrito da seguinte forma:
A) Entregaste e fizeste bem, logo outros pagaram com a vida a impaciência, a coragem ou até mesmo o medo.
B) Entregaste e fizeste bem, assim como outros pagaram com a vida a impaciência, a coragem ou até mesmo o medo.
C) Entregaste e fizeste bem, porque outros pagaram com a vida a impaciência, a coragem ou até mesmo o medo.
D) Entregaste e fizeste bem, à medida que outros pagaram com a vida a impaciência, a coragem ou até mesmo o medo.

Resolução:

É uma questão simples. A oração que vêm após os dois pontos serve para explicar a anterior, portanto, a conjunção ou locução conjuntiva que cabe em seu lugar é de natureza explicativa. Resposta: letra “C”.
Na letra “A”, a conjunção logo expressa conclusão; na letra “B”, a locução assim como expressa comparação; e na letra “D”, a locução à medida que expressa proporcionalidade.

02. (UFRN/2006) Considere o trecho:
“É possível que o assaltante tenha dito, nunca ganhei dinheiro tão fácil”. (linhas 16 e 17) O período acima, se reestruturado sob a forma convencional de discurso indireto e se efetuada a correspondência adequada entre os tempos verbais, deverá ser reescrito da seguinte forma:
A) É possível que o assaltante tenha dito: “Nunca ganhei dinheiro tão fácil!”.
B) É possível que o assaltante tenha dito que nunca ganhava dinheiro tão fácil.
C) É possível que o assaltante tenha dito que: “Nunca ganhei dinheiro tão fácil!”.
D) É possível que o assaltante tenha dito que nunca ganhara dinheiro tão fácil.

O discurso indireto é aquela tipologia que se caracteriza por adaptar as falas dos personagens à fala do narrador. Isso sempre acontece com oração subordinada objetiva direta (aquela que sempre complementa verbos transitivos diretos. Verbos como falar, dizer, explicar, que são de elocução, estão incluídos nos transitivos diretos). Além disso, no discurso indireto, são excluídos os travessões e as aspas. Letras “A” e “C”, por isso, estão desgastadas. A letra “B” apresenta incoerência entre os tempos verbos (que nunca ganhava é incoerente em relação a tenha dito). Resposta é a letra “D”, a qual traz as formas verbais tenha dito e ganhara (equivalente a havia ganho) como coerentes entre si.

03. (UFRN/2006) Considere o trecho:
“Deixa-me dizer-te, antes de mais nada, que a tua indignação é absolutamente justa.”
(linhas 19 e 20)
Mudando-se de tu para você o tratamento dado ao destinatário da carta, o período, de acordo com o registro culto da língua escrita, deverá ser reformulado do seguinte modo:
A) Deixa-me dizê-lo, antes de mais nada, que a sua indignação é absolutamente justa.
B) Deixe-me dizer-lhe, antes de mais nada, que a sua indignação é absolutamente justa.
C) Deixa-me dizer-lhe, antes de mais nada, que a tua indignação é absolutamente justa.
D) Deixe-me dizê-lo, antes de mais nada, que a tua indignação é absolutamente justa.

Resolução:

É uma questão que envolve pronome e regência. Se o tratamento muda de tu para você, então o verbo passará para 3ª pessoa do singular. Descartam-se as letras “A” e “C”, cuja forma verbal deixa continua na 2ª pessoa do singular, e a letra “D”, cujo pronome tua também é 2ª pessoa do singular. Além disso, os pronomes oblíquos o, a, os e as funcionam como objeto direto (dizer o quê?); lhe e lhes funcionam como objeto indireto (neste caso, dizer a quem?). Dizer que admite as duas regências, ou seja, é um verbo que pode ser transitivo direto e indireto (ou bitransitivo). E só analisarmos conforme o esquema:

Deixe-me dizer (o quê?) que a tua indignação é absolutamente justa (O.D.)
Deixe-me dizer (a quem?) a você = lhe (O.I).

Portanto, a resposta é letra “B”, que apresenta coerência entre forma verbal e pronome, bem como apresenta o lhe substituindo corretamente o objeto indireto a você.

16 de nov. de 2008

QUESTÕES RESOLVIDAS SOBRE VOZ PASSIVA - UFRN/2005 E 2008

01. (UFRN/2005) Considere o trecho:

Deve-se botar trancas e alarmes nas portas, não em nossa mente. Deve-se repudiar o que fazem os bandidos, mas deve-se evitar o banditismo.” (linhas 29 e 30)

O elemento lingüístico se é partícula apassivadora nos três casos em que ocorre no trecho acima. Considerando essa informação, é correto afirmar, quanto às formas verbais em destaque e de acordo com o registro culto da língua escrita:
A) apenas as duas últimas formas verbais devem ser flexionadas no plural.
B) apenas a segunda forma verbal deve ser flexionada no plural.
C) apenas as duas primeiras formas verbais devem ser flexionadas no plural.
D) apenas a primeira forma verbal deve ser flexionada no plural.
Resolução:

Se o próprio enunciado afirma que se trata de voz passiva, então os verbos principais de todas as locuções que iniciam com deve-se, pelo menos presumidamente, são transitivos diretos e devem concordar com o termo a que se refere. Pela ordem, a primeira oração traz o sujeito trancas e alarmes que, além de ser composto, está com os elementos no plural. Assim, o correto seria: "Devem-se botar trancas e alarmes nas portas, não em nossa mente." Com essa demonstração, letras "A" e "B" estariam descartadas.
Analisando-se a segunda oração, a forma verbal deve-se está correta no singular, pois o termo seguinte "o que fazem os bandidos" é uma oração subordinada que está no lugar de sujeito e, como oração, o sujeito sempre fica no singular. O mesmo acontece com a terceira, configurando como resposta a letra "D".

