28 de nov. de 2008

QUESTÕES RESOLVIDAS - TÉCNICO SUBSEQÜENTE CEFET 2008.1

1. (CEFET/Téc. Subseqüente 2008.1) Em “Uma das grandes ambições do ser humano é encontrar meios de prolongar a vida.”, se, por exigências coesivas, houvesse a necessidade de substituirmos a expressão em destaque por um pronome, de acordo com a norma padrão do português padrão teríamos a construção
a) prolongar-lhe
b) prolonga-la
c) prolongá-la
d) prolongar ela

Questão que envolve regência verbal. O verbo prolongar é transitivo direto, então deve ser complementado por objeto direto. Os pronomes oblíquos que atuam nessa função são o, a, os e as, os quais, unindo-se ao infinitivo, ganham o acréscimo de l. Descartamos a letra “A”, pois lhe é objeto indireto. Também desconsideramos a letra “D”, porque ela é pronome reto e não pronome-oblíquo, não pode complementar verbo. Entre “B” e “C”, escolhemos a que apresenta o acento agudo no a. Resposta: letra “C”.

2. (CEFET/Téc. Subseqüente 2008.1) A opção que apresenta um trecho que faz uso da linguagem conotativa é
a) “A partir daí, os seres vivos passaram a envelhecer”
b) “Os seres mais primitivos, unicelulares, não envelhecem”
c) “Essa característica assegura a sobrevivência de seus genes”
d) “Quando Jesus Cristo veio ao mundo, o jequitibá já era um velho senhor”

A linguagem conotativa é baseada em sentidos figurados, ou seja, as palavras atuam com significação diferente da original. A alternativa que apresenta esse aspecto é a letra “D”, pois há uma figura chamada de personificação ou prosopopéia, uma vez que considera a palavra jequitibá como um ser animado, chamando-o de velho senhor.

3. (CEFET/Téc. Subseqüente 2008.1) O uso da palavra “assim” em “Um ser vivo permanece saudável enquanto suas células têm o poder de se dividir e, assim, se renovar” , nessa situação, aproxima-se do sentido produzido pelo uso de
a) entretanto. b) portanto.
c) por enquanto. d) no entanto.

A palavra assim expressa, nesse caso específico, idéia de conclusão. Poderia vir com idéia de modo, como no exemplo: Ele não gosta de trabalhar assim (desta maneira, deste modo). Expressando conclusão, ela só pode ser substituída pela palavra da alternativa “B” – portanto. Nas letras “A” e “D”, a idéia expressa pelas conjunções é de adversidade, oposição. Na letra “C”, a locução é adverbial e expressa sentido de temporalidade.

27 de nov. de 2008

QUESTÕES RESOLVIDAS UFRN / 2009 - II

1. (UFRN/2009) No folheto, constata-se uma ambigüidade intencional quanto ao emprego da palavra
A) ligação, que pode ser interpretada como combinação ou telefonema.
B) direção, que pode ser interpretada como volante ou orientação.
C) perigosa, que pode ser interpretada como arriscada ou deliberada.
D) celular, que pode ser interpretada como telefone ou tecnologia.

Mensagem do folheto: “Celular e direção: uma ligação perigosa”.

Ambigüidade ou duplo sentido, quando intencionais, são ótimos recursos estilísticos. Num texto publicitário, isso é bastante comum e causa efeitos interessantíssimos, atraindo a atenção do leitor.
Neste caso específico, a palavra ligação pode ser entendida como conexão ou como telefonema, dois vocábulos que se inserem no contexto do folheto. Portanto, a resposta é letra “A”. Nas demais alternativas, as palavras direção, perigosa e celular só podem ser interpretadas com um único sentido: o denotativo.

2. (UFRN/2009) Seria correta a substituição das formas verbais compostas tinha publicado (linha 4) e tinha experimentado (linha 5) pelas respectivas formas simples:
A) publicara e experimentara.
B) publicou e experimentara.
C) publicara e experimentou.
D) publicou e experimentou.

Resposta: letra “A”. As formas tinha publicado e tinha experimentado estão no tempo pretérito-mais-que-perfeito composto. Esse tempo verbal caracteriza-se por indicar uma ação passada que ocorreu antes de outra ação também no passado. Quando composto, aparece com os verbos auxiliares ter ou haver (caso específico da questão) e quando simples, aparece com a desinência modo-temporal ra. Exemplo:

Ele saíra de casa antes do assalto = Ele tinha/havia saído de casa antes do assalto. Observem que tanto o assalto como a saída do referente deram-se no passado. Caso de pretérito-mais-que-perfeito.

3. (UFRN/2009) Considerando-se a coesão textual estabelecida no fragmento e a obediência ao padrão culto da língua, a oração que, aparentemente, lhe era estranho (linha 3) poderia ser construída assim:
A) que o era, aparentemente, estranho.
B) que era-o, aparentemente, estranho.
C) que, aparentemente, era estranho a ela.
D) que, aparentemente, era estranho a ele.

