27 de mai. de 2012

COMO LIMITAR O USO DE DISPOSITIVOS MÓVEIS EM SALA DE AULA?

Que a tecnologia nos oferece uma gama de opções para a prática educacional, não existem dúvidas. Hoje, professores e profissionais da educação em geral que não se ajustaram a essa conjuntura sofrem na pele os efeitos da desatualização. Mas, como limitar o uso dessas ferramentas em sala de aula, pelo aluno que as utiliza de forma deliberada? É constante a preocupação dos docentes em relação aos prejuízos que o mau uso desses aparelhos pode causar à aprendizagem.

Embora, na maioria das escolas, o uso de celulares, MPs, smart phones e similares seja restrito, ainda assim é comum no meio de uma explicação ouvirmos toques, alertas de mensagens ou simplesmente observarmos alunos com fones de ouvido comprometendo totalmente a sua concentração. Significa mais trabalho para os professores pois, na visão de tais alunos, é como se aula não fosse prioridade concorrendo com equipamentos moderníssimos. Além disso, a interrupção constante inviabiliza o processo de ensino-aprendizagem.

Alguém dirá: o professor, então, use tais dispositivos em sala, a fim de tornar mais úteis esses aparelhos e ao mesmo tempo aproximar-se da linguagem do aluno. Muito válida a sugestão, no entanto nem todas as aulas estarão, necessariamente, relacionadas ao emprego dessas tecnologias. É preciso compreender que há metologias adequadas para cada situação. O fato de essa linguagem ser dominada pelo discente não pode servir de justificativa para o exagero, nem pode alimentar ações que não se coadunam com o ambiente escolar. Inúmeras vezes quem utiliza esses mecanismos na escola não está interessado em adquirir conhecimento, mas em se divertir, bater papo, passar o tempo. E é isso que deve ser evitado.

Entendo que as escolas, através de suas equipes pedagógicas, devam promover debates mais aprofundados sobre o tema. É preciso existir uma conscientização tanto para os docentes quanto para os alunos, já que simplesmente restringir o uso - impondo limites sem a clara justificativa - não seja suficiente para sanar a questão, como de fato não tem sido. Cumpre-nos cuidar para que uma opção de modernização e inovação do ensino não acabe tornando-se um entrave e o inviabilize, ação contrária ao que todos nós, educadores e cidadãos, queremos.

23 de mai. de 2012

MUDAR O AMBIENTE ESCOLAR: INÍCIO SIMPLES, MAS DECISIVO


Há muito tempo eu venho tentando abordar alguma coisa ligada aos ambientes que as escolas proporcionam a seus alunos. Sempre esteve em mim a tese de que a agradabilidade do local que eles realizam seu aprendizado é decisiva para que possam concentrar-se, focar-se nos temas ministrados pelos professores. Há três semanas venho, sempre que possível, com incentivo da Supervisão Pedagógica, conduzindo meus discentes de Língua Inglesa para a Sala de Multimídia: nada de extraordinário, mas é climatizada, com estrutura de áudio e som. Nesse pouco tempo, é impressionante a diferença de atitude e a interação com o professor.

Fico pensando como uma coisa tão simples pode ter resultado tão positivo. Embora pareça óbvio que seja quase impossível os alunos permanecerem tranqüilos - numa região em que a temperatura está atingindo limites incomuns, por causa da seca -, ter essa confirmação na prática me levou a refletir por que ainda somos tão atrasados. Condições básicas como o conforto e o bem-estar estão longe do que seria o ideal, para depois pensarmos em questões pedagógicas, de qualificação, valorização, etc. O planejamento deveria começar daí, especialmente com um olhar para as especificidades, o que - em nosso caso - exigiria pensar nas altas temperaturas que uma sala de aula lajeada enfrenta.