02. (UFRN/2008) Na oração “[...] definia-se o incêndio.” (linha 2), a forma verbal está na voz passiva. A opção de resposta que também apresenta verbo na voz passiva é:
A) “Fizeram-se investigações policiais discretas [...]”
B) “Bebe-se para esquecer, para lembrar [...]”
C) “O chefe reservou-se um objetivo ambicioso [...]”
D) “Os homens entreolham-se, cautelosos [...]”


(Segmentos textuais extraídos de: ANDRADE, Carlos Drummond de. Contos de aprendiz. 48. ed. Rio de Janeiro: Record, 2004.)

Voz passiva determinada pela partícula "se" só pode ocorrer com verbos transitivos diretos e o verbo, por isso, deve concordar com o sujeito. É o que acontece em "[...] definia-se o incêndio." Definir é verbo transitivo direto (pede complemento - definia-se "o quê?") . Então, dizemos que há voz passiva pronominal. Se, por acaso, o termo incêndio fosse flexionado no plural "os incêndios", a oração correta seria "[...] definiam-se os incêndios." Ou seja, Os incêndios eram definidos.

Feita esta análise, vamos à resolução da questão.
Nas opções "C" e "D", apesar de termos verbos acompanhados de "se", nos dois casos existe reflexão e não passividade. Na letra "B", o verbo beber está como intransitivo e, portanto, já descarta a voz passiva. A resposta é a letra"A", em que temos caso idêntico à frase do enunciado: verbo transitivo direto, acompanhado da partícula "se", que pode converter a oração para a voz passiva verbal: "Fizeram-se investigações policiais discretas [...]" equivale a "Foram feitas investigações policiais discretas [...]". O sujeito sofre a ação, portanto, voz passiva.

QUESTÕES RESOLVIDAS - REPUBLICAÇÃO

Por ocasião da prova do Vestibular / 2009, republico aqui questões resolvidas do Processo Seletivo / 2007 UFRN, abordando período composto. Aguardem uma outra postagem com questões novas.
1. (UFRN 2007) Ocorre uma relação semântica de causa–conseqüência entre as orações que compõem o seguinte período:
A) “Não julgue o meu correspondente que os “sebos” as aceitem.”
B) “Onde o meu leitor poderá encontrá-las, se quer ter informações mais ou menos transbordantes de entusiasmo pago, é nas lojas de merceeiros [...].”
C) “Todos as aceitam e logo passam adiante, por meio de venda.”
D) “São tão mofinas, tão escandalosamente mentirosas, tão infladas de um otimismo de encomenda que ninguém as compra [...].”

Esse tipo de questão é característico da UFRN. Trata-se de período composto, embora essa nomenclatura praticamente não seja mais cobrada. O que se quer, na verdade, é medir o conhecimento do aluno sobre as relações existentes nos períodos. Assim, ao invés de se pedir para classificar as orações como subordinadas substantivas, adjetivas ou adverbiais, pede-se para que o candidato indique a relação expressa no segmento indicado: causa, conseqüência, dúvida, modo, função de adjetivo, função de substantivo, e assim por diante. Vejamos a resolução.

Consideraremos, em primeiro lugar, que a relação causa-conseqüência é indivisível: a causa sempre leva à conseqüência e a conseqüência tem sempre uma causa. Causa é o elemento motivador, provocador, enquanto a conseqüência é o resultado, o efeito provocado.
Na alternativa A, a oração subordinada "que os 'sebos' as aceitem" não expressa sentido, mas complementa semanticamente o verbo da oração principal (Não julgue o quê? - que os sebos as aceitem), então funciona como objeto direto, por isso está descartada;
Na alternativa B, a oração subordinada encontra-se intercalada (no meio do período, entre vírgulas) e expressa condição (a condição para obter-se informação de entusiasmo pago é ir às lojas dos marceeiros), portanto também está descartada;
Na letra C, o período é composto por coordenação (conjunção aditiva "e") e a relação causa-conseqüência é típica do período composto por subordinação, logo, não poderia ser a resposta;
A alternativa que resta e que constitui a resposta correta, letra D, apresenta claramente o binômio causa-conseqüencia: a causa é que “(as obras que a República manda editar) são tão mofinas, tão escandalosamente mentirosas, tão infladas de um otimismo de encomenda" e a conseqüencia, o resultado, o efeito de serem assim é "que ninguém as compra [...].”
Essa nomenclatura causa-conseqüência também poderia ser concebida como causa e efeito, bastante comum nas questões de vestibulares que envolvem período composto.

02. (UFRN/2007) A conjunção Contudo (linha 14) poderia ser substituída, sem alteração de sentido, por
A) Desse modo.
B) No entanto.
C) Além disso.
D) Assim sendo.