O pronome oblíquo lhe sempre será utilizado com regência da preposição a. Ou seja, virá sempre complementando um verbo (VTI) ou um nome (CN). Neste caso, já descartamos as respostas das letras “A” e “B” que trazem o pronome oblíquo o, o qual, em oposição a lhe, deve ser utilizado sem preposição, após os VTDs.
Neste caso, a resposta é letra “D”, pois o pronome oblíquo em questão refere-se a Carlos Drummond de Andrade (equivalente ao pronome pessoal reto ele).

4. (UFRN/2009) A respeito dos termos sublinhados na terceira linha do fragmento, é correto afirmar:

Transcrição da terceira linha:

“...num terreno que, aparentemente, lhe era estranho?” Quando reuniu os contos que compõem este volume,..."

A) Exercem, respectivamente, estas funções sintáticas: adjunto adverbial e adjunto adnominal.
B) Exercem, respectivamente, estas funções sintáticas: adjunto adverbial e sujeito.
C) Ambos desempenham, do ponto de vista sintático, a mesma função: sujeito.
D) Ambos introduzem orações adjetivas, daí exercerem a mesma função: adjunto adnominal.

Os dois casos de que são de pronome relativo. Assim sendo, eles podem atuar também com funções sintáticas. Os pronomes relativos unem orações tornando-as um só período. No primeiro caso, que substitui a expressão um terreno, iniciando oração subordinada. Se inicia uma oração subordinada, esta poderia ser transformada para: Um terreno, aparentemente, lhe era estranho? Então o termo correspondente a que (um terreno) ocupa função de sujeito.
No segundo caso, acontece a mesma situação. O pronome que retoma o termo os contos. Vamos dividir o período em duas orações isoladas:

Quando reuniu os contos que compõem este volume,...

Primeira oração: Quando reuniu os contos,...
Segunda oração: Os contos compõem este volume

Observem que a expressão os contos passou a ocupar função de sujeito.

Portanto, nos dois casos, temos o sujeito como a função sintática de que. Resposta: letra "C".

24 de nov. de 2008

RESOLUÇÃO DE QUESTÕES UFRN 2009 (PRIMEIRA MÃO)

Para os meus queridos alunos segue a resolução de três questões da UFRN - Vestibular/2009, realizada hoje (2 º dia de provas):
1. (UFRN/2009) Observe, no balão inserido no folheto, a fala do motorista. A relação semântica que, de modo implícito, o segundo período mantém com o primeiro é a mesma que se estabelece entre os períodos desta opção:
A) Não esqueça o cinto de segurança. Não beba antes de dirigir.
B) O motorista tinha experiência. Não conseguiu evitar o acidente.
C) O motorista atropelou um pedestre. Prestou socorro à vítima.
D) Não buzine defronte a um hospital. Isso perturba os pacientes.

Reprodução da fala do motorista no balão:

“Está bem querida, vou desligar. Falar ao celular no trânsito sai muito caro”.

Esta é mais uma questão de período composto, que não traz nenhuma referência à classificação de orações. Na fala reproduzida acima, o segundo período mantém uma relação de explicação com o primeiro. Ou seja, poderíamos substituir o ponto por qualquer conjunção explicativa (porque, uma vez que, pois) que a relação semântica seria a correta. A única alternativa que também apresenta essa relação é a letra “D”. A explicação para não buzinar defronte a um hospital é que “isso perturba os pacientes”.

Nas demais alternativas, a colocação de uma conjunção explicativa tornaria incoerente essa relação. Na letra “A”, a relação é de acréscimo; na letra “B”, de oposição; e na letra “C”, pode ser de acréscimo ou de conclusão.


2. (UFRN/2009) A transcrição da fala do motorista na qual as vírgulas estão empregadas conforme o padrão culto da língua é:
A) Está bem, querida vou desligar. Falar ao celular no trânsito, sai muito caro!
B) Está bem, querida, vou desligar. Falar ao celular, no trânsito, sai muito caro!
C) Está bem querida, vou desligar. Falar ao celular no trânsito, sai muito caro!
D) Está bem querida, vou desligar. Falar ao celular, no trânsito sai muito caro!

Temos de analisar algumas questões. O uso do vocativo, por exemplo, exige obrigatoriedade de vírgula, então, o termo “querida” teria de ser marcado por esse sinal de pontuação. Se no início ou final, apenas uma vírgula; caso aparecesse de maneira intercalada, seriam duas vírgulas.
Por essa informação, já teríamos a letra “B” como sendo a resposta, já que o vocativo está intercalado (ou seja, no meio da oração). No segundo período da letra “B” o termo “no trânsito” classifica-se como adjunto adverbial intercalado (indica temporalidade) e, nesse caso, também deveria aparecer entre vírgulas. Quanto às demais alternativas, a letra “A” apresenta a falta de uma vírgula no primeiro período e no segundo período, ou deveria haver duas vírgulas ou nenhuma; as letras “C” e “D” apresentam o mesmo erro da “A”; e a letra “D”.

