29 de jun. de 2012

EU QUERO PASSAR NO VESTIBULAR, MAS NÃO QUERO ESCREVER!


Dia de matrícula nos cursinhos preparatórios. Entre um e outro que faz sua inscrição, numa passada casual, o professor tem os primeiros contatos com seus futuros alunos. "É professor do quê?" - português e redação. A resposta é instantânea e automática: "Ah, você vai me ajudar muito. Redação é meu calo, sempre me dava mal na escola." Respondo prontamente, "será um prazer ajudar".

Essa cena é mais comum do que se pensa. Com 6 anos de experiência nos cursos preparatórios ao vestibular, eu já posso prever que - na maioria dos casos - essa conversa resulta do entusiasmo inicial de alguém que está entrando para uma nova fase - a da preparação. Sei, sem ser nenhum profeta, que dali a 2, 3 meses, boa parte daqueles que reclamavam ser ruins em redação tornar-se-ão piores, pela própria vontade.

Simplesmente não gostamos de escrever, com raras e boas exceções. A isso subjaz o não gostar de ler, de interpretar, de buscar respostas não automáticas para o que se pergunta ou propõe num texto verbal ou não-verbal. Isso é o que mais se vê nas instituições de ensino: professores, de todas as áreas, reclamando da falta de leitura de seus discentes. Um caso concreto, que tenho observado nos últimos meses.

Quando vou aplicar qualquer atividade direcionada à produção de texto - especialmente em turmas de pré-vestibular - 30 ou 40% dos alunos retiram-se da sala de aula, que já não está cheia na disciplina de Linguagens e Códigos, ratificando a contradição de não se praticar aquilo que eles mesmos dizem ser sua grande dificuldade. Isso tem sido corriqueiro comigo. Se antes me sentia constrangido e preocupado com minha metodologia, hoje só posso confirmar aquilo de que já desconfiava: ninguém tem - de fato - compromisso com os estudos, a começar pela falta de interesse em exercitar a escrita. Não não tem problema: "eu quero passar no vestibular, mas não quero escrever".

27 de jun. de 2012

Um aviso, pessoal: não faço, nunca fiz monografias para outras pessoas. Em outras épocas, eu as corrigia gramaticalmente, o que é bem diferente. Além de não ter tempo para esse tipo de atividade, jamais me prestaria a contribuir com esse "cartel" em que se tem transformado a indústria dos TCCs. Eu estaria cometendo um crime contra meus princípios. Um trabalho monográfico deve ser o resultado de 4 ou 5 anos de estudos, pesquisas e busca por conhecimento. Não vou colaborar com pseudograduados, os quais representam a maior farsa que existe na aquisição do curso superior.

26 de jun. de 2012

VESTIBULAR/2013 - TEMPOS DE MUDANÇAS, ESTRANHAS MUDANÇAS

Em tese, teremos, pela primeira vez, dois processos vestibulares para a Universidade Federal do Rio Grande do Norte. Isso porque a UFRN disponibizará vagas através do processo seletivo habitual (pela última vez) e ao mesmo tempo possibilitará o acesso através do SISU, via nota do EXAME NACIONAL DO ENSINO MÉDIO - ENEM. Isso significa que o candidato inscrito no vestibular tradicional e no ENEM terá duas chances de aprovação. Por outro lado, se todos resolverem concorrer duplamente, as chances reais - em teoria - diminuem.

Não vou aqui criticar a adesão da instituição ao ENEM, coisa que já fiz em textos anteriores, até de maneira exarcebada. O que me chama a atenção é a falta de praticidade para se adequar ao tão badalado Exame. Já que - dadas as circunstâncias - isso era viável, ou o fizesse já, no processo de 2013, ou deixasse tudo para 2014. A confusão inevitável já toma conta da cabeça dos alunos - independemente da esfera (escolas públicas, particulares, cursos preparatórios). Muitos ainda nem sabem se concorrerão para a área escolhida pelo SISU (ENEM) ou pela próprio exame da Comperve, ainda que se tratem de cursos diferentes.

