30 de set. de 2008

DENOTAÇÃO E CONOTAÇÃO

Publico, a seguir, uma brincadeira que fiz com os sentidos denotativo e conotativo

Denoto – conotativo
No sentido figurado (Cassildo Souza)

Viver sem fim é viver
Sem um grau objetivo
É ser um ser infinitivo
Na imensidão do ser.

Matar para não morrer
Nem sempre reporta à morte
Pode referir-se à sorte
No que perder ou vencer.

Provérbios verbos contando
“Água mole em pedra dura
Tanto bate até que fura”
E sempre acaba furando.

Quem planta colhe o que planta
“Verde pra colher madura”
Esperteza ou lisura
Que tranqüiliza ou espanta.

Sentido conotativo
Ou o sentido figurado
É o que for desviado
Do grau de denotativo.

Não o desvio moral
Da moral, dos bons costumes
Não o desvio de regras
Tornando seres imunes.

O desvio da estrada
Linguagem coloquial
Contida no informal
Que não nos altera em nada.

Agora é que eu entendo
Um pouco de estilística
Dessa matéria artística
Algo mais eu compreendo.

E tudo que estou vendo
Seja de frente ou perfil
São para mim coisas mil
Que continuo aprendendo.

O QUE É QUE ME FALTA FAZER MAIS? (Cassildo Souza)

Essa modalidade é muito usada pelos violeiros, em que cada um exalta a si próprio por realizações imaginárias que aconteceram.

Acabei com a miséria e com a fome
Corrupção fiz questão de abolir
Guerra do Golfo cheguei a intervir
Só usando a influência de meu nome
Expulsei comandantes de renome
E pus ordem, primando pela paz
Controlei homem, moça e rapaz
Nunca mais ocorreu nenhuma guerra
Levei sossego de volta àquela terra
E o que é que me falta fazer mais bis)
Se o que fiz até hoje ninguém faz.

Eu ensinei ao Drummond de Andrade
Escrever, no quintal de sua casa
Em Itabira, eu lhe dei a minha asa
Para entender a nossa realidade
E relatar o fictício com verdade
Como o fazem os poetas imortais
Se inspirando de maneira eficaz
E nos trazendo momentos bem distintos
Expressando até mesmo seus instintos
E o que é que me falta fazer mais (bis)
Se o que fiz até hoje ninguém faz.


A Rei Pelé, a Garrincha e Maradona
Fui eu mesmo que os fiz trazer a arte
Do futebol que de nós ora faz parte
Tornando a bola a nossa primeira dona
Eliminando todo o esporte cafona
Deixei os outros países para trás
Desguarnecidos, com jogadas “imortais”
Comandadas por Romário e Ronaldo,
Dunga, Bebeto, Ronaldinho e Rivaldo
E o que é que me falta fazer mais (bis)
Se o que fiz até hoje ninguém faz.

A ciência foi por mim desvencilhada
Após o surto que foi a Filosofia
Fiz o que ninguém no mundo o faria
Fiz que a terra deixasse de ser parada
A Matemática foi uma coisa inventada
Química e física eu criei bem lá atrás
Para curar as doenças anormais
Eu fiz surgir neste mundo a Medicina
E ensinei a compor Penicilina
E o que é que me falta fazer mais (bis)
Se o que fiz até hoje ninguém faz.

O maior mérito eu agora vou contar
Que foi trazer a figura do repente
Violeiros, uma classe inteligente
O maior prêmio de que posso me orgulhar
Os cantadores, que eu gosto de contemplar
Todos rompendo limites convencionais
Municipais, estaduais ou federais
Pra que o povo lhes dispensem seu apreço
E nunca mais errem o seu endereço
E o que é que me falta fazer mais (bis)
Se o que fiz até hoje ninguém faz.

CONTEÚDOS (Cassildo Souza)

Nos corações, contradições
Premonições, nas relações
Dentro de nós, espíritos sós
Procurando as paixões.

No corpo humano, o mundano
O profano, no insano
Em nossa vida, a partida
Sem qualquer engano.

No sucesso, o progresso
O acesso, no inverso
A virada, na estrada
No caminho disperso.

Nos amores, os rumores
Os fatores, nos vetores
Uma reta, na seleta
Junção de todas as dores.

Na crueldade, a maldade
A cidade, na idade
De voltar a ser normal
Dentro da tranqüilidade.