Questão muito simples de se resolver: Contudo é conjunção adversativa, ou seja, sempre indica uma oposição entre orações de um mesmo período (composto por coordenação). Assim, ela é semanticamente igual a mas, porém, todavia, no entanto e entretanto. Mas é preciso ter cuidado, pois esse conectivo (ou articulador sintático) não se assemelha a portanto, que indica conclusão e tem como sinônimos por isso, assim, logo, desse modo, então. Nesse caso, a alternativa claríssima é a letra B - No entanto.



Quanto às demais alternativas, Desse modo e Assim sendo indicam conclusão (o mesmo que portanto); Além disso indica adição, acréscimento ( correspondentes à clássica conjunção e).

14 de nov. de 2008

SUBTRAÇÃO (Cassildo Souza)

Sentir saudade fere, mas às vezes é bom
Talvez até supere estar presente
A sensação da falta ajuda a refletir
Sobre o mérito de coisas e pessoas.
Quando se perde, tudo se engrandece
Quando se tem, nada surpreende
A posse incita a letargia
A ausência faz-nos revelar a covardia.
Então nos perguntamos por que estávamos cegos
Diante de quem ora passa a ser imprescindível
Como tudo se transforma tão prontamente
Apenas por uma partida, a princípio, banal?
O arrepender-se pela não-ação
Consome em chamas vorazes
O bicho-da-consciência materializa-se
E tudo que era mediano
Chega a ser o elemento mais digno
De todos os lisonjeiros,
Mesmo que seja tarde
Mesmo que nada volte
Mesmo que adormeçamos.

12 de nov. de 2008

A EXALTAÇÃO DA HIPOCRISIA

Por Cassildo Souza

Hipocrisia: Falsa devoção, falsidade. Afetação de um sentimento que não se tem. Com alguns ajustes, essa é a definição do Aurélio para este vocábulo. Pois é. Na sociedade contemporânea é o que mais existe. Quantas pessoas não pregam aquilo que não cumprem! Quantas cobram aquilo que não são capazes de promover!

Começo falando por uma área que me é um tanto quanto peculiar. A Educação. São inúmeros os casos em que as pessoas que se dizem educadoras não pensam, nem de longe, no aluno em primeiro lugar. Antes vem a remuneração, a falta de compromisso e, se possível, a ocupação de um cargo que não tenha nada a ver com a sala de aula. Curiosamente, essas pessoas são as primeiras a brigarem pelos direitos, a fazerem greve, a não dialogarem. Mas, e o ensino? E melhoria de vida das crianças, que pode acontecer, caso o profissional se esforce o mínimo que seja? Só na teoria.

Entro agora no complicadíssimo ramo da política. Como aprende rapidamente a maioria das pessoas que se envolvem nesse grupo! Justificando o ditado popular “quem disso cuida disso usa”, esses agentes atacam os adversários, apontando os defeitos muitas vezes refletidos neles próprios, sugerindo soluções que eles mesmos não seriam capazes de concretizar e, ainda por cima, pregam que isso é em nome do povo. Pura Hipocrisia (com “H” maiúsculo, mesmo). Deixo a ressalva de que esse fato também não é generalizado, mas se propaga numa escala gigantesca.

E quanto aos pseudo-religiosos? Acho que reside, nessa vertente, a maior falta de exemplo que poderia existir, comparando-se aos outros segmentos já citados. Antecipando que não sou ateu (nem de longe), costumo observar pessoas que vivem dentro das igrejas (de diferentes doutrinas) pregando as mais belas atitudes e ações quando, na verdade, estão praticando exatamente o contrário de suas palavras. Disfarçam-se de missionários com o objetivo de demonstrar uma aparência mascarada, escondendo a face real da qual se revestem para, muitas vezes, ludibriar as pessoas menos esclarecidas.

Infelizmente, a hipocrisia virou moda. É muito mais aceitável ser politicamente correto e criticar apenas na ausência do que dizer cara a cara aquilo que se sente e que tanto incomoda. É muito mais viável fazer de conta que se trabalha com a desculpa infundada de que não se é valorizado do que realmente cumprir as obrigações do cargo atribuído. Entendo que o combate a tudo isso deve começar por cada um de nós, repudiando a retórica encantadora e artificial que, mais cedo ou mais tarde, acaba revelando a falsa ideologia dos adeptos da canalhice.

11 de nov. de 2008

A DOLOROSA HORA DE PARTIR

Cassildo Souza

Tem cuidado na ida,
Que o caminho é sinuoso
Precaução na hora da partida
Não vás pelo lado tortuoso
Anda na sombra, mas beija o sol também
Divisa o verso e o anverso
Separa o que falta do que está além.
Perdoa qualquer choro que te causei
A minha ausência deverá ser um alívio
Mas aqui estarei sempre a teu juízo
Dá notícia de tua nova vida
Ficarei ansioso por saber
Como vais, as tuas novas formas de viver
Tuas conquistas, longe agora de teu algoz
Entendo que tu vás
Compreendo o que almejas
Sei de teus sonhos que não podem acabar
Cresce, que ficarei te acompanhando
Mesmo longe, te terei sempre em mim
Fica do lado do bem, sempre
Em qualquer situação.
Adeus.