É preciso raciocínio e paciência para entender como se dará essa "logística". Os cursos de primeiro semestre todos serão preenchidos com base na prova da UFRN, dias 25, 26 e 27.11.2012, 03 semanas depois da realização do ENEM, cuja nota poderá também ser aproveitada na chamada do SISU - SISTEMA DE SELEÇÃO UNIFICADA, já conhecido por todos, em outros cursos - os do 2º semestre - também oferecidos pela UFRN. Ou seja, os candidatos poderão concorrer duas vezes para a mesma instituição, mas - é claro - em cursos diferentes.

No meu modo de enxergar as coisas, acredito que é preciso mais calma do que sempre se cobrou aos candidatos. Estudar, prioridade fundamental, agora torna-se ainda mais relevante. O fato é que as mudanças vão concretizando-se e não podemos ficar lamentando-as. Tenho sido crítico em relação à postura da UFRN, mas - agora - a questão parece ser a falta de uma planejamento mais adequado para que não houvesse dois processos seletivos quase simultaneamente para um mesmo órgão de ensino superior. Os alunos acreditem na sua preparação, pois isso foi e sempre será - a despeito de qualquer Exame feito para alimentar o ego do Governo - a finalidade principal de todos os candidatos.

24 de jun. de 2012

NÃO É BEM-VINDO QUEM ESTÁ PARA ATRAPALHAR

Nos ambientes onde circulamos e onde desenvolvemos nossas atividades, há sempre possibilidade de nos depararmos com pessoas inconvenientes, ou que - insatisfeitas com a vida - decidem atrapalhar o sossego de determinado lugar. Isso é terrivelmente deselegante.

Vamos começar por um local que conheço razoavelmente bem: você está numa sala de aula, especialmente numa turma preparatória a algum exame, à qual se dirige teoricamente quem deseja adquirir conhecimentos específicos, e um grupo sempre faz questão de atrapalhar a aula com conversas, cortando a todo momento a explicação do professor. Essa falta de bom senso ocorre diariamente nas instituições do segmento, representando completo sinal de desrespeito tanto ao profissional quanto  aos colegas que buscam aperfeiçoamento.

No teatro, para uma peça ou apresentação musical, alguém considera que o espetáculo está ruim e começa a gritar, xingar, difamar os artistas. Eis aí mais um exemplo de que o senso do ridículo não existe, pois todos podem ter as opiniões que quiserem, mas não podem ficar num ambiente incomodando os demais presentes, especialmente quando não apreciam o que acontece ali. Agindo assim, a pessoa acaba tornando-se inconveniente e nada de positivo se acrescenta.

Outro exemplo de insensibilidade (para não usar termo mais pejorativo) ocorre com aqueles que usam tirar o sossego dos outros pelos altos níveis de som. Seja em época de festas, seja em outras ocasiões, o fato é que as ondas sonoras invadem nossos lares, nosso trabalho, nossa privacidade para alimentar atitudes de quem quer preencher seu vazio às custas dos outros. Todos são livres para fazerem o que desejarem, mas não podem tirar a igual liberdade de seus pares. Ninguém é obrigado a deixar de trabalhar, de descansar, de sossegar, porque um indivíduo decidiu que comandaria determinado trecho com seu carro de propaganda, seu paredão de som ou simplesmente seu equipamente de última geração, cujos ruídos provocam - comprovação científica - vários danos à saúde das pessoas.


Quem vem para atrapalhar não é bem-vindo. Liberdade individual não pode interferir na falta de liberdade coletiva. Em qualquer um dos casos acima, o que verificamos é que - na maioria das vezes - os infratores é que saem fortalecidos apoiados na prerrogativa do livre arbítrio e do direito de ir e vir. E onde é que ficam os direitos dos atingidos, dos que se sentem prejudicados por atitudes pouco elegantes, que acabam afetando toda uma coletividade? Repensemos certos preceitos. Isso não é questão de Justiça, é de consciência.

"TEM MUITA GENTE" X "MUITA GENTE TEM"


Os verbos TER e HAVER têm sido, geralmente, confundidos, especialmente para indicar existência. Podemos empregá-los em iguais situações? É adequado - conforme o padrão culto - o uso de frases como "Tem muita gente procurando por você."? 

Em primeiro lugar, estabeleçamos que HAVER é impessoal e, portanto, indicando existência, deve ficar no singular. Não há sujeito na oração. Assim, as conhecidas estruturas "Há muita gente procurando por você.", "Sei que havia muitas coisa a se resolver." estão escritas segundo as normais oficiais de nosso idioma. 