No profundo submundo
O inundo, lá no fundo
Arrasado totalmente
Pelas mazelas do mundo.

Todo o conteúdo
Agudo, grave ou mudo
Compreendendo a essência
Da existência do tudo.

Simples Semelhanças Diferentes (Cassildo Souza)

Não gosto da maioria
Gosto da diferença,
Da falta de semelhança
Do que distingue,
Do que separa,
Do que destila
Do que escoa.
Do que fica além,
Do que não é,
Do anonimato,
Do implícito,
Do ambíguo
Do plural,
Do não-óbvio
Porque, simplesmente, a simplicidade
Simplifica, sem simplorizar as coisas
Mais destacáveis existentes
Neste complexo simplesmente mundo.

29 de set. de 2008

DICAS DE CRASE I

Crase, na verdade, não é o nome do acento grave (`). É a ocorrência fonológica que acontece entre dois sons "a" (preposição + artigo/pronome demonstrativo) e que deve ser representado por esse sinal.
Mas, como identificar que determinado "a" tenha de ser craseado?
Isso tem ligação direta com o termo anterior (verbo ou nome) que, muitas vezes, traz em sua regência a preposição "a". Logo, teoricamente, para que se indique a crase, é preciso observar, primeiramente, as seguintes situações:

- O verbo que vem antes do "a" precisa ser TRANSITIVO INDIRETO (ex.: pertencer, obedecer, atender, assistir) e a palavra seguinte deve ser feminina ou estar especificada pelos pronomes AQUELE, AQUELA e AQUILO:
Ele pertence àquela facção (Ele pertence a aquela facção).
Bianca costuma obedecer às leis (Bianca costuma obedecer a as leis).

- Mesmo que o verbo não seja transitivo indireto, mas apresente preposição "a" antes de ADJUNTO ADVERBIAL, se a palavra seguinte for feminina ou for iniciada pelos pronomes AQUELE, AQUELA e AQUILO terá indicação de crase:
Felipe chegou a Sessão do Congresso atordoado ("...chegou a a Sessão do Congresso...")
(Verbo CHEGAR é intransitivo, mas exige a preposição a para indicar a que lugar alguém chegou)
Mohmmed foi àquela festa sem querer ("...foi a aquela festa sem querer.")

Seguindo essa linha de raciocínio, entende-se que dentro da função de SUJEITO jamais haverá crase, pois não se tem origem de uma preposição "a", tão-somente ocorre o artigo ou pronome demonstrativo:
Aquela casa não é muito segura./A casa não é muito segura
SUJEITO


Algumas expressões sempre sugerem o uso da crase, desde que o termo seguinte seja uma palavra feminina ou um dos três pronomes demonstrativos vistos acima. São elas:

DEVIDO A, EM RELAÇÃO A, NOMINAL A, PROPENSO A, etc.


Devido (a as) às Eleições Municipais, não haverá rodada do Campeonato Brasileiro.
O cheque deverá ser nominal (a a) à empresa contratada.

Por isso, para o uso adequado do acento indicador de crase, é preciso conhecer igualmente a regência dos nomes e dos verbos.
Por enquanto, é só. Ainda discutiremos muitos outros aspectos inerentes ao acento indicador de crase ou, simplesmente, acento grave.

27 de set. de 2008

OPINIÃO

Publico, a seguir, artigo de autoria do amigo Théo Alves, grande profissional da Língua Portuguesa, comentando as reformas em nosso idioma. O motivo maior dessa publicação, além da função informativa, é que Théo é um daqueles caras que escrevem exatamente o que eu gostaria de escrever. De uma forma crítica, ele aborda o assunto que já tem preocupado muitas pessoas interessadas em continuar utilizando, de maneira adequada, essa língua tão diversificada e complexa.

Discutindo a Reforma Ortográfica da Língua Portuguesa


por Theo G. Alves

É verdade que as coisas mudam e que não é possível parar no tempo sem ser atropelado pelo caminhão das horas. A língua é, por natureza, um construto humano, uma ferramenta de comunicação social e por isso fadada a mudar continuamente. Dessa forma, querer barrar as mudanças de uma língua – dentro de si mesma e a partir de suas várias linguagens possíveis – é sempre uma tentativa vã.