CAÇADORES DE SI

Caçador de Mim
Letra: Sérgio Magrão e Luis Carlos Sá

Por tanto amor, por tanta emoção
A vida me fez assim
Doce ou atroz, manso ou feroz.
Eu, caçador de mim

Preso a canções, entregue a paixões
Que nunca tiveram fim
Vou me encontrar longe do meu lugar.
Eu, caçador de mim

Nada a temer senão o correr da luta
Nada a fazer senão esquecer o medo
Abrir o peito a força, numa procura
Fugir às armadilhas da mata escura

Longe se vai sonhando demais,
Mas onde se chega assim
Vou descobrir o que me faz sentir.
Eu, caçador de mim.


Como diz a linda canção gravada, entre outros artistas, por Milton Nascimento, 14 BIS e Zé Ramalho, o ser humano vive procurando a si mesmo. É essa busca que motiva suplantar as barreiras que nos são colocadas adiante.
Quando procuramos melhorar de vida, ser boas pessoas e bons profissionais, mantendo um relacionamento harmonioso com os colegas, estamos buscando nos encontrarmos enquanto seres ao mesmo tempo racionais e contraditórios. Somos muito complexos e isso incita ainda mais a vivermos atrás das respostas que tanto nos "atormentam". Essa procura interior move-nos a viver com mais intensidade.
Acho que isso nunca pode acabar, sob pena de perdermos a vontade de continuar vivendo. Nunca saberemos totalmente o que nos faz tão espertos e tão ingênuos, tão sorridentes e tão enfurecidos, tão parecidos e tão diversos. E se nunca essas respostas virão de forma definitiva, sempre estaremos prontos para explorarmos as nossas próprias incertezas, na tentativa de elucidar pelo menos parte de nossos mistérios.
Somos os caçadores do próprio espírito, na intenção de acharmos luz para os nossos momentos mais obscuros, o que significa a prática mais legítima da evolução humana.

10 de nov. de 2008

PENA DE MORTE E MAIORIDADE PENAL: DOIS ASPECTOS POLÊMICOS

Por Cassildo Souza


Discutir o Código Penal Brasileiro já virou tradição, especialmente quando se observa com freqüência a prática de alguns crimes bárbaros. A sociedade, comovida por certas atrocidades, passa a se manifestar e desejar medidas drásticas de combate à violência, muito mais por um impulso revoltoso do que por uma convicção duradoura. A pena de morte e a maioridade penal sempre são os principais alvos da população, que as considera dois grandes passos para resolver nossos problemas.

Entendo que os dois aspectos não podem ser resumidos a um “sim” ou a um “não”. Não devemos discuti-los com radicalismo, achando que a sua implantação garantiria, de imediato, uma diminuição nos delitos cometidos em nossa sociedade. A pena de morte, por exemplo, requer uma análise minuciosa para que, em sendo colocada em prática, não ocorra injustiça (como já aconteceu em várias situações), considerando que nesse caso, uma condenação judicial equivocada causaria prejuízos irreversíveis. Além disso, existem controvérsias sobre a eficiência de tal prática punitiva, o que tornaria o assunto ainda mais carente de cuidados no seu tratamento. Alguns países que implantaram a pena de morte não diminuíram assustadoramente os seus crimes. Seria preciso, então, uma discussão madura e consciente até que se decidisse instituí-la ou não em nosso país.

Quanto à revisão da maioridade penal, a coisa não parece tão simples como pensamos, embora entenda esse debate como menos traumático. Sem fazer comparações, não seria uma decisão tão estranha, pois, embora já seja um lugar-comum, admito que a maioridade eleitoral demonstre conhecimento e consciência cidadã também em relação às sanções penais, por algum crime realizado. Mas o tema envolve a legislação infantil, amparada por documentos bem elaborados como o ECA (Estatuto da Criança e do Adolescente), o qual prevê uma série de definições para os termos “criança” e “adolescente”. Não seria tão natural proceder a tal modificação no Código Penal, pois provavelmente haveria manifestações contrárias à punição para pessoas com idade a partir de 16 anos.

Então, como se deve agir nos casos extremos de violência? Quando a população passa a buscar respostas nessas duas prováveis soluções, é porque não suporta mais presenciar e assistir pela TV a notícias que chocam todo o país. Assim, pensa em algo mais definitivo; na sua concepção, mais eficaz. Porém, a pergunta que devemos fazer é outra: Por que deixarmos que o combate à violência seja remediador e não preventivo? Se investíssemos mais em planejamento familiar, em educação e lazer ( e não adianta nos compararmos aos EUA), talvez não estivéssemos aqui discutindo pena de morte e maioridade penal. Como a aplicação de recursos não acontece satisfatoriamente nessas áreas, infelizmente vemo-nos obrigados a considerar outras possibilidades, o que deve ser feito com responsabilidade e consciência, pois tanto uma como outra alteração em nosso código penal exigiriam uma mudança de mentalidade que só poderia se concretizar gradativamente.