3. (UFRN/2009) No slogan CELULAR: Não Fale no Trânsito, uma característica da função conativa da linguagem é
A) a objetividade da informação transmitida.
B) a manutenção da sintonia entre a STTU e o público-alvo.
C) o esclarecimento da linguagem pela própria linguagem.
D) o emprego do verbo no modo imperativo.

Questão muito simples. Uma das marcas principais da função conativa é o emprego de verbos no imperativo. Lembre-se que a finalidade principal desse tipo de texto é referir-se ao leitor, tentando-o convencer sobre determinada ponto que se defende. Então, a forma verbal não fale estaria enquadrada nessa característica e, portanto, a resposta é a letra “D”.
Aguardem a publicação com a resposta das demais questões envolvendo a parte gramatical e de interpretação.

21 de nov. de 2008

UM ABRAÇO DE BOA SORTE

A todos que prestarão vestibular este final de semana (sendo meus alunos ou não) desejo, com toda a força de que sou capaz, uma prova bem-sucedida e a conseqüente aprovação. Vocês estão próximos a executar uma tarefa que não é tão simples, mas que também não deve ser encarada como um "monstro". Devem confiar no que buscaram, no que fizeram para que esse sonho comece a se transformar em realidade a partir de agora. Vamos à vitória, ela está próxima.
A concretização desse projeto se dará naturalmente. É um período de angústia, de incerteza, mas é uma época divisora de águas. Tudo, a partir de então, mudará na suas vidas e, certamente, para melhor. Então, permaneçam tranqüilos, com a consciência serena, pois aquilo que é nosso, ninguém pode tomar.
Um abraço sincero a todos aqueles que confiaram no meu trabalho, pois o apoio de vocês foi fundamental para que eu tivesse um reconhecimento que acontece aos poucos, sem pressa, sem excessos e com muita humildade para entender que somos homens e não máquinas, somos capazes de cometer equívocos, mas muito mais de consertá-los.
Confiem em Deus, em primeiro lugar, e na capacidade que vocês têm de superar etapas difíceis. Lembrem-se que qualquer batalha árdua se torna simples com a certeza de vencer. E não se esqueçam, ninguém está torcendo por vocês mais do que nós, profissionais encarregados de contribuir com o futuro profissional daqueles buscam viver com dignidade.
MUITA SORTE, MUITA PAZ, MUITO AMOR.
Professor Cassildo.

17 de nov. de 2008

QUESTÕES RESOLVIDAS UFRN / 2006

Seguem mais questões da UFRN com resolução.
01. (UFRN/2006). Considere o trecho:
“Entregaste e fizeste bem: outros pagaram com a vida a impaciência, a coragem ou até mesmo o medo [...].” (linhas 10 e 11)
No período acima, o apagamento dos dois-pontos implicará o uso de uma conjunção/locução conjuntiva a fim de explicitar a correta relação semântica que se estabelece entre as orações por eles interligadas.
Feita a substituição devida desse sinal de pontuação (sem que se altere o sentido original), o período deverá ser reescrito da seguinte forma:
A) Entregaste e fizeste bem, logo outros pagaram com a vida a impaciência, a coragem ou até mesmo o medo.
B) Entregaste e fizeste bem, assim como outros pagaram com a vida a impaciência, a coragem ou até mesmo o medo.
C) Entregaste e fizeste bem, porque outros pagaram com a vida a impaciência, a coragem ou até mesmo o medo.
D) Entregaste e fizeste bem, à medida que outros pagaram com a vida a impaciência, a coragem ou até mesmo o medo.

Resolução:

É uma questão simples. A oração que vêm após os dois pontos serve para explicar a anterior, portanto, a conjunção ou locução conjuntiva que cabe em seu lugar é de natureza explicativa. Resposta: letra “C”.
Na letra “A”, a conjunção logo expressa conclusão; na letra “B”, a locução assim como expressa comparação; e na letra “D”, a locução à medida que expressa proporcionalidade.

02. (UFRN/2006) Considere o trecho:
“É possível que o assaltante tenha dito, nunca ganhei dinheiro tão fácil”. (linhas 16 e 17) O período acima, se reestruturado sob a forma convencional de discurso indireto e se efetuada a correspondência adequada entre os tempos verbais, deverá ser reescrito da seguinte forma:
A) É possível que o assaltante tenha dito: “Nunca ganhei dinheiro tão fácil!”.
B) É possível que o assaltante tenha dito que nunca ganhava dinheiro tão fácil.
C) É possível que o assaltante tenha dito que: “Nunca ganhei dinheiro tão fácil!”.
D) É possível que o assaltante tenha dito que nunca ganhara dinheiro tão fácil.

O discurso indireto é aquela tipologia que se caracteriza por adaptar as falas dos personagens à fala do narrador. Isso sempre acontece com oração subordinada objetiva direta (aquela que sempre complementa verbos transitivos diretos. Verbos como falar, dizer, explicar, que são de elocução, estão incluídos nos transitivos diretos). Além disso, no discurso indireto, são excluídos os travessões e as aspas. Letras “A” e “C”, por isso, estão desgastadas. A letra “B” apresenta incoerência entre os tempos verbos (que nunca ganhava é incoerente em relação a tenha dito). Resposta é a letra “D”, a qual traz as formas verbais tenha dito e ganhara (equivalente a havia ganho) como coerentes entre si.