Outra verdade indiscutível é que a língua muda primeiro na boca de seus falantes, que é dinâmica, viva e instável. A língua escrita é imóvel, um latifúndio, ainda que produtivo. Na modalidade escrita as mudanças são lentas, muito lentas, embora sejam cada vez mais freqüentes. Seria absurdo escrever hoje uma carta para um amigo distante como Caminha escreveu para El-Rei. Escrever uma carta nestes tempos de e-mails, messengers e celulares já parece por si só um absurdo. É por isso que as mudanças que a língua sofre na rua, em casa, nos bares, nas escolas, etc., chegam muito tardiamente aos documentos escritos. Em verdade, são sempre inovações velhas.

Foi dado início ao processo de padronização da escrita em todos os países de expressão portuguesa: Portugal, Brasil, Angola, Moçambique, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Timor Leste e São Tomé e Príncipe. O Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa, nome oficial do documento, começou a ser discutido ainda em 1990 e só agora recebeu anuência por parte dos integrantes do pequeno grupo de lusófonos (com o perdão da má palavra) mundo afora. Esta mudança é menos radical e traumática que outras, como a de 1971, no entanto o acesso às mídias e a discussão do tema parecem ter ampliado a repercussão dos fatos.

Segundo as estatistícas divulgadas pela Folha de São Paulo, as alterações não devem atingir mais que 2% do vocabulário da língua portuguesa, no entanto há mudanças que poderão ser sentidas de forma muito direta, como nos ditongos abertos "ei" e "oi" de palavras paroxítonas (“assembléia” e “herói”, por exemplo, passarão a ser “assembleia” e “heroi”). Há também a oficialização de mudanças que já ocorreram na escrita do dia-a-dia, caso da abolição oficial do trema (o que não quer dizer que quem comeu “lingüiça” a vida inteira vá precisar mudar a maneira de falar ao pedir o prato numa churrascaria).

Um dos pontos a serem discutidos sobre a reforma é sua utilidade, bem como sua necessidade. O argumento – para não chamar de desculpa – para justificar a mudança é que a uniformização da língua permitirá uma troca de informações maior entre os países que falam português. Mas não há quem me faça crer que o fluxo de informações aumentará porque, tanto brasileiros quanto portugueses, por exemplo, terão um mesmo “objetivo”, em vez de um deles ter um “objectivo” próprio. Para mim, a desculpa é fraca.

Imagina-se que as mudanças precisem de pelo menos mais dois anos para serem absorvidas pelo mercado editorial, mas na prática algumas delas já estão em uso, outras jamais estarão. E, podem ter certeza, a língua pode ser a mesma, mas a linguagem jamais será: brasileiros, portugueses, angolanos, cabo-verdianos, etc., têm cada um sua própria lógica, sua maneira peculiar de pensar e arrumar a língua. E não há reforma que ponha abaixo a diversidade cultural.

24 de set. de 2008

MEU DILEMA (Heraldo Lisboa)

Busco, implacavelmente, saciar sua sede,
mas a porção d'água não é suficiente.
Busco matar sua fome,
mas a comida não satisfaz a sua alma sedenta.
Busco compartilhar sentimentos,
mas a omissão legitima a covardia.
Busco nas lúcidas verdades os motivos para lutar,
mas o pensamento divaga nas ondas da ilusão.
Busco suavizar as dúvidas,
mas o mistério é o instrumento de volúpia.
Busco na esperança o remédio para amenizar a ânsia
mas a consolação é o lenitivo das incertezas.
Busco o oásis no deserto árido,
mas a expectativa ofusca o poder da alucinação.
Busco contemplar os desejos vívidos e soberanos,
mas o grito se perde no infinito.
Busco mitigar as adversidades,
mas a intolerância sufoca o apêlo.
Busco abrandar o ímpeto,
mas a vaidade permea a escuridão dos impulsos.
Busco na humildade o segredo para o desafio da convivência,
mas a opulência mancha o espírito coletivo.
Busco a paz, o entendimento,
mas sou remetido ao martírio eterno.

A VIRTUDE DAS PALAVRAS (Heraldo Lisboa)

Minh'alma cândida e cálida
É tolhida da semente
que alimenta os devaneios
num ritual de vaidade e indolência
reprimindo todo desejo que há no peito.

Não há perguntas sem respostas
o que há são palavras que sucumbem
dilacerando o sonho que está vivo...
cerceando a sede das emoções...
escamoteando o afeto e a cumplicidade...