Para se ter uma melhor referência, basta dizer que os próprios estudantes já têm me solicitado que as aulas sejam sempre lá. Explico-lhes que aquele é um ambiente de todos, quando é necessário usar as mídias de áudio e vídeo, a TV, a climatização e até mesmo as mesas e cadeiras que tornam as atividades em grupo mais viáveis e mais aceitáveis. Nosso modelo de classe é ainda desestruturado. Nossos ancestrais da educação entendiam que estudar era uma tarefa burocrática e que de qualquer maneira poderíamos amontoar os alunos uns em cima dos outros, sem ventilação, sem visibilidade, sem material de qualidade. Hoje, mesmo com tantas mudanças, principalmente teóricas, ainda temos que nos desdobrar nos conteúdos a fim de compensarmos falhas de outras naturezas. 

Seria tão fácil, se houvesse ação das autoridades responsáveis, iniciar pelas coisas mais banais. Não imagino que seria caro dotar a maioria das salas de aula com climatização, projetores e um amplificador. Bastaria isso para quem sabe já termos uma mudança significativa. Ouvimos todos os dias falarem sobre as novas tecnologias, inclusive cobrando-se que os docentes se atualizem. E no entanto, essa exigência torna-se incoerente já que a estrutura na qual os alunos irão realizar o processo de aprendizagem não dispõe, geralmente, do mínimo para que eles sintam-se confortáveis, à vontade e motivados a explorar a gama de conhecimentos que lhes tentamos transmitir.

Levanto a questão da simplicidade. Iniciemos por aquilo que nos é lógico, fácil e barato. Clientela estudantil tem de ser tratada com respeito. Ninguém - em sã consciência - pode exigir que jovens se sintam-se desconfortáveis ao mesmo tempo em que tentam aprender conteúdos muitas vezes complexos (mas necessários) numa carteira quente e dura, todos os dias em 5 horários. A experiência própria me autoriza a afirmar isso, e ainda ressalto que a minha escola é relativamente bem estruturada. Em outras instituições eu não teria como conduzir esses meninos a ambientes mais agradáveis, que por serem limitados nem sempre permitem a realização das atividades lá em todas as disciplinas. Condicionar de conforto o ambiente escolar é um começo simples, mas barato e decisivo.

16 de mai. de 2012

Quanto vale um 10,0?


                 Deixo claro que – apesar de ser professor – minha área não é tecnicamente a Pedagogia. No entanto, a minha formação humanística (Letras) e a minha atuação diária não me permitem calar   sobre questões educacionais, especialmente por entender que o laço teoria-prática precisa ser buscado o tempo todo. É nessa vertente que pretendo abordar um assunto que nos rodeia corriqueiramente, a atribuição de números para avaliar nossos alunos. Afinal, o que precisa ser feito para se alcançar a nota 10,0, o nível máximo de uma tarefa? Pode-se sair distribuindo notas sem critério, apenas para agradar o aluno?

                A nossa responsabilidade é grande, especialmente quando temos de pontuar uma atividade que aplicamos. Se o sistema estabelece uma nota quantitativa como parâmetro para se avançar aos estágios seguintes, não podemos avaliar o rendimento a toda maneira ou sem a noção correta do que significa aquela nota. Um aluno que atinge – por exemplo – 8,0 está alcançando 80% de aproveitamento sobre determinada atividade, o que corresponderia, simplesmente, a realizar plenamente 4 tarefas a cada 5 orientadas. Convenhamos, é um aproveitamento muito bom e nem possível de se conseguir. Ou seja, para estar num nível desses, é preciso trabalho, raciocínio, cumprimento dos desafios propostos. 

                O fato é que temos presenciado ou tido conhecimento sobre alunos que apresentam notas acima desse patamar no ensino fundamental e, no entanto, ao chegarem para cursar o ensino médio, demonstram dificuldades para habilidades fundamentais, como escrever, interpretar  e fazer correlações simples. Há muitas situações em que o histórico escolar diverge – e muito – daquilo que o discente tem apreendido durante a trajetória do ensino básico. Todos os dias, em minha sala de aula, especialmente alunos da primeira série reclamam que antes suas notas eram acima de 9,0 e que mal conseguem, no período atual, chegar acima de 6,0. Cabe-nos uma pergunta: estamos atribuindo devidamente as notas de nossas crianças e adolescentes? Será que nosso rigor não está abaixo da crítica?