7 de nov. de 2008

A SINA DE SER ERRADO (Cassildo Souza)

Desavenças que perseguem
Erros que se acumulam
Mesmo que não se queiram
Descaminhos onde se passa
O faro do incorreto
Desatamento dos nós que se firmaram.
Derramamento de lamentações
Impotência do acerto
Simples equívocos inevitáveis
Uma linha que nunca se quebra
Uma estrada que nunca se rompe.
A sina de ser assim
É a sina de estar assim
Sempre buscando compreender
Por que não se alinhar
Por que ser tão perseguido
Pelo advento do erro
Pelo desconcerto do mundo.



6 de nov. de 2008

DIFERENÇAS COMPORTAMENTAIS (CASSILDO SOUZA)

Quem era você,
Tão simples, singela, inocente?
Agora bem diferente
Totalmente sem razão.
Mudou os seus conceitos
Rompeu com toda a vida
Tão minada, tão sofrida.
Quem era aquela menina,
Desprovida de idéias passionais
Sonhando em conquistar um mundo
De uma forma tão sincera.
Mera foi a coincidência
Esperando acontecer
Um milagre inexistente
Aguardando o perdão.
Você já não é mais o que esperei
Me enganei, porque mesmo quis
Ser ingênuo ao ponto máximo
De buscar a coerência
Ficando na imensidão
Desse tamanho vazio
Que me preenche por completo
Nessa hora de desilusão.

4 de nov. de 2008

COESÃO TEXTUAL

O menino que o pai trabalha na fábrica foi aprovado no Vestibular.

Magno foi à casa da tia de Magno. Chegando à casa da Tia de Magno, Magno disse que o pai de Magno gostaria de falar com a tia de Magno.

Perceba que, apesar de compreensíveis, os períodos acima não apresentam uma conexão adequada à boa comunicação. A repetição insistente faz o texto perder em organização e pode até mesmo dificulta a compreensão da mensagem.
Dizemos que falta a eles COESÃO TEXTUAL. Coesão é atração de um termo em relação ao outro, estabelecendo uma construção sem “excesso” ou “carência” de elementos. Com objetividade, mas também com clareza.
Para que se tenha COESÃO TEXTUAL, alguns recursos são necessários. Substituir as palavras, com termos semelhantes ou pronomes; utilizar conectivos; repetir para enfatizar; e, principalmente, observando-se as normas de concordância. Vejamos os exemplos:

I. Substituição : quando uma palavra, expressão ou pronome substitui outras anteriores:
(1) Diego não foi à aula ontem. Ele foi fazer um exame.
(2) Marcos estava irritado. O menino não queria fazer a lição.

II. Reiteração : quando se repetem formas no texto para dar ênfase. Acontece mais nos textos literários ou quando se quer reforçar uma informação importante. Às vezes a repetição acontece pelo sentido da palavra:
(3) - «E um beijo?! E um beijo do seu filhinho?!» - Quando dará beijos o meu menino?!
(Fialho de Almeida)
(4) O Brasil precisa de desenvolvimento, tem de buscar o desenvolvimento, deve visar somente ao desenvolvimento.

III. Conjunção : quando uma palavra, expressão ou oração se relaciona com outras antecedentes por meio de conectores gramaticais:
(4) O cão da Teresa desapareceu. A partir daí, não mais se sentiu segura.
(5) A partir do momento em que o seu cão desapareceu, (a Teresa) não mais se sentiu segura.

IV. Concordância : quando se obtém uma seqüência gramaticalmente lógica, em que todos os elementos concordam entre si (tempos e modos verbais correlacionados; regências verbais corretas, gênero gramatical corretamente atribuído, coordenação e subordinação entre orações):
(6) Cheguei, vi e venci.
(7) Primeiro vou lavar os dentes e depois vou para a cama.
(8) Espero que o teste corra bem.
(9) Esperava que o teste tivesse corrido bem.
(10) Estava muito cansado, porque trabalhei até tarde.

A CURVA QUE FALTOU

Só faltava uma curva. Menos de quinhentos metros. Aquele jovem que passou tantas dificuldades antes de ingressar na categoria mais prestigiada do automobilismo mundial, finalmente iria ganhar o tão sonhado título mundial de Fórmula 1. Tudo perfeito: pole position no sábado, vitória garantida na corrida, o Brasil inteiro torcendo pelo fim de um jejum de 17 anos sem esse resultado que o colocaria na história.
Mas, como diria um compositor brasileiro, "infelizmente nem tudo é exatamente como a gente quer". Parece que o destino é implacável. Como seria implacável com o Louis Hamilton, caso Felipe Massa fosse o campeão. Poderia ser nacionalismo radical dizer que ninguém merecia o título mais do que Massa, pois o piloto inglês também teve e tem seus méritos. Mas o trauma de perder um título que estava garantido até 500 metros da linha de chegada, principalmente pelas recentes falhas grotescas cometidas pela Ferrari, é um peso que nenhum esportista gostaria de conduzir nas costas.
As ironias existem e parecem nos deixar extáticos quando presenciamos casos com esse. Entretanto, não podemos ficar lamentando porque nosso representante sobressaiu em meio a tantos problemas que o perseguiram nesta temporada. Quem não lembra da antepenúltima corrida, em que por um excesso de preciosismo, a mangueira de abastecimento ficou "entalada" no tanque, empurrando o nosso representante para fora da zona de pontuação? Imaginemos se isso não acontecesse, matematicamente hoje seria campeão. Mesmo assim, continuou a mostrar o seu talento certeiro, contrariando alguns que ainda duvidavam dele. É um herói de qualquer maneira. Legítimo representante dos compatriotas, sempre combatido pelos descaminhos que lhes são impostos.
O Grande Prêmio do Brasil de 02 de novembro de 2008 ficará marcado como o dia em que seria e que não foi. Um detalhe, uma partícula, um jovem de 27 anos querendo colocar o seu país no lugar que merece no automobilismo mundial. Uma vitória arrasadora, incontestável, e que infelizmente não possibilitou o título. Foi insuficiente para o regulamento do Campeonato, mas foi perfeito para as pessoas que esperam dos atletas brasileiros a capacidade de driblar os obstáculos e contrariar todas as expectativas. Felipe Massa perdeu por uma curva, mas ganhou muitos adeptos para emplacar futuros desafios.

