8 de jun. de 2012

CONCORDÂNCIA POR ATRAÇÃO COM SUJEITO COMPOSTO

A língua portuguesa nos surpreende a cada vez que achamos tê-la dominado. Aliás, isso seria uma pretensão. Um leitor que, em primeiro momento, deparar-se com a frase "Fez a empresa e o Estado um acordo para quitar a dívida.", pode espantar-se e julgar em desvio com a norma culta. Não seria "Fizeram a empresa e o Estado um acordo para quitar a dívida."? 

Nossas regras estabelecem que o verbo "sempre" concorda com o sujeito em número, entendendo-se que, no caso do sujeito composto, teoricamente temos a forma verbal no plural. Assim, a primeira versão da frase ora analisada seria um erro grotesco à luz de tais normas gramaticais. 

Acontece que essas mesmas leis sempre encontram espaços para exceções, e aquele leitor desapercebido pode não conhecer uma convenção pela qual o verbo - vindo anterior ao sujeito composto - pode concordar com o termo mais próximo, estando plenamente amparado pela gramática normativa. 

Que soa mal uma frase dessa estirpe, temos de convergir. Mas o fato é que períodos do tipo "Ficou em casa o pai e o filho." são totalmente possíveis, tendo o escritor a liberdade de alternar para "Ficaram em casa o pai e o filho.". 

São as surpresas da língua que nos desafia diariamente. Concordância exige muito cuidado.

Boa escrita. 

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