As conquistas, alegrias e intempéries
devem ser partilhadas
na sombra verde e florida,
na magia das ilusões
na dor que sangra as feridas.

23 de set. de 2008

TANTAS COISAS (CASSILDO SOUZA)

Tanta coisa tinha pra dizer
Mas você se foi com toda a força capaz
Tanta conta eu tinha pra prestar
Mas não te encontrei, nem poderia jamais.

Tanta água havia pra rolar
Mas não foi possível, você partiu
Tanta planta tinha pra regar
Mas não me deixou, saiu veloz.

Tanta dúvida, incerteza a quebrar
Foi tudo em vão, você se escondeu
Tanto fogo, para o frio estacionar
Nem se aqueceu, o furor morreu.

18 de set. de 2008

ARTIGO DE OPINIÃO

TERCEIRO MANDATO: DEMOCRACIA OU REGIME AUTORITÁRIO?
Por Cassildo Souza
Muito tem se falado a respeito de um terceiro mandato para o Presidente Lula. Crescem os rumores de que ele poderá concorrer, mais uma vez, ao cargo maior da Federação. Se isso realmente se concretizar, constituirá uma forma de democracia ou um passo para o autoritarismo?
Muitos são os que defendem a sua permanência no poder, tendo em vista o bom governo que, reconhecidamente, vem fazendo. A economia permanece estável, novos investimentos estão sendo feitos no País e a maioria da população recebe ajuda financeira, por meio de programas sociais criados no governo FHC e reformulados na gestão de Lula. Por isso, a avaliação do segundo mandato alcança números bastante expressivos e não deixa de ser um dos principais fatores que reforçam o desejo de continuar exercendo o cargo.
As opiniões em contrário alegam que a possibilidade de prorrogação do mandato, através de nova eleição, contribuiria para alimentar o autoritarismo fazendo lembrar o regime ditatorial, cujos Presidentes sempre acabavam encontrando um dispositivo para permanecerem no poder mais tempo que o previsto. FHC, forte opositor de Lula, é um desses expoentes contrários à mudança. Para ele, não tem lógica Lula dizer que oito anos é pouco para se fazer o que deseja, pois criticara muito os dois mandatos do representante do PSDB, alegando que ele teve a oportunidade de fazer as reformas necessárias.
Então, qual seria o posicionamento coerente da população, já que os críticos da política brasileira comungam de opiniões diferentes, nos deixando ainda mais confusos? Trata-se de um assunto muito complexo. Precisamos atentar para o fato de que o povo, com o devido esclarecimento, poderá decidir pela continuidade ou não do Chefe do Executivo Nacional. Entendo que, mesmo Lula podendo concorrer ao terceiro mandato, só o ocupará se nós decidirmos assim. E nesse ponto, não podemos falar em excesso de autoridade; há democracia pura. O voto contrário assiste a quem discorda dessa possibilidade, optando por renovar os destinos da sociedade, caso, a seu juízo, se faça necessário.

11 de set. de 2008

PARTICULARIDADES DA CARTA-ARGUMENTATIVA

Em que reside a diferença entre carta-argumentativa e artigo de opinião? Se ambos os textos são de cunho dissertativo-argumentativo, têm bastantes elementos semelhantes. Ambos trabalham com base na opinião de seu autor, mas são gêneros específicos. Aliás, o termo gênero textual refere-se à situação comunicativa, isto é, a quando usar a carta e quando usar o artigo.
A carta-argumentativa caracteriza-se por ser uma correspondência com um leitor definido, específico, em oposição ao artigo, que é produzido sempre se pensando num leitor geral, num conjunto de pessoas geralmente desconhecidas.
A dificuldade dos alunos se apresentam, muitas vezes, em levar isso para o papel. Inúmeros são os casos em que a estrutura é de carta, mas o texto é de artigo como, por exemplo, o texto a seguir:


Currais Novos/RN, 11 de setembro de 2008

Excelentíssimo Senhor Ministro da Educação,

Ao analisarmos os diversos problemas enfrentados pelos brasileiros, percebemos que a educação apresenta-se como um dos mais graves. Apesar da queda do analfabetismo na última década, ainda assumimos uma posição vergonhosa no “ranking” latino-americano.
Essa questão torna-se complexa, pois está relacionada a diversos problemas nacionais como a desigualdade na distribuição de renda, a exploração do trabalho infantil, dificuldades no acesso às escolas, exploração sexual de crianças e adolescentes, perfazendo um conjunto de tristes realidades, que separam cada vez mais, as famílias em situação de vulnerabilidade social do sistema regular de ensino.
As deficiências no processo de ensino-aprendizagem também merecem atenção, principalmente nos primeiros anos escolares. Metodologias de ensino inadequadas, carências de recursos humanos e materiais, péssimo sistema de transporte escolar, além de baixos salários, são elementos importantes que contribuem para a evasão escolar e para a má qualidade do serviço prestado.
Diante de tal situação, precisamos, ainda, percorrer um árduo caminho para que possamos ter um país que veja a educação com a seriedade merecida. Sendo assim, a valorização do magistério, a informatização das escolas, a capacitação profissional, além de um melhor planejamento dos recursos aparecem como estratégias importantes, para transformar o Sistema Educacional em um serviço eficiente e eficaz.

Atenciosamente,

Educalson Brasileiro



Apesar de a formatação ser de carta, não se tem a referência ao destinatário dentro do texto. Expressões como "Vossa Excelência", "Senhor Ministro", ou até mesmo o uso de primeira pessoa do singular dariam ao texto essa indicação. São elementos detalhísticos que denunciam o gênero da carta e que muitas vezes não são considerados pelos alunos. Nesse texto, abordam-se os problemas relacionados à educação, mas de forma muito distante, como se não se fizesse referência específica. Vejamos, para se ter um caráter maior de carta, como ficariam alguns trechos do texto acima.

Ao analisarmos os diversos problemas enfrentados pelos brasileiros, percebemos que a educação apresenta-se como um dos mais graves. Apesar da queda do analfabetismo na última década, ainda assumimos uma posição vergonhosa no “ranking” latino-americano, conforme tomei conhecimento através da imprensa escrita, radiofônica e televisada.

Percebam que o simples fato de se utilizar um verbo em primeira pessoa caracteriza melhor o gênero carta. Assim como em outros pontos:

Diante de tal situação, Excelentíssimo Ministro, entendo que precisamos, ainda, percorrer um árduo caminho para que possamos ter um país que veja a educação com a seriedade merecida. Sendo assim, a valorização do magistério, a informatização das escolas, a capacitação profissional, além de um melhor planejamento dos recursos aparecem como estratégias importantes, para transformar o Sistema Educacional em um serviço eficiente e eficaz.

Como cidadão, espero que o Senhor, como representante maior da Educação Nacional, mobilize os órgãos competentes, principalmente a Presidência da República, para que estas e outras sugestões venham a tornar-se realidade. Confio na sua competência, mas muito mais no seu bom senso, para que a nossa realidade passe a fazer parte de estatísticas bem diferentes.

As indicações em negrito oferecem ao texto anterior um diferencial a fim de que se possa discriminar melhor a carta, dando-lhe características próprias, distinguindo-a do artigo de opinião.

Até a próxima, postem seus comentários, tirem suas dúvidas, preparem-se para o vestibular, com mais segurança. Não deixe a dúvida para o momento das provas, pois, assim, será impossível saná-la.

10 de set. de 2008

SE...SERIA

Se todos fossem perfeitos
Se fossem racionais
Se fossem seres honestos
Se fossem as pedras menores
Se mais melodias soassem
Se os braços se prolongassem
Se os sorrisos imperassem
Se não existissem guerras
Se não surgisse amargura
Se não fosse a crueldade
Se a força fosse real
Se ninguém invejasse
Se nada nos atingisse
Seria tudo fatal
Seria tudo não-mundo
Seria tudo mentira.

6 de set. de 2008

SÓRDIDAS CONTRADIÇÕES

POR QUE TUDO É TÃO SÓRDIDO
NA DUREZA DAS PEDRAS
NA CALADA DO TÉDIO
E NA LUZ DA ILUSÃO?

POR QUE TUDO É TÃO NADA
NADANDO NUM MAR DE LAMA
PERDIDO NA NATUREZA
ENVOLVIDO EM UMA CHAMA?