30 de out. de 2008

MEU MUNDO E NADA MAIS (Guilherme Arantes)

Quando eu fui ferido
Vi tudo mudar
Das verdades que eu sabia
Só sobraram restos
E eu não esqueci
Toda aquela paz que eu tinha

Eu que tinha tudo
Hoje estou mudo, estou mudado
À meia noite, à meia luz, pensando
Daria tudo por um modo de esquecer
Eu queria tanto
Estar no escuro do meu quarto
À meia noite, à meia luz, sonhando
Daria tudo por meu mundo e nada mais.

Não estou bem certo
Se ainda vou sorrir
Sem um travo de amargura
Como ser mais livre, como ser capaz
De enfrentar um novo dia

Eu que tinha tudo
Hoje estou mudo, estou mudado
À meia noite, à meia luz, pensando
Daria tudo por um modo de esquecer
Eu queria tanto
Estar no escuro do meu quarto
À meia noite, à meia luz, sonhando
Daria tudo por meu mundo e nada mais (BIS).

Discos com essa música: Guilherme Arantes, 1976. SIGLA/SomLivre; Meu Mundo e Tudo Mais ao Vivo, 1991. CBS/Sony; Maioridade, 1997. Globo/Polydor. Ao Vivo, 2000. PlayArte Music. Guilherme Arantes Ao Vivo, 2001. Sony/Epic. Intimidade, 2007. SomLivre/Coaxo de Sapo (BA).

29 de out. de 2008

REVISÃO PARA O VESTIBULAR / 2009

Na aula que iniciou a revisão para o Vestibular / 2009 (Redação), ontem à noite, vimos as diferenças entre as tipologias NARRATIVA, DESCRITIVA e DISSERTATIVA, bem como entre CARTA ARGUMENTATIVA e ARTIGO DE OPINIÃO.

Diferenciar os tipos e gêneros textuais é uma tarefa essencial para que se tenha consciência da modalidade de texto que está sendo construída. Vejamos alguns exemplos, diferentes daqueles que foram veiculados no Cursinho:

Trecho narrativo:
O objetivo principal do texto narrativo é relatar os acontecimentos em um determinado cenário, com personagens em ação, movimento. Um texto dessa natureza parte de um episódio central, o que dá substância a várias outras situações. É importante observar os discursos direto, indireto e indireto livre.

Toda a gente tinha achado estranha a maneira como o Capitão Rodrigo Camborá entrara na vida de Santa Fé. Um dia chegou a cavalo, vindo ninguém sabia de onde, com o chapéu de barbicacho puxado para a nuca, a bela cabeça de macho altivamente erguida e aquele seu olhar de gavião que irritava e ao mesmo tempo fascinava as pessoas. Devia andar lá pelo meio da casa dos trinta, montava num alazão, trazia bombachas claras, botas com chilenas de prata e o busto musculoso apertado num dólmã militar azul, com gola vermelha e botões de metal.
Um certo capitão Rodrigo – Érico Veríssimo)

Trecho dissertativo:
A finalidade do texto de natureza dissertativa é expressar uma opinião sobre determinado assunto. Por isso, deve-se apoiar em argumentos consistentes e imparciais, mesmo quando o seu autor é capaz de deixar claro o seu posicionamento.

Vejo o mundo caminhando para um abismo. É preciso que todos os povos se unam, a fim de recuperar o respeito à natureza e ao ser humano, a valorização às coisas mais simples e resgatar o sentimento coletivo, para que todos possam sair ganhando, como se fossem uma única nação.

Trecho descritivo: Descrever é retratar com palavras aquilo que se observou (de forma objetiva) ou aquilo que se imaginou (descrição subjetiva). Desse modo, os adjetivos são valorizados e indicam as características dos substantivos, especificando-os.

Mãos pálidas, suor frio, testa franzida, pernas tremendo. Foi assim que a assustada moça recebeu a visita daquele médico jovem, principiante, ansioso para "decolar" na profissão.

Ainda foi trabalhado o duplo sentido casual e intencional. Este é bastante utilizado nas peças publicitárias.
Houve, em uma certa época, campanha da Topic fazendo alusão à Besta (modelos similares), utilizando-se o sentido mais pejorativo da palavra. A ambigüidade ou duplo sentido foi o recurso estilístico escolhido para causar efeito ao telespectador. Era basicamente assim.