                Se é fácil atingir um grau 9, podemos ver três possibilidades aí: primeiro, os estudantes entendem e realizam tudo quase perfeitamente; segundo, os trabalhos indicados para ele estão num nível abaixo do que podem oferecer; terceiro, a nota sugerida está acima do grau de cumprimento dos desafios aplicados. O compromisso com a fidelidade das informações também é de competência do professor. Se a primeira possibilidade ocorre – é o que deveria – tudo está bem, e aí não haverá prejuízos ou tanta dificuldade em níveis subsequentes; caso a segunda opção seja o motivo de uma nota maior, isso pode ser corrigido depois, já que se trata de uma avaliação, e isso inclui professores e alunos em primeira instância; mas se o terceiro tópico é a razão (e é o que mais ocorre, de fato), estamos oferecendo avaliações imprecisas, equivocadas e dizendo a nossos alunos que eles conquistaram um nível ao qual ainda não estavam preparados.
             Nota 10,0 é a porcentagem completa; deve ser o reflexo da realização plena de tarefas propostas em todos os seus aspectos, inclusive os qualitativos, ainda que seja uma representação numérica. Não nos cabe atribuir notas aleatoriamente, porque o sistema não permite a continuidade aleatoriamente, há um limite mínimo de aproveitamento, seja 6,0 ou 7,0. Essa temática, em minha visão, deveria ser melhor debatida, para que os profissionais docentes pudessem representar fidedignamente aquilo que eles conseguem repassar a sua clientela, bem como o nível de apreensão desses discentes, sob pena de sermos responsabilizados por atribuirmos um conceito que não condiz com a realidade escolar.

13 de mai. de 2012

MÃE: INDEFINÍVEL

Há certas coisas que as palavras não têm que traduzir, não precisam definir. São elementos acima de nossa compreensão e, por isso mesmo, não se faz viável ficar procurando sinônimos, conceitos, comparações. São únicos, inimitáveis, irreproduzíveis e insubstituíveis. A mãe estaria no topo de tais elementos, por se enquadrar - mais do que os outros - na explicação anterior. Nada é mais peculiar e indescritível do que ela. 

Casado há quase um ano e meio, nunca me esquecerei de sua companhia, na qual vivi durante 32 anos ininterruptos. Algumas vezes sonho que ainda estou lá na casa dela, como se nunca houvesse saído. Coisas de uma pessoa saudosista em tudo, mas para quem, no caso específico de minha mãe, tal saudosismo se acentua. Há, entre mim e ela, uma ligação ela inatingível, inabalável, indelével. Levo seus ensinamentos para sempre e para onde vou. 

Se hoje posso desempenhar com prazer, com compromisso e com obstinação tudo aquilo que faço, foi porque minha mãe - em grande escala - permitiu isso. Possinbilitou-me crescer, estudar, trabalhar, num ambiente que não era favorável e que nem assim a impediu de buscar a dignidade para seus filhos. Ensinou-me a não me apoderar das coisas alheias; a não desrespeitar as pessoas; a conquistar com os próprios méritos; a não me curvar diante das mediocridades nem das adversidades; ensinou-me a ser gente. E gente do bem.

Somos a representação de nossas mães, somos criaturas, quando elas criadoras. Somos o reflexo, quando elas a concretização. Somos o resultado, quando elas o processo. Somos a realização, quando elas a concepção. Somos o que somos, quando elas a existência.

Obrigado, minha mãe!

Cassildo.

9 de mai. de 2012

QUAL É O TEMPO IDEAL PARA UMA PROVA ESCOLAR?