03. (UFRN/2006) Considere o trecho:
“Deixa-me dizer-te, antes de mais nada, que a tua indignação é absolutamente justa.”
(linhas 19 e 20)
Mudando-se de tu para você o tratamento dado ao destinatário da carta, o período, de acordo com o registro culto da língua escrita, deverá ser reformulado do seguinte modo:
A) Deixa-me dizê-lo, antes de mais nada, que a sua indignação é absolutamente justa.
B) Deixe-me dizer-lhe, antes de mais nada, que a sua indignação é absolutamente justa.
C) Deixa-me dizer-lhe, antes de mais nada, que a tua indignação é absolutamente justa.
D) Deixe-me dizê-lo, antes de mais nada, que a tua indignação é absolutamente justa.

Resolução:

É uma questão que envolve pronome e regência. Se o tratamento muda de tu para você, então o verbo passará para 3ª pessoa do singular. Descartam-se as letras “A” e “C”, cuja forma verbal deixa continua na 2ª pessoa do singular, e a letra “D”, cujo pronome tua também é 2ª pessoa do singular. Além disso, os pronomes oblíquos o, a, os e as funcionam como objeto direto (dizer o quê?); lhe e lhes funcionam como objeto indireto (neste caso, dizer a quem?). Dizer que admite as duas regências, ou seja, é um verbo que pode ser transitivo direto e indireto (ou bitransitivo). E só analisarmos conforme o esquema:

Deixe-me dizer (o quê?) que a tua indignação é absolutamente justa (O.D.)
Deixe-me dizer (a quem?) a você = lhe (O.I).

Portanto, a resposta é letra “B”, que apresenta coerência entre forma verbal e pronome, bem como apresenta o lhe substituindo corretamente o objeto indireto a você.

16 de nov. de 2008

QUESTÕES RESOLVIDAS SOBRE VOZ PASSIVA - UFRN/2005 E 2008

01. (UFRN/2005) Considere o trecho:

Deve-se botar trancas e alarmes nas portas, não em nossa mente. Deve-se repudiar o que fazem os bandidos, mas deve-se evitar o banditismo.” (linhas 29 e 30)

O elemento lingüístico se é partícula apassivadora nos três casos em que ocorre no trecho acima. Considerando essa informação, é correto afirmar, quanto às formas verbais em destaque e de acordo com o registro culto da língua escrita:
A) apenas as duas últimas formas verbais devem ser flexionadas no plural.
B) apenas a segunda forma verbal deve ser flexionada no plural.
C) apenas as duas primeiras formas verbais devem ser flexionadas no plural.
D) apenas a primeira forma verbal deve ser flexionada no plural.
Resolução:

Se o próprio enunciado afirma que se trata de voz passiva, então os verbos principais de todas as locuções que iniciam com deve-se, pelo menos presumidamente, são transitivos diretos e devem concordar com o termo a que se refere. Pela ordem, a primeira oração traz o sujeito trancas e alarmes que, além de ser composto, está com os elementos no plural. Assim, o correto seria: "Devem-se botar trancas e alarmes nas portas, não em nossa mente." Com essa demonstração, letras "A" e "B" estariam descartadas.
Analisando-se a segunda oração, a forma verbal deve-se está correta no singular, pois o termo seguinte "o que fazem os bandidos" é uma oração subordinada que está no lugar de sujeito e, como oração, o sujeito sempre fica no singular. O mesmo acontece com a terceira, configurando como resposta a letra "D".

02. (UFRN/2008) Na oração “[...] definia-se o incêndio.” (linha 2), a forma verbal está na voz passiva. A opção de resposta que também apresenta verbo na voz passiva é:
A) “Fizeram-se investigações policiais discretas [...]”
B) “Bebe-se para esquecer, para lembrar [...]”
C) “O chefe reservou-se um objetivo ambicioso [...]”
D) “Os homens entreolham-se, cautelosos [...]”


(Segmentos textuais extraídos de: ANDRADE, Carlos Drummond de. Contos de aprendiz. 48. ed. Rio de Janeiro: Record, 2004.)

Voz passiva determinada pela partícula "se" só pode ocorrer com verbos transitivos diretos e o verbo, por isso, deve concordar com o sujeito. É o que acontece em "[...] definia-se o incêndio." Definir é verbo transitivo direto (pede complemento - definia-se "o quê?") . Então, dizemos que há voz passiva pronominal. Se, por acaso, o termo incêndio fosse flexionado no plural "os incêndios", a oração correta seria "[...] definiam-se os incêndios." Ou seja, Os incêndios eram definidos.