Topic. Como se vê, nosso concorrente é "uma besta". (sentido de tolo, otário, sem expressão).

Mas existem os casos em que a ambigüidade constitui erro na construção do texto, o que compromete muito a sua compreensão. Exemplo:

O professor discutia com o aluno a respeito de sua postura na sala de aula.

Não há como saber se a discussão era sobre a postura do aluno ou do professor. Casos como esses prejudicam muito a avaliação do texto, pois não se sabe a quem é atribuída determinada informação.

TRIBUTO (GUILHERME ARANTES)

Eu queria que você soubesse que pra mim não existe diferença de cor
Tudo que ainda trago no peito engasgado sobre preconceito e "raça superior"
Desde pequeno eu escutava, calado, as façanhas do mito ariano , opressor
Homens na sala , meu tio depositando as armas na estante ,
me enchendo de pavor...
As inocentes piadas infames de negros, judeus, muçulmanos, orientais ,índios e latinos
Como se não fossemos também genes misturados...
Como se não fossemos também discriminados
Mesmo sem saber , mesmo sem querer nem saber ,
Mesmo inconscientemente vivendo numa redoma de ilusão ...
Me feria ver um mundo apartado em guetos
Algo me dizia que eu não via futuro
Favelas , distritos , conflitos , o bairro dos ricos
o ovo da serpente e a semente do mal
Culto ao fascismo , fascínio do nazismo , Hitler , Stalin , Mussolini ,
Franco e Salazar , e todos os tiranos de qualquer lugar...
Fizeram a história aprendida na escola ...
E quase que passou em branco o Quilombo de Palmares , saga de Zumbi,
Aprendemos mais (a) Guerra do Paraguai ,
Chacina , assassinato, nódoa que não sai .
Enquanto isso, Repórter Esso, Martin Luther King
E o rei, Cassius Clay
Eu ví as lutas todas, round por round, nocaute por nocaute
Muhammad Ali ...
Por aqui... era enrustido ...hipocrisia pura - a lenda do povo cordial
Ainda bem que tudo mudou ( e ) tinha que mudar
Meu país – o último da fila da abolição, o primeiro da classe em miscigenação...
Hoje eu consigo entender porque estrangeiros me fazem, sempre, estranhas perguntas :
Where are you from ? - Are you an Afghan ? – Are you from Pakistan ?
E sinto na pele o que querem dizer …
Deve ser a minha herança indígena no sangue , na cara , na pele vermelha
Dourada de sol , o sol do Brasil ,
Onde as mulheres são lindas e tardam a envelhecer...
Eu preciso fazer um tributo a você, a todos os amigos de todas as cores
Que me quiseram bem , que me fizeram ser o que sou
E desprezar a discriminação
Ídolos da minha mocidade foram, são e serão...
Ray Charles , Chuck Berry , Little Richard
Otis Reding ,Jimmy Hendrix , Bob Marley
Stevie Wonder , Marvin Gaye , Sly & the Family Stone ,
Kool and The Gang ..
E por aqui , também , Jorge Ben – ou melhor , Benjor
Milton , Tim Maia , Baden e Gil .

ARANTES, Guilherme. Tributo (Cena de Cinema). in Lótus: SomLivre/Coaxo de Sapo: SP/BA, 2007.

22 de out. de 2008

COMO EU QUERIA (CASSILDO SOUZA)

Como eu queria romper esse silêncio
Essa cratera que há entre nós!
Como eu queria dizer a verdade
De uma vez por todas sem maiores traumas!
Como eu queria entender os porquês
Compreender os senãos, desvendar o talvez!
Como eu queria mesmo ser culpado
Para fazer jus a esse injusto castigo!
Como eu queria apagar o passado
E fazer de conta que tudo é de novo!
Como eu queria ser menos sensível,
Menos frágil, intangível!
Como eu queria não ter ingressado
Nessa dimensão sem saber o que era!
Como eu queria ter dito o que quis
Sem nenhum medo, ser bem mais real!
Como eu queria ter visto o sol
Mesmo que já se pusesse!
Como eu queria que tudo que houve
Fosse como eu queria!

MODELOS DE ARTIGO DE OPINIÃO E CARTA ARGUMENTATIVA



MODELO DE ARTIGO DE OPINIÃO



MODELO DE CARTA ARGUMENTATIVA

PERGUNTAS E RESPOSTAS SOBRE TEXTOS DISSERTATIVOS

O que é um texto dissertativo-argumentativo?

É um texto que tem como base principal a opinião expressa através de argumentos. Os gêneros dessa natureza são os preferidos dos vestibulares. Compreende a DISSERTAÇÃO-ARGUMENTATIVA (que é uma abordagem mais geral), o ARTIGO DE OPINIÃO e A CARTA ARGUMENTATIVA. Os dois últimos passaram a ser bastante utilizados nos processos seletivos e são abordagens mais específicas.Desde 1998, o texto escolhido pelo ENEM é a DISSERTAÇÃO ARGUMENTATIVA EM PROSA (ou TEXTO ARGUMENTATIVO, ou, ainda, TEXTO DISSERTATIVO ARGUMENTATIVO).

Qual a diferença entre artigo de opinião e carta argumentativa?