É mesmo interessante a postura de nossos alunos. Para quem vive a profissão - na prática, todos os dias em pelo menos uma sala de aula - trata-se realmente de um aprendizado sem limites. Estamos sujeitos a experiências inusitadas e surpreendentes. Coisas, muitas vezes, às quais nunca nos acostumaremos. Hoje, por acaso, neste exato momento, estou sendo "testado" por essas situações, durante a realização de um exame para concluir a 2ª unidade, na Escola Estadual "Tristão de Barros". 

Qual seria o contexto dessa introdução? Alunos habituaram-se a reclamar do pouco tempo disponibilizado para as provas. Muitos acham que duas aulas são ideais para se ter condições de raciocinar com calma, resolver as questões e depois conferi-las. Pois bem. Como só tenho uma aula em cada turma, qualquer que seja o dia da semana, geralmente elaboro um teste que esteja adequado a essa realidade (para 50 minutos), temendo que eles possam não terminar a tempo e atrapalhar as outras turmas, que estão realizando as mesmas atividades. Surpreendentemente, mais de 50% de todas as séries não esperam meia hora para entregar a prova resolvida. Agilidade? Praticidade? Técnicas para solucionar os problemas? Infelizmente, não é isso que os resultados têm mostrado.

Talvez a pressa em terminar seja resultado da ansiedade pelo próprio medo de que o tempo não seja suficiente. Ou pode significar a falta de conteúdo que lhes permita refletir melhor, abrangendo as possibilidades de soluções às propostas formuladas. A falta de paciência decorre de diversos fatores, não cabendo aqui precisá-los. O fato é que muitos devolveram a folha em menos de 20 minutos, quando o tempo ideal, para quem estivesse bem preparado, seria de 35 a 40. Fico a perguntar-me: se o tempo fosse de 1h40, que corresponde a 2 aulas, será que os alunos o utilizaram na totalidade? Não há uma resposta objetiva, pois isso também poderia acabar influenciando em sua decisão.

Se todas as incógnitas relacionadas à postura dos alunos já tivessem sido resolvidas, creio que talvez ficássemos procurando problemas onde não existiriam. O processo, a relação entre aluno e professor, seja no âmbito afetivo, da metodologia ou dos resultados, é - por natureza - complexo. Tais enigmas é que nos movem a continuar buscando melhorias em nossa atuação, tentando fortalecer cada vez mais a ponte entre teoria e prática. Não existe realmente o tempo perfeito para a realização de um exame escolar. Depende da disciplina, do estilo da avaliação, de quantas questões foram elaboradas e, no caso específico das Linguagens e Códigos - Língua Estrangeira, o tamanho do texto também interfere. Talvez a contradição que encontramos em nossos discentes seja apenas reflexo da complexidade do que lecionamos e, consequentemente, lhes cobramos.

AVANÇO DE NÍVEL SEM O DEVIDO PREPARO

Enquantos meninos que não sabem ler, escrever e contar chegarem aos níveis mais altos de ensino, sem um critério técnico de aprendizagem para estarem naquele estágio, colocaremos nas universidades verdadeiros analfabetos funcionais.

EXPERIÊNCIA EM SALA DE AULA É CRUCIAL

Na minha cabeça, um profissional de suporte educacional precisa ter experiência e atuação em sala de aula, a qual é um ambiente único e insubstituível por qualquer teoria que seja. O conhecimento teórico é crucial em qualquer professor, mas sem relacioná-lo à aplicação na realidade, ele tornar-se-á obsoleto. 

7 de mai. de 2012

OBRAS LITERÁRIAS - VESTIBULAR UFRN / 2013

Crônica: CRÔNICAS DE ORIGEM - Luís da Câmara Cascudo
Poesia: A ROSA DO POVO - Carlos Drummond de Andrade
Romance: CAPITÃES DA AREIA - Jorge Amado
Teatro: O SANTO E A PORCA - Ariano Suassuna
Conto: ANTOLOGIA DE CONTOS - Contos brasileiros contemporâneos – Vários autores

4 de mai. de 2012

CURTAM NOSSA PÁGINA O QUANTO PUDEREM!