Feita esta análise, vamos à resolução da questão.
Nas opções "C" e "D", apesar de termos verbos acompanhados de "se", nos dois casos existe reflexão e não passividade. Na letra "B", o verbo beber está como intransitivo e, portanto, já descarta a voz passiva. A resposta é a letra"A", em que temos caso idêntico à frase do enunciado: verbo transitivo direto, acompanhado da partícula "se", que pode converter a oração para a voz passiva verbal: "Fizeram-se investigações policiais discretas [...]" equivale a "Foram feitas investigações policiais discretas [...]". O sujeito sofre a ação, portanto, voz passiva.

QUESTÕES RESOLVIDAS - REPUBLICAÇÃO

Por ocasião da prova do Vestibular / 2009, republico aqui questões resolvidas do Processo Seletivo / 2007 UFRN, abordando período composto. Aguardem uma outra postagem com questões novas.
1. (UFRN 2007) Ocorre uma relação semântica de causa–conseqüência entre as orações que compõem o seguinte período:
A) “Não julgue o meu correspondente que os “sebos” as aceitem.”
B) “Onde o meu leitor poderá encontrá-las, se quer ter informações mais ou menos transbordantes de entusiasmo pago, é nas lojas de merceeiros [...].”
C) “Todos as aceitam e logo passam adiante, por meio de venda.”
D) “São tão mofinas, tão escandalosamente mentirosas, tão infladas de um otimismo de encomenda que ninguém as compra [...].”

Esse tipo de questão é característico da UFRN. Trata-se de período composto, embora essa nomenclatura praticamente não seja mais cobrada. O que se quer, na verdade, é medir o conhecimento do aluno sobre as relações existentes nos períodos. Assim, ao invés de se pedir para classificar as orações como subordinadas substantivas, adjetivas ou adverbiais, pede-se para que o candidato indique a relação expressa no segmento indicado: causa, conseqüência, dúvida, modo, função de adjetivo, função de substantivo, e assim por diante. Vejamos a resolução.

Consideraremos, em primeiro lugar, que a relação causa-conseqüência é indivisível: a causa sempre leva à conseqüência e a conseqüência tem sempre uma causa. Causa é o elemento motivador, provocador, enquanto a conseqüência é o resultado, o efeito provocado.
Na alternativa A, a oração subordinada "que os 'sebos' as aceitem" não expressa sentido, mas complementa semanticamente o verbo da oração principal (Não julgue o quê? - que os sebos as aceitem), então funciona como objeto direto, por isso está descartada;
Na alternativa B, a oração subordinada encontra-se intercalada (no meio do período, entre vírgulas) e expressa condição (a condição para obter-se informação de entusiasmo pago é ir às lojas dos marceeiros), portanto também está descartada;
Na letra C, o período é composto por coordenação (conjunção aditiva "e") e a relação causa-conseqüência é típica do período composto por subordinação, logo, não poderia ser a resposta;
A alternativa que resta e que constitui a resposta correta, letra D, apresenta claramente o binômio causa-conseqüencia: a causa é que “(as obras que a República manda editar) são tão mofinas, tão escandalosamente mentirosas, tão infladas de um otimismo de encomenda" e a conseqüencia, o resultado, o efeito de serem assim é "que ninguém as compra [...].”
Essa nomenclatura causa-conseqüência também poderia ser concebida como causa e efeito, bastante comum nas questões de vestibulares que envolvem período composto.

02. (UFRN/2007) A conjunção Contudo (linha 14) poderia ser substituída, sem alteração de sentido, por
A) Desse modo.
B) No entanto.
C) Além disso.
D) Assim sendo.

Questão muito simples de se resolver: Contudo é conjunção adversativa, ou seja, sempre indica uma oposição entre orações de um mesmo período (composto por coordenação). Assim, ela é semanticamente igual a mas, porém, todavia, no entanto e entretanto. Mas é preciso ter cuidado, pois esse conectivo (ou articulador sintático) não se assemelha a portanto, que indica conclusão e tem como sinônimos por isso, assim, logo, desse modo, então. Nesse caso, a alternativa claríssima é a letra B - No entanto.



Quanto às demais alternativas, Desse modo e Assim sendo indicam conclusão (o mesmo que portanto); Além disso indica adição, acréscimento ( correspondentes à clássica conjunção e).

14 de nov. de 2008

SUBTRAÇÃO (Cassildo Souza)

Sentir saudade fere, mas às vezes é bom
Talvez até supere estar presente
A sensação da falta ajuda a refletir
Sobre o mérito de coisas e pessoas.
Quando se perde, tudo se engrandece
Quando se tem, nada surpreende
A posse incita a letargia
A ausência faz-nos revelar a covardia.
Então nos perguntamos por que estávamos cegos
Diante de quem ora passa a ser imprescindível
Como tudo se transforma tão prontamente
Apenas por uma partida, a princípio, banal?
O arrepender-se pela não-ação
Consome em chamas vorazes
O bicho-da-consciência materializa-se
E tudo que era mediano
Chega a ser o elemento mais digno
De todos os lisonjeiros,
Mesmo que seja tarde
Mesmo que nada volte
Mesmo que adormeçamos.