O problema é quando - em especial no Brasil - tentamos construir as citadas frases subtituindo HAVER por TER, como "Sei que tem muitas coisas a se resolver.". Gramaticalmente e, para quem vai produzir uma redação no vestibular, é preciso ter certo cuidado com essa estruturação. O verbo "ter" não pode ser empregado de maneira impessoal, como procedemos em relação a HAVER. Neste caso, uma outra opção seria o verbo EXISTIR que, ainda assim, não seria impessoal; teria de concordar com o termo seguinte, o sujeito: ""Existe muita gente procurando por você." / "Existem muitas pessoas procurando por você.".

O verbo TER - quando pessoal - diferente do que vimos acima, indica posse e não existência. Assim, a expressão "Muita gente tem que..." está produzida consoante o padrão culto, ao contrário de "Tem muita gente que...". No segundo caso, dê-se sempre preferência aos verbos HAVER ou EXISTIR, se a situação comunicativa se constituir como formal.

É válido ressaltar, no entanto, que na linguagem popular, o emprego do TER  com sentido de EXISTIR/HAVER é válido e aceito normalmente, inclusive nos países como Moçambique, São Tomé & Príncipe, Angola, além do Brasil. As situações de comunicação é que devem indicar se está ou não correto o seu uso. Logo, ficará no singular, independentemente do termo seguinte, semelhante a HAVER.

Agora, deixemos claro que - como verbos auxiliares - TER e HAVER correspondem. Observemos frases do tipo "Eu HAVIA chegado em casa mais cedo.", equivalente a "Eu TINHA chegado em casa mais cedo.". Nos dois casos, respeitam-se as regras de nossa língua.

Boa escrita!