Pessoal, a fim de expandir nosso trabalho, já realizado por este blog, peço que curtam nossa página no facebook. Quanto mais pessoas curtirem, mais a página será divulgada, mais acesso à informação ocorrerá. O endereço é:

Paradoxo necessário: melhor reprovar ou avançar sem saber?



Cassildo Souza

Sei que a matéria é cheia de obstáculos, mas a reprovação é um tema que precisa ser mais debatido entre os estudiosos da educação, incluindo os professores, que, junto aos alunos, executam mais diretamente o processo de ensino e aprendizagem. Os “modernos” não admitem, sob hipótese alguma, reconsiderar certos conceitos, sob o argumento de que reprovar é sinônimo de incompetência escolar e que não contribui para o crescimento do aluno. É necessário ampliar as discussões sobre essa vertente, considerando as situações peculiares.

Em primeiro lugar, quando se trata de educação, receitas em curto prazo não existem. Afirmar é sempre perigoso; presumir é mais recomendável. Atuando na docência há alguns anos, reconheço que a reprovação pode causar diversos traumas ao aluno que, porventura, tenha dificuldades na aprendizagem mas procura se esforçar ao máximo, a fim de atingir melhores resultados. Não poucos desistiram de estudar após “fracassarem” ao final de um ano letivo. Isso, sem dúvidas, também é indício da má qualidade do processo educacional brasileiro que, com inúmeras dificuldades, inviabiliza a motivação das crianças e consequentemente seu pleno desenvolvimento. Trata-se de um ponto que deve ser levado em conta.

         No entanto, o contrário também ocorre. Muitos adolescentes passam a não demonstrar esforço algum nos bancos escolares, se mesmo após um ano de descumprimento às obrigações, avançaram de nível; não aprenderão – provavelmente – a valorizar o mérito, o esforço, a realização das tarefas, a curiosidade pelo conhecimento que deve permeá-los; na vida, é assim que as coisas funcionam. Adultos, eles terão de passar por exames, provas de concursos e vestibulares. A escola também tem obrigação de habituá-los a esse tipo de situação. É preciso que eles compreendam essa necessidade. Se um estudante não precisa se esforçar para atingir as etapas seguintes, e chega a tais estágios sem uma base formada para poder cursá-los corretamente, possivelmente não conseguirá – também – recuperar certos conhecimentos e essa reprodução é negativa.

                O fato é que temos de considerar os dois lados dessa história, já que o assunto é dual. Cada caso merece análise diferenciada, é isso que defendemos. Sou testemunha – assim como vários de meus colegas – que em muitas situações a reprovação acaba beneficiando aquele discente disperso, pouco esforçado, servindo como uma espécie de alerta para que ele mude suas atitudes; também – às vezes – pode ajudar a desmotiva-lo e por consequência a desistir de seus estudos. Entendo que deve haver uma ampla discussão sobre a temática, sem preconceitos, sem demagogia, sem mascarar a situação real do processo educacional das escolas do país. O que não podemos – e isso eu defendo categoricamente – é deixar os alunos chegarem à universidade sem saber ler, escrever, fazer deduções. Isso não é construir uma boa educação. Melhor reprovar ou avançar sem saber?


2 de mai. de 2012

TEMAS BONS PARA REDAÇÃO

Não é possível prever que tema uma banca organizadora de vestibular cobrará em seu processo seletivo. Alguns assuntos, no entanto, precisam ser observados com atenção especial, não apenas por terem possibilidade de cair na prova, mas também pelo fato de se apresentarem polêmicos, característica principal de qualquer redação de natureza DISSERTATIVO-ARGUMENTATIVA. Abaixo chamo a atenção para alguns deles.

COTAS UNIVERSITÁRIAS: Há algum tempo discutidas, as cotas para estudantes negros e indígenas foram aprovadas pelo STF - Supremo Tribunal Federal, dividindo opiniões como tantos outros temas polêmicos. Os que se posicionam a favor defendem que o Estado precisa corrigir um erro histórico, reservando parte das vagas às pessoas pertencentes a esses dois grupos; os que têm opinião contrária entendem que tal decisão irá reforçar o preconceito racial, uma vez que os alunos que se beneficiarem dessa política poderão ser apontados nas instituições onde estarão matriculados.