12 de nov. de 2008

A EXALTAÇÃO DA HIPOCRISIA

Por Cassildo Souza

Hipocrisia: Falsa devoção, falsidade. Afetação de um sentimento que não se tem. Com alguns ajustes, essa é a definição do Aurélio para este vocábulo. Pois é. Na sociedade contemporânea é o que mais existe. Quantas pessoas não pregam aquilo que não cumprem! Quantas cobram aquilo que não são capazes de promover!

Começo falando por uma área que me é um tanto quanto peculiar. A Educação. São inúmeros os casos em que as pessoas que se dizem educadoras não pensam, nem de longe, no aluno em primeiro lugar. Antes vem a remuneração, a falta de compromisso e, se possível, a ocupação de um cargo que não tenha nada a ver com a sala de aula. Curiosamente, essas pessoas são as primeiras a brigarem pelos direitos, a fazerem greve, a não dialogarem. Mas, e o ensino? E melhoria de vida das crianças, que pode acontecer, caso o profissional se esforce o mínimo que seja? Só na teoria.

Entro agora no complicadíssimo ramo da política. Como aprende rapidamente a maioria das pessoas que se envolvem nesse grupo! Justificando o ditado popular “quem disso cuida disso usa”, esses agentes atacam os adversários, apontando os defeitos muitas vezes refletidos neles próprios, sugerindo soluções que eles mesmos não seriam capazes de concretizar e, ainda por cima, pregam que isso é em nome do povo. Pura Hipocrisia (com “H” maiúsculo, mesmo). Deixo a ressalva de que esse fato também não é generalizado, mas se propaga numa escala gigantesca.

E quanto aos pseudo-religiosos? Acho que reside, nessa vertente, a maior falta de exemplo que poderia existir, comparando-se aos outros segmentos já citados. Antecipando que não sou ateu (nem de longe), costumo observar pessoas que vivem dentro das igrejas (de diferentes doutrinas) pregando as mais belas atitudes e ações quando, na verdade, estão praticando exatamente o contrário de suas palavras. Disfarçam-se de missionários com o objetivo de demonstrar uma aparência mascarada, escondendo a face real da qual se revestem para, muitas vezes, ludibriar as pessoas menos esclarecidas.

Infelizmente, a hipocrisia virou moda. É muito mais aceitável ser politicamente correto e criticar apenas na ausência do que dizer cara a cara aquilo que se sente e que tanto incomoda. É muito mais viável fazer de conta que se trabalha com a desculpa infundada de que não se é valorizado do que realmente cumprir as obrigações do cargo atribuído. Entendo que o combate a tudo isso deve começar por cada um de nós, repudiando a retórica encantadora e artificial que, mais cedo ou mais tarde, acaba revelando a falsa ideologia dos adeptos da canalhice.

11 de nov. de 2008

A DOLOROSA HORA DE PARTIR

Cassildo Souza

Tem cuidado na ida,
Que o caminho é sinuoso
Precaução na hora da partida
Não vás pelo lado tortuoso
Anda na sombra, mas beija o sol também
Divisa o verso e o anverso
Separa o que falta do que está além.
Perdoa qualquer choro que te causei
A minha ausência deverá ser um alívio
Mas aqui estarei sempre a teu juízo
Dá notícia de tua nova vida
Ficarei ansioso por saber
Como vais, as tuas novas formas de viver
Tuas conquistas, longe agora de teu algoz
Entendo que tu vás
Compreendo o que almejas
Sei de teus sonhos que não podem acabar
Cresce, que ficarei te acompanhando
Mesmo longe, te terei sempre em mim
Fica do lado do bem, sempre
Em qualquer situação.
Adeus.

CAÇADORES DE SI

Caçador de Mim
Letra: Sérgio Magrão e Luis Carlos Sá

Por tanto amor, por tanta emoção
A vida me fez assim
Doce ou atroz, manso ou feroz.
Eu, caçador de mim

Preso a canções, entregue a paixões
Que nunca tiveram fim
Vou me encontrar longe do meu lugar.
Eu, caçador de mim

Nada a temer senão o correr da luta
Nada a fazer senão esquecer o medo
Abrir o peito a força, numa procura
Fugir às armadilhas da mata escura

Longe se vai sonhando demais,
Mas onde se chega assim
Vou descobrir o que me faz sentir.
Eu, caçador de mim.


Como diz a linda canção gravada, entre outros artistas, por Milton Nascimento, 14 BIS e Zé Ramalho, o ser humano vive procurando a si mesmo. É essa busca que motiva suplantar as barreiras que nos são colocadas adiante.
Quando procuramos melhorar de vida, ser boas pessoas e bons profissionais, mantendo um relacionamento harmonioso com os colegas, estamos buscando nos encontrarmos enquanto seres ao mesmo tempo racionais e contraditórios. Somos muito complexos e isso incita ainda mais a vivermos atrás das respostas que tanto nos "atormentam". Essa procura interior move-nos a viver com mais intensidade.
Acho que isso nunca pode acabar, sob pena de perdermos a vontade de continuar vivendo. Nunca saberemos totalmente o que nos faz tão espertos e tão ingênuos, tão sorridentes e tão enfurecidos, tão parecidos e tão diversos. E se nunca essas respostas virão de forma definitiva, sempre estaremos prontos para explorarmos as nossas próprias incertezas, na tentativa de elucidar pelo menos parte de nossos mistérios.
Somos os caçadores do próprio espírito, na intenção de acharmos luz para os nossos momentos mais obscuros, o que significa a prática mais legítima da evolução humana.

