1 de jul. de 2008

AVERSÃO (CASSILDO SOUZA)

Às vezes me dá a impressão
De que todos se voltaram contra mim
Fico cego, não vejo ninguém
Sou o uno, sem diálogo
Sou sozinho, abominável.
Minha língua não se entende
Minha lida se comprime
Minha vida se dispersa
Sou quase inexistente.
Quando me julgam improcedente
Sou ousado sem saber
Sou usado sem querer
Todos estão revoltados
O culpado tem que se achar
Serei eu, sempre eu, sempre o meu “eu”
Serei massacrado, merecerei
Serei execrado, não saberei
Por que e onde encontrar solução
Minha paz não é a mesma
De quando pensei não ser tão odiado
Mesmo que temporariamente.
Não há importância
Na vida tudo passa, não é assim?
Farei de conta nada existir
Mesmo com a inevitável consciência
De que uma avalanche me aguarda.

3 comentários:

Jamerson Izaque Widller disse...

Cassildo, esse poema representa realmente a sua perspectiva diante das coisas que estão à sua volta?
Achei muito pra baixo. Completamente diferente do que você muitas vezes passa aos seus alunos.
Acredito, então, que é exatamente por isso que a grandeza de um poema é inquestionável.
Valeuz cara.

CASSILDO SOUZA disse...

Jamerson, como dizia Fernando Pessoa, "o poeta é um fingidor". Mas, às vezes, há traços autobiográficos nossos. Não significa que sejamos assim o tempo. O poema representa, muitas vezes, um momento vivido, que fica registrado na escrita. Todos temos momentos de "deprê", superáveis justamente pela possibilidade de contatos com outras pessoas.
Obrigado, cara, vou tentar atualizar o blog sempre que possível.

CASSILDO SOUZA disse...

Desconsiderem o "autobiográficos nossos", eu fui redudante, ahahahaha.