ABORTO DE ANENCÉFALOS: O STF reconheceu a legitimidade do aborto realizado quando se comprovar que o feto nascerá sem partes do cérebro (anencefalia). Facções religiosas, geralmente cristãs, são contrárias a esse procedimento, alegando a interrupção da vida; os grupos favoráveis a tal aprovação entendem não haver vida quando se trata de feto, além de considerar o poder de escolha da mãe, como proprietária de seu corpo e da "criança". Muito polêmico este tema.

UNIÃO CIVIL DE HOMOSSEXUAIS: Mais uma decisão questionada do STF. A maioria da população (55%) se posiciona contra a união estável entre pessoas de mesmo sexo, o que se explica basicamente pela religiosidade (cristãos, na maior parte), idade e escolaridade, alguns afirmando que Deus deixou homem e mulher para procriarem. A favor da decisão estão aqueles que levam em consideração os direitos de todo cidadão brasileiro, garantidos pela Constituição, em poder constituir família legalmente, bem como os resultados decorrentes dessa união.

CORRUPÇÃO: Tema sempre possível. Muitas possibilidades o rodeiam. Como não se trata de um posicionamento baseado em ser a favor ou contra determinado ato, os limites são muito abrangentes de uma abordagem argumentativa. Apesar de ser comum em nossos dias, tal assunto exige conhecimento aprofundado e informações precisas na hora da produção textual.

REALITY SHOWS: Iniciados em 2001, tais programas têm no BBB - Big Brother Brasil sua maior referência. No início do ano, um episódio envolvendo dois participantes levou o Brasil a discutir a qualidade desse gênero, bem como da programação televisiva em geral. Os bate-bocas, cenas de agressão verbal e até de sexo debaixo dos cobertores dividem o posicionamento dos telespectadores que os vêem tanto como diversão quanto podem considerar uma afronta à moral e aos bons costumes.

BULLYING: Tema sempre polêmico, ganhou maior notoriedade após o episódio de uma escola do Rio de Janeiro, em 2011, quando o jovem Wellington Menezes, de 23 anos, assassinou 12 alunos, em sua maioria mulheres e depois cometeu suicídio. Após o ocorrido, vários depoimentos apontaram que o jovem teria sofrido bullying na infância e tinha uma personalidade indefinida, reservada, além de apreciar jogos que incitavam a violência. Assunto complexo e que requer muito conhecimento do produtor textual.

SINAIS DE PONTUAÇÃO - RESUMO PRÁTICO


SINAIS DE PONTUAÇÃO

Vírgula ( , ): É usada nos casos de pausa com curta duração.
Usa-se a vírgula:

·       Para separar palavras com a mesma função, coordenadas ou em seqüência.
Fernando, Guilherme, Tamires, Letícia e Talita formam um bom quinteto.
·       Para isolar vocativo.
Querida, onde está meu livro?
·       Nas datas, depois do nome do lugar.
Currais Novos, 28 de setembro de 2010.
·       Para isolar aposto explicativo.
Fabiana, filha de Marcelo, continua atenta.
·       Para separar orações coordenadas assindéticas, subordinadas adjetivas explicativas, subordinadas adverbiais.
Veio, viu, venceu.
O leite, que é um alimento branco, faz bem.
Quando abri a porta, vi um cartão lindo colado.
·       Para representar verbo expresso antes e que se omite depois.
Eu digo o que sinto e você, não.     
·       Para isolar expressões intercaladas e deslocadas.
Os alunos, que eu tome conhecimento, nada decidem sem consulta.
Ontem à tarde, todos fizeram horas extras.
Portanto, estamos aqui para começar.
·       Vírgula proibida:
Entre sujeito e verbo: Os pais dos alunos, deverão comparecer (E)
Entre verbo e complemento: O gerente conhece, todos os clientes. (E)
Entre nome e complemento: Estavam envolvidos, em falcatruas. (E)

Ponto final ( . ): É a pausa natural no fim de um período(idéia).
Nós somos felizes.