10 de nov. de 2008

PENA DE MORTE E MAIORIDADE PENAL: DOIS ASPECTOS POLÊMICOS

Por Cassildo Souza


Discutir o Código Penal Brasileiro já virou tradição, especialmente quando se observa com freqüência a prática de alguns crimes bárbaros. A sociedade, comovida por certas atrocidades, passa a se manifestar e desejar medidas drásticas de combate à violência, muito mais por um impulso revoltoso do que por uma convicção duradoura. A pena de morte e a maioridade penal sempre são os principais alvos da população, que as considera dois grandes passos para resolver nossos problemas.

Entendo que os dois aspectos não podem ser resumidos a um “sim” ou a um “não”. Não devemos discuti-los com radicalismo, achando que a sua implantação garantiria, de imediato, uma diminuição nos delitos cometidos em nossa sociedade. A pena de morte, por exemplo, requer uma análise minuciosa para que, em sendo colocada em prática, não ocorra injustiça (como já aconteceu em várias situações), considerando que nesse caso, uma condenação judicial equivocada causaria prejuízos irreversíveis. Além disso, existem controvérsias sobre a eficiência de tal prática punitiva, o que tornaria o assunto ainda mais carente de cuidados no seu tratamento. Alguns países que implantaram a pena de morte não diminuíram assustadoramente os seus crimes. Seria preciso, então, uma discussão madura e consciente até que se decidisse instituí-la ou não em nosso país.

Quanto à revisão da maioridade penal, a coisa não parece tão simples como pensamos, embora entenda esse debate como menos traumático. Sem fazer comparações, não seria uma decisão tão estranha, pois, embora já seja um lugar-comum, admito que a maioridade eleitoral demonstre conhecimento e consciência cidadã também em relação às sanções penais, por algum crime realizado. Mas o tema envolve a legislação infantil, amparada por documentos bem elaborados como o ECA (Estatuto da Criança e do Adolescente), o qual prevê uma série de definições para os termos “criança” e “adolescente”. Não seria tão natural proceder a tal modificação no Código Penal, pois provavelmente haveria manifestações contrárias à punição para pessoas com idade a partir de 16 anos.

Então, como se deve agir nos casos extremos de violência? Quando a população passa a buscar respostas nessas duas prováveis soluções, é porque não suporta mais presenciar e assistir pela TV a notícias que chocam todo o país. Assim, pensa em algo mais definitivo; na sua concepção, mais eficaz. Porém, a pergunta que devemos fazer é outra: Por que deixarmos que o combate à violência seja remediador e não preventivo? Se investíssemos mais em planejamento familiar, em educação e lazer ( e não adianta nos compararmos aos EUA), talvez não estivéssemos aqui discutindo pena de morte e maioridade penal. Como a aplicação de recursos não acontece satisfatoriamente nessas áreas, infelizmente vemo-nos obrigados a considerar outras possibilidades, o que deve ser feito com responsabilidade e consciência, pois tanto uma como outra alteração em nosso código penal exigiriam uma mudança de mentalidade que só poderia se concretizar gradativamente.

7 de nov. de 2008

A SINA DE SER ERRADO (Cassildo Souza)

Desavenças que perseguem
Erros que se acumulam
Mesmo que não se queiram
Descaminhos onde se passa
O faro do incorreto
Desatamento dos nós que se firmaram.
Derramamento de lamentações
Impotência do acerto
Simples equívocos inevitáveis
Uma linha que nunca se quebra
Uma estrada que nunca se rompe.
A sina de ser assim
É a sina de estar assim
Sempre buscando compreender
Por que não se alinhar
Por que ser tão perseguido
Pelo advento do erro
Pelo desconcerto do mundo.



6 de nov. de 2008

DIFERENÇAS COMPORTAMENTAIS (CASSILDO SOUZA)

Quem era você,
Tão simples, singela, inocente?
Agora bem diferente
Totalmente sem razão.
Mudou os seus conceitos
Rompeu com toda a vida
Tão minada, tão sofrida.
Quem era aquela menina,
Desprovida de idéias passionais
Sonhando em conquistar um mundo
De uma forma tão sincera.
Mera foi a coincidência
Esperando acontecer
Um milagre inexistente
Aguardando o perdão.
Você já não é mais o que esperei
Me enganei, porque mesmo quis
Ser ingênuo ao ponto máximo
De buscar a coerência
Ficando na imensidão
Desse tamanho vazio
Que me preenche por completo
Nessa hora de desilusão.