O FOGO É BEM MAIS FORTE
DO QUE A ÁGUA DE QUE PRECISO
CALOR VEM DE SUL A NORTE
ABALAR AS FACES DO JUÍZO

AS LOUCURAS SÃO BEM LOUCAS
AS DOÇURAS NÃO EXISTEM
HÁ PALAVRAS QUE SE CALAM
HÁ TOLICES QUE RESISTEM

VIOLÊNCIA NÃO SIMBÓLICA
SÍMBOLO DAS VIOLAÇÕES
NÃO ECOA A BRISA LEVE
NÃO HÁ ESPAÇO PRA CANÇÕES

E OS HOMENS CONTINUAM
PENSANDO QUE ESTÃO NO CÉU
NUMA TERRA BEM CRUEL
QUE ELES SEQUER DOMINAM

ANTI-CONVENCIONALISMO

Não gosto de convenções
E nem de nada programado
Sou fã das contradições
Do que pode ser recriado.

Se tem certas disciplinas
Nem sempre podem ser certas
Seguir essas linhas finas
Não deixam as visões abertas.

Convergências divergentes
Discordâncias concordantes
Os iguais bem diferentes
Corretos seres errantes.

Leis pra mim têm que servir
Pra acabar com a injustiça
Para que venham intervir
Nessa sociedade omissa.

Pensamentos que vagueiam
Compactos que se engrandecem
Os pontos que não norteiam
São coisas que se merecem.

Um mundo com vários mundos
Humanos dentro de um só
Tantos descasos profundos
Mais enrolam esse nó.

Por isso sou do momento
Não tenho hora marcada
Valorizo o sentimento
Espero o tudo do nada.

E quem quiser me seguir
Vá sabendo imediato
Não sou de querer sumir
Diante dum forte fato.

E nem sou de perder razão
Apenas não enquadro
Naquilo que só diz não
E não muda nosso quadro.

3 de set. de 2008

MELHORES REDAÇÕES - INCENTIVO À LEITURA VIII

Publicamos as cinco melhores redações do PROJETO DE INCENTIVO À LEITURA - MÓDULO VIII, da Central de Cursos, que tratou da compra de votos nas eleições, prática comum em nosso país. Parabéns a todos que participaram na tentativa de evoluir nessa incrível arte que é escrever.


A IMPORTÂNCIA DE UMA ESCOLHA

Cidadão Incorruptível

A participação da população nos assuntos relacionados à política vem aumentando porque dia após dia, tomamos conhecimento de inúmeros casos incoerentes que estão acontecendo.
No período de eleições, os políticos se aproveitam da situação precária em que vivem os brasileiros, para adquirirem votos por meio de uma compensação, quando na verdade, deveriam fazer disto uma obrigação que é de responsabilidade do cargo que ocupam.
O pior é que a população não encara as eleições como forma de mudar a realidade com a qual convivemos, e sim como uma forma de adquirir recursos que supram as suas necessidades momentâneas. Além do mais, grande parte dos eleitores desconhecem o valor do seu voto para a sociedade, e acabam por eleger governantes incompetentes, que agem de forma insensata e prejudicam ainda mais os problemas políticos da região.
Grande parte dos erros e falcatruas dos políticos já nos foi exposta, mas muitas fraudes ainda estão acontecendo, por concessão de uma população que é tão corrupta quanto os políticos. Sendo assim, é preciso, através de políticos que cumpram sua função com seriedade, mudar valores e atitudes, para obter melhorias políticas que façam do Brasil um país mais justo.

Autor: Hiago Trindade de Lira Silva
Nota: 9,125


A RESPONSABILIDADE NA HORA DE ESCOLHER

Cidadão Incorruptível

As eleições no Brasil são de suma importância, pois é neste momento que escolhemos um indivíduo para representar nossa sociedade apresentando projetos e levando as necessidades da população para aqueles que estão no poder.
As campanhas eleitorais são feitas em cada município, isto é, cada candidato utiliza o marketing, elabora propostas, põe propagandas em programas de rádio e televisão, promete e busca de todas as formas possíveis conseguir o voto do eleitor, que é seu principal objetivo.
Para ganhar o prestígio dos eleitores o representante de cada campanha distribui, muitas vezes, cestas básicas, remédios, consultas de vista, dentre outros, e as pessoas influenciadas vendem seu voto e muitas vezes acabam perdendo-o. Esse fato deve ser articulado com cautela, pois somos cidadãos e temos direitos dentro de uma “sociedade democrata”
Eleger um candidato não é nada fácil, pois devemos analisar seu potencial administrativo, seja para com uma cidade, estado ou até mesmo um país. No entanto, é necessário que o mesmo lute e enfrente as dificuldades, buscando melhorias no setor de educação, saúde, lazer, habitação e boa remuneração para todos os trabalhadores, pois dessa forma obteremos grandes resultados.