Ponto-e-vírgula ( ; ):               Usamos para uma pausa pouco maior que a da vírgula, entre elementos de uma enumeração ou frases opostas.
                Um dia da caça; outro do caçador.

Dois-pontos ( : ): Nas citações, enumerações e apostos.
                Tenho vários tios: Renato, Homero, Sílvio, Wanderley.
                “Barroso disse na Batalha do Riachuelo: o Brasil espera que cada um cumpra o seu dever.”

Reticências ( ... ): Indicam a interrupção do pensamento.
                Ah! Se você estivesse aqui...

Parênteses (    ): Servem para separar palavras, expressões e frases explicativas.
                Márcio (o arquiteto) chegou com a esposa para almoçar.

Aspas ( “ ): Servem para indicar citações de frases e certas expressões.
                “Inflação bate de novo recorde em abril: 20,96%.”
(O Fluminense).

Travessão ( – ): Traço maior que o hífen, servindo para indicar mudança de interlocutor, realçar oração intercalada e separar palavras e dizeres
                O momento – disse o guerreiro – é este.

1 de mai. de 2012

1º DE MAIO, UMA VISÃO INGÊNUA DO TRABALHO

Sou orgulhoso de mim mesmo por ter uma visão ainda - digamos - meio ingênua de mundo. Acho que esse tipo de pensamento é, inclusive, necessário para que se consiga viver com menos transtornos e menos depressão, já que a realidade é tão avassaladora que traz muitos desenganos. Uma dessas visões ingênuas minhas é aquela segundo o trabalho se constitui essencial à sobrevivência da espécie, seja fisicamente ou psicologicamente.

Claro que isso baseia-se no senso comum, visto que não sou profissional indicado para tratar dessas questões. Mas o fato é que sem trabalho não se produz, consequentemente não se criam recursos para a manutenção do que quer que seja. Vejo - de tempos em tempos - fórmulas mágicas querendo pregar o fim do trabalho. Especialmente essas redes baseadas em pirâmides, as quais já têm acabado com os bens de muita gente. Como se o mundo pudesse sobreviver sem a produção, apoiado simplesmente em ganhos rotativos, cuja base terá sempre "cobaias" sustentando o topo. Tal tentativa de banir o labor foram todas frustradas até hoje, o que só reforça que ninguém pode prescindir da luta diária pelo custeio das nossas despesas.

Para reforçar a minha visão simplista e primária, como alguns dirão,  vou defender o trabalho como instrumento de inclusão social. Apesar de ser eu o responsável pela opinião ora formulada, todos devem admitir que ao saber de alguém que nada faz da vida, a maioria das pessoas demonstra certo preconceito, por entender ser quase impossível alguém não procurar desenvolver uma atividade e manter-se de maneira reta e digna. É que dinheiro, comida, carro, roupa, calçado não surgem por uma vara de condão nem caem do céu. O trabalho é, sim, crucial para que se possa continuar existindo numa sociedade tão excludente. E a luta é constante, diária, estressante, desalentadora, mas necessária para se continuar sonhando.

Neste primeiro dia do mês de maio, um cumprimento especial aos verdadeiros trabalhadores, não os que se autojulgam assim ou que disfarçam sua inércia nos ombros dos outros; um cumprimento ao homem do campo, primeiro de todos, por cultivar aquilo que será transformado em matéria-prima; um cumprimento às mulheres, algumas acumulando suas tarefas profissionais com os afazeres domésticos; um cumprimento aos homens que se arriscam na busca da sobrevivência (porque aqui, se sobrevive, não se vive). Enfim, um Dia do Trabalhador que sirva de reflexão sobre o que estamos produzindo e o reconhecimento porventura existente. Sem trabalho, não haveria civilização. Parabéns a todos nós, que - de uma forma ou de outra - fazemos mundo girar.