4 de nov. de 2008

COESÃO TEXTUAL

O menino que o pai trabalha na fábrica foi aprovado no Vestibular.

Magno foi à casa da tia de Magno. Chegando à casa da Tia de Magno, Magno disse que o pai de Magno gostaria de falar com a tia de Magno.

Perceba que, apesar de compreensíveis, os períodos acima não apresentam uma conexão adequada à boa comunicação. A repetição insistente faz o texto perder em organização e pode até mesmo dificulta a compreensão da mensagem.
Dizemos que falta a eles COESÃO TEXTUAL. Coesão é atração de um termo em relação ao outro, estabelecendo uma construção sem “excesso” ou “carência” de elementos. Com objetividade, mas também com clareza.
Para que se tenha COESÃO TEXTUAL, alguns recursos são necessários. Substituir as palavras, com termos semelhantes ou pronomes; utilizar conectivos; repetir para enfatizar; e, principalmente, observando-se as normas de concordância. Vejamos os exemplos:

I. Substituição : quando uma palavra, expressão ou pronome substitui outras anteriores:
(1) Diego não foi à aula ontem. Ele foi fazer um exame.
(2) Marcos estava irritado. O menino não queria fazer a lição.

II. Reiteração : quando se repetem formas no texto para dar ênfase. Acontece mais nos textos literários ou quando se quer reforçar uma informação importante. Às vezes a repetição acontece pelo sentido da palavra:
(3) - «E um beijo?! E um beijo do seu filhinho?!» - Quando dará beijos o meu menino?!
(Fialho de Almeida)
(4) O Brasil precisa de desenvolvimento, tem de buscar o desenvolvimento, deve visar somente ao desenvolvimento.

III. Conjunção : quando uma palavra, expressão ou oração se relaciona com outras antecedentes por meio de conectores gramaticais:
(4) O cão da Teresa desapareceu. A partir daí, não mais se sentiu segura.
(5) A partir do momento em que o seu cão desapareceu, (a Teresa) não mais se sentiu segura.

IV. Concordância : quando se obtém uma seqüência gramaticalmente lógica, em que todos os elementos concordam entre si (tempos e modos verbais correlacionados; regências verbais corretas, gênero gramatical corretamente atribuído, coordenação e subordinação entre orações):
(6) Cheguei, vi e venci.
(7) Primeiro vou lavar os dentes e depois vou para a cama.
(8) Espero que o teste corra bem.
(9) Esperava que o teste tivesse corrido bem.
(10) Estava muito cansado, porque trabalhei até tarde.

A CURVA QUE FALTOU

Só faltava uma curva. Menos de quinhentos metros. Aquele jovem que passou tantas dificuldades antes de ingressar na categoria mais prestigiada do automobilismo mundial, finalmente iria ganhar o tão sonhado título mundial de Fórmula 1. Tudo perfeito: pole position no sábado, vitória garantida na corrida, o Brasil inteiro torcendo pelo fim de um jejum de 17 anos sem esse resultado que o colocaria na história.
Mas, como diria um compositor brasileiro, "infelizmente nem tudo é exatamente como a gente quer". Parece que o destino é implacável. Como seria implacável com o Louis Hamilton, caso Felipe Massa fosse o campeão. Poderia ser nacionalismo radical dizer que ninguém merecia o título mais do que Massa, pois o piloto inglês também teve e tem seus méritos. Mas o trauma de perder um título que estava garantido até 500 metros da linha de chegada, principalmente pelas recentes falhas grotescas cometidas pela Ferrari, é um peso que nenhum esportista gostaria de conduzir nas costas.
As ironias existem e parecem nos deixar extáticos quando presenciamos casos com esse. Entretanto, não podemos ficar lamentando porque nosso representante sobressaiu em meio a tantos problemas que o perseguiram nesta temporada. Quem não lembra da antepenúltima corrida, em que por um excesso de preciosismo, a mangueira de abastecimento ficou "entalada" no tanque, empurrando o nosso representante para fora da zona de pontuação? Imaginemos se isso não acontecesse, matematicamente hoje seria campeão. Mesmo assim, continuou a mostrar o seu talento certeiro, contrariando alguns que ainda duvidavam dele. É um herói de qualquer maneira. Legítimo representante dos compatriotas, sempre combatido pelos descaminhos que lhes são impostos.
O Grande Prêmio do Brasil de 02 de novembro de 2008 ficará marcado como o dia em que seria e que não foi. Um detalhe, uma partícula, um jovem de 27 anos querendo colocar o seu país no lugar que merece no automobilismo mundial. Uma vitória arrasadora, incontestável, e que infelizmente não possibilitou o título. Foi insuficiente para o regulamento do Campeonato, mas foi perfeito para as pessoas que esperam dos atletas brasileiros a capacidade de driblar os obstáculos e contrariar todas as expectativas. Felipe Massa perdeu por uma curva, mas ganhou muitos adeptos para emplacar futuros desafios.