Autor: Joyce Viviane C. Cruz
Nota: 9,000

CORRUPÇÃO SEM LIMITE

Cidadão Incorruptível

Com o início das eleições para prefeitos e vereadores a corrupção está em alta. Apesar de atualmente existirem muitas tentativas para encobrir a compra de voto, feita pelos candidatos corruptos, todos nós sabemos e muitas vezes até participamos desse ato. Essa troca de “favores” por um voto pode, na maioria dos casos, custar mais caro do que poderíamos imaginar.
A Justiça Eleitoral tenta inutilmente combate as negociações entre os candidatos e os eleitores que ainda a praticam só que de forma mais cautelosa.
Ao aceitar a ajuda de um candidato em época de eleições ou até mesmo calar-se quando sabemos de algum caso de compra de voto, estamos nos corrompendo juntamente com o eleitor que vendeu seu voto. Isso pode ser uma atitude que a longo prazo traga problemas, pois à medida em que nos deixamos corromper, estamos colocando no poder alguém que não tem caráter para assumir um cargo político e, portanto, não irá trazer progressos para a comunidade.
Esse problema tem que acabar e isso só irá ocorrer se ao invés de ficarmos parados aceitando a situação, começarmos a exercer a cidadania denunciando a compra de voto e colocando no poder aquele candidato que realmente merece exercer a função de Prefeito ou Vereador, porém, durante o mandato, temos que ficar de olho, acompanhando de perto os atos do político eleito para termos certeza de que fizemos a escolha certa.

Autor: Élida Priscilla Fernandes da Costa
Nota: 9,000


TERRITÓRIO FÉRTIL PARA A CORRUPÇÃO

Cidadão Incorruptível

É cômico como o Brasil acaba por burlar determinadas leis e destruir as instituições perfeitas com as quais os grandes liberais políticos da história sonharam.
A compra de votos no Brasil tem o seu espaço garantido nas necessidades da população, sejam elas de caráter educacional, médica ou social. E tudo isto é intitulado de “troca de favores”, um eufemismo para a completa falta de respeito com que a política brasileira tem tratado os seus cidadãos.
Desde a formação dos Estados Nacionais, estes têm a obrigação de garantir às populações direitos básicos e essenciais á sobrevivência, como saúde, educação, segurança e saneamento. No entanto, a carência com que todas estas nossas instituições funcionam nos faz colocar em dúvida o papel do governo e de todos os indivíduos bem vestidos que nele se apóiam. Então, como explicar que em meio à pobreza, ao analfabetismo, à precariedade do SUS e ao desemprego não exista a negociação de votos? Ao meu ver, esta é uma área fértil para tal ato, mesmo que isto se caracterize por infringir a Constituição Brasileira.
No entanto, apesar de compreender a origem desta prática, eu a repudio, pois se trata de agir com atitudes práticas e conformismo frente à situação. Os políticos que assim agem, não compreendem a gravidade de certos problemas e como poderiam contribuir para amenizá-los ou erradicá-los.
Quem representa as necessidades de um povo precisa ter capacidade, sabedoria e ética para exercer determinado cargo. A compra de votos é amoral e faz com que a política brasileira seja vista com desprezo pelos cidadãos e o ato de votar resuma-se a uma ação banal. Dessa forma, nos deparamos com um círculo vicioso, na medida em que nem os eleitores e nem os candidatos agem com dignidade e consciência.