A diferença entre eles, além da estrutural, está na função comunicativa de cada um. Enquanto um artigo é feito pensando-se em vários leitores, sem um direcionamento específico, a carta-argumentativa é produzida com um destinatário certo, conhecido. Por isso, as manifestações da linguagem são diferentes para cada um. A carta constitui uma espécie de diálogo entre emissor e receptor.

Quantos parágrafos deve conter um texto de natureza dissertativa?

A maioria dos alunos acha que um texto de cunho dissertativo só deva ter três parágrafos, o que é erro. Pode ter a partir de três, compondo a estrutura introdução, desenvolvimento e conclusão, mas se considerarmos que o desenvolvimento poderá apresentar mais de um parágrafo, esse número varia. Tudo depende da maneira como o candidato organiza suas idéias na introdução.

Que temas provavelmente cairão na redação do ENEM / 2010 e vestibulares / 2011?

A variedade de temas é muito grande. Algumas universidades tendem a cobrar mais alguns assuntos do que outros. Geralmente, aqueles que interessam à sociedade são os preferidos pelas bancas, especialmente UFRN, UFCG e UFPB. O importante é estar informado sobre tudo e preparado para seja qual for o tema escolhido. A FUVEST, por exemplo, escolhe temas bastante abstratos como a amizade. Nos tópicos deste blog (lado direito) há uma lista de assuntos que podem ser objeto do vestibular / 2011.

Que construções devem ser evitadas no desenvolvimento do texto?

Um dos aspectos avaliados pelos vestibulares é a originalidade do texto. Portanto, devem-se evitar expressões já conhecidas como “Desde os primórdios da humanidade”, “venho por meio desta”, “portanto, concluímos que”. Lembre-se de que o texto é seu e, logo, as palavras devem ser suas.

Qual a importância do título nas redações de vestibular?

Depende muito da banca. Tem-se observado que a falta do título numa DISSERTAÇÃO não influi na avaliação, mas no caso do ARTIGO, o título faz parte da formatação. Se o vestibular exigir o título, coloque-o, pois, nesse caso, a banca considera-o importante para a estrutura do texto. E não confunda TEMA com TÍTULO: enquanto aquele diz, respeito grosso modo, ao assunto, este é atribuído pelo aluno e funciona como um tipo de manchete para o que será tratado.

O que faz zerar a redação no concurso vestibular?

Fugir do tema ou do gênero textual, ou ainda se apresentar totalmente incompreensível. Por exemplo, se é solicitada uma carta argumentativa e o candidato produz um artigo de opinião, a redação não será considerada. Outro erro que faz eliminar o candidato é assinar a DISSERTAÇÃO com nome próprio.

Qual a estratégia mais eficiente para se melhorar em redação?

É quase pretensão dizer que alguém já esgotou as dúvidas em redação. Trata-se de um processo contínuo, em que a leitura é um fator preponderante. Mas essa leitura precisa ser acompanhada de uma prática e deve ser realizada com consciência, pois o mau leitor dificilmente conseguirá ser um bom redator. Tudo precisa começar na escola, desde os primeiros anos de estudo.

Que tipos de texto devem ser lidos?

A variedade de gêneros ajuda muito, mas o conteúdo precisa ser consistente, precisa haver informações úteis e estrutura bem organizada. Podem-se ler textos jornalísticos, literários, charges, quadrinhos, tirinhas, etc. O importante é o contato constante com as palavras.

É errado utilizar exemplos para ilustrar os argumentos?

Não é errado, mas se os exemplos ilustram, eles hão de ser considerados acessórios e não principais. Não deve haver exagero. Encher o texto de exemplos, sem nenhuma relação contextual, prejudica mais do que ajuda na redação. O exagero não pode ser a marca registrada, deve haver equilíbrio, como tudo que se faz em nossa vida.

O que fazer, caso erre uma palavra e queira corrigi-la?

A maioria das universidades orienta que seja riscada a palavra errada e colocada entre parênteses. Em seguida, o aluno deve escrever o vocábulo corrigido. Mas é bom deixar claro que isso não faz tanta diferença assim na hora de se avaliar o texto.

Alguns mitos que precisam ser desfeitos

Alguns candidatos se preocupam mais do que o normal quanto à formatação do texto. Por exemplo, o fato de se esquecer a data numa carta argumentativa ou o título no artigo não prejudica tanto como se pensa, o texto é analisado como um todo e casos desse tipo não influenciam na opinião do aluno.

Outro fator que não deve ser superestimado é a rasura ou letra feia. Para a banca, o importante é haver compreensão e todos sabem da dificuldade que é escrever sob pressão. Não é como pegar a proposta, levar para casa e depois de uns dias entregá-la. Tudo tem de ser naquela hora e isso, é claro, não é uma situação corriqueira.

A expressão "no registro culto da língua" faz os vestibulandos pensarem que devem utilizar as palavras mais complexas do dicionário. Outro pensamento equivocado. Apenas se orienta que o candidato não cometa erros gramaticais e evite coloquialismos. A escolha das palavras é altamente subjetiva, é de autonomia de quem escreve o texto.

Dúvidas respondidas pelo professor de Língua Portuguesa e Redação, Cassildo Souza, autor do blog.