Autor: Jennifer Sansya S. de Araújo
Nota: 8,750


NÃO ENTRE NA REDE DA CORRUPÇÃO

Cidadão Incorruptível

Quando se aproxima o dia das eleições, os cidadãos começam a fazer uma lista do que precisam: consultas médicas, abertura de processos e reformas em suas casas. Aqueles velhos amigos de sempre aparecem na hora exata, para darem uma “forcinha”. É assim mesmo, todos querem um pedaço da pizza.
Tudo começa com uma simples visita aos eleitores, como quem não quer nada, os políticos entregam seus cartões e oferecem uma “ajudinha” tratando-os como se fossem velhos amigos. E em troca pedem-lhes apenas um voto, a oportunidade de passarem mais quatro anos sentados em uma cadeira da Câmara sem fazer absolutamente nada.
Grande parte dos eleitores troca seus votos por um milheiro de telha e até mesmo por um abadá para uma micareta. Muitos não percebem, mas são o centro da corrupção, aqueles, que alimentam essa rede através de um simples voto que poderia mudar suas vidas. Mas, no Brasil e no mundo é assim mesmo, os ricos e espertos sempre ganham. E isso não mudará até que a população se conscientize de que os políticos devem nos servir e não nós a eles.
Mas, enquanto isso não acontece, tudo o que nos resta é esperar as eleições para ver no que vão dar. E quem sabe um dia percebamos que podemos, sim, mudar esse cenário de corrupção.

Autor: Ana Pereira Santanna
Nota: 8,750

1 de set. de 2008

ESTE ESPAÇO É DE VOCÊS!

Este blog foi criado para manter interatividade com os meus amigos, alunos e a quem mais possa interessar. Portanto, postem seus comentários, eles são muito importantes para termos uma avaliação do trabalho que tentamos desenvolver. Critiquem, sugiram, elogiem (e por que não?). A sua opinião é muito importante para nós. Tirem suas dúvidas, enviando-as para o e-mail duvidasnoar@hotmail.com. Tenho o maior prazer em atender-lhes.

ENEM BATE RECORDE DE PARTICIPANTES E COBRA TEMAS ATUAIS

O Exame Nacional do Ensino Médio-ENEM foi realizado neste domingo, em todo o país, e contou com um número recorde de incritos, mais de 4 milhões de estudantes. Os candidatos tiveram de responder a 63 questões objetivas e 1 discursiva (redação), elaboradas pelo MEC/INEP.
A Redação teve como tema o meio-ambiente, com foco nas conseqüências do desmatamento no nível de chuva das regiões devastadas. O aluno deveria considerar apenas uma de três possibilidades sugeridas abaixo, para elaborar uma DISSERTAÇÃO-ARGUMENTATIVA EM PROSA, devendo-se levar em consideração a continuidade da Floresta Amazônica:

1 - suspender completa e imediatamente o desmatamento na Amazônia, que permaneceria proibido até que fossem identificadas áreas onde se poderia explorar, de maneira sustentável, madeira de florestas nativas;

2 - efetuar pagamentos a proprietários de terras para que deixem de desmatar a floresta, utilizando-se recursos financeiros internacionais;

3 - aumentar a fiscalização e aplicar pesadas multas àqueles que promoverem desmatamentos não-autorizados.

Essa proposta mede a capacidade crítica do aluno antes mesmo que ele comece a redigir.
Veja bem, a solução mais viável seria a n.º 3, uma vez que não se poderia radicalizar, suspendendo todo e qualquer desmatamento (proposição n.º 1), já que várias populações ali existentes dependem desse ecossistema para sobreviver, como, por exemplo, os índios; também não se poderia considerar a proposição n.º 2 como racional, tanto do ponto vista financeiro quanto ético, pois efetuar pagamentos a proprietários, além de implicar gastos desnecessários, inclusive envolvendo fundos internacionais, significaria subornar os proprietários de terra, prática que deve ser repudiada. Ou seja, escolher a terceira sugestão seria, nesse caso, mais inteligente, porque é preciso definir quais desmatamentos devem ocorrer e não proibi-los indiscriminadamente, prejudicando a muita gente.
Outro assunto que tem sido tratado com muita discussão, a "Lei Seca", serviu de base para a questão n.º 48 da Prova 2 (Azul), que trazia um gráfico com as principais causas de morte no país para o sexo masculino, destacando-se aquelas provocadas pelos acidentes de trânsito, ficando implícita a relação com o teor de álcool etílico concentrado no sangue dos motoristas.
O Enem deste ano pode ser considerado bem avaliado, tendo em vista que buscou extrair do aluno as questões cotidianas, as quais nos interessam diretamente, porque envolvem o nosso dia-a-dia. Por outro, foi uma prova cansativa, na medida em que os candidatos tiveram que ler muitos textos antes de resolver toda a prova.
Cerca de 500 universidades brasileiras consideram os resultados obtidos no exame para o ingresso ao ensino superior, por isso é uma grande oportunidade para muitos dos que realizaram a prova.