19 de jun. de 2012

PROVA UFRN - 17.06.2012 - NÍVEL SUPERIOR - QUESTÕES COMENTADAS


Ética e moralidade no Serviço Público

Costuma-se dizer que a corrupção material é o recebimento de qualquer vantagem por prática ou omissão de ato de ofício, e corrupção moral, a que precede a material, porque é óbvio que, ao receber a vantagem, já ocorreu no corrompido a deterioração de qualquer princípio de moralidade pessoal ou funcional. Tanto uma como outra podem assumir forma ativa e passiva, porque também quem oferece a vantagem indevida já não apresenta princípio moral.
A corrupção moral abrange também a corrupção de costumes, a falta de caráter particular ou nacional, o desleixo administrativo ou governamental, a falta de solidariedade num grupo humano, a indiferença pela sorte alheia ou pelo interesse público, a tolerância condescendente de superiores às falhas dos subalternos, filhos e tutelados.
Corrupção não é apenas a infração ao dever funcional praticada pelo agente público (político ou administrativo). Não é só o suborno, a taxa de urgência, o chocolate ou a falsa simpatia nos balcões para obter pronto atendimento. A corrupção exteriorizada em ato costuma proceder da corrupção bem mais ampla e, no mais das vezes, interna. Antes de ferir o patrimônio público ou particular, a corrupção degrada os valores íntimos de cada um, relativiza o costume e a cultura da virtude, anulando, pois, os princípios que mantêm a sociedade elevada e digna de seu próprio orgulho.
A degradação moral começa por pequenas concessões, pequenas inversões axiológicas em nosso dia a dia e prossegue corroendo o homem e a sociedade. É, precisamente, a tolerância de pequenos vícios, já na vida privada, que prepara a aceitação das grandes corrupções na vida pública.
Se, na convivência informal, todos já precisamos de tratos éticos, mais ainda na convivência profissional-funcional. Assim, por força da própria Constituição Federal, a ética passou a integrar o próprio cerne de qualquer ato estatal como elemento indispensável à sua validade e eficácia.
Como reforço dessa preocupação ética, a atual Constituição de 1988 também inovou no artigo 5º, inciso LXXIII, ao incluir a moralidade administrativa entre os valores básicos da República a serem protegidos por meio de ação popular. Segundo essa norma constitucional, mesmo que não haja efetivo prejuízo de ordem material ao patrimônio público, se o ato da Administração for lesivo à moralidade administrativa, deverá ser invalidado judicialmente, via ação popular, ou mesmo, antes, revisto administrativamente.
Cumprindo a norma inscrita nesse dispositivo constitucional, o legislador ordinário, através da Lei nº 8.429, de 2 de junho de 1992, cuidou de regulamentar minuciosamente as hipóteses de suspensão dos direitos políticos, a perda da função pública, a indisponibilidade dos bens e o ressarcimento ao erário em decorrência da prática de atos de improbidade administrativa, a qual abrange todos os atos imorais, ímprobos ou antiéticos.
A propósito, deve ainda ser lembrado que o legislador ordinário, normatizando sobre o assunto, através da Lei nº 8.112, de 11 de dezembro de 1990, que dispõe sobre o regime jurídico dos servidores públicos, no artigo 116, inciso IX, também determina a obediência obrigatória ao princípio da moralidade administrativa ao incluí-lo entre os deveres funcionais dos servidores públicos.
Assim, o servidor público há de ser um ético de plantão vinte quatro horas por dia, já por convicção (o homem é o retrato de suas convicções), já por coerção jurídica. Até porque a consciência ética do servidor público, nesse particular, além de restaurar a cidadania, corrige a disfunção pública no Brasil, que decorre não só da falta de recursos materiais, mas, principalmente, da conduta muitas vezes perversa no atendimento aos usuários dos serviços públicos, atentatória aos direitos humanos universalmente declarados.
Nós, sociedade civil, e o Estado, há décadas, temos falhado no processo de indução ética, pois apenas isso explica o envolvimento de tantas pessoas em tantos atos hediondos em busca, por exemplo, de mera complementação salarial. De diárias artificialmente pagas a obras e compras públicas no interesse de muitos, menos no do Estado, eis o leque da corrupção que vemos no noticiário todos os dias. O empresário corrompe o governo, e o governo corrompe o empresário. Todos querendo ou esperando tirar alguma vantagem desse quadro sombrio.
É claro que há muitas exceções. Há empresários, homens públicos e servidores estatais honestos por princípio. Mas o organismo contaminado anula boas células.
Portanto, não sejamos fracos no bem a ponto de permitirmos tantos fortes no mal. O Brasil precisa da contribuição de cada um de nós e espera que ela seja decisiva, concreta e diária, a fim de resgatarmos a virtude na vida brasileira.
Disponível em: . Acesso em: 25 abr. 2012.
01. (UFRN) Do texto, depreende-se que:
A) a corrupção material é diferente da moral, pois somente a primeira degrada valores, relativiza costumes e anula princípios.
B) a corrupção material e a corrupção moral representam atitudes ilícitas, as quais, em princípio, ocorrem de forma concomitante.
C) a corrupção material é anterior à corrupção moral. Esta representa a deterioração de qualquer princípio de moralidade pessoal ou funcional; aquela pressupõe pagamento de vantagem para prática ou omissão de ato de ofício.
D) a corrupção material e a corrupção moral podem ser caracterizadas como ativa e passiva. Em ambos os casos, esses atos ilícitos pressupõem como criminosos tanto aquele que oferece vantagem indevida quanto o que a recebe.

COMENTÁRIOS: O texto é enfático ao afirmar que “Tanto uma como outra podem assumir forma ativa e passiva, porque também quem oferece a vantagem indevida já não apresenta princípio moral.”. Na “A”, afirma-se, indevidamente, que somente uma delas degrada valores; na “B”, afirma-se, equivocadamente, que ocorrem concomitantemente, ou seja, ao mesmo tempo; vimos que a moral precede (antecede) a material; na letra “C”, inverte-se a ordem das corrupções. Sabemos que a corrupção material sucede a moral e não o contrário.  


02. (UFRN) Em relação à sua conduta, o funcionário público
A) tem de apresentar conduta ética, balizada por princípios pessoais ou por obediência obrigatória às leis em vigor.
B) deve agir, no exercício profissional diário, de modo a preservar a consciência ética dos usuários dos serviços públicos.
C) impede a ocorrência de atos de corrupção praticados por agentes públicos (políticos ou administrativos) quando age em obediência às leis.
D) garante o cumprimento dos direitos humanos universalmente declarados quando realiza atendimento adequado aos usuários.



COMENTÁRIOS. A passagem “..., o servidor público há de ser um ético de plantão vinte quatro horas por dia, já por convicção (o homem é o retrato de suas convicções), já por coerção jurídica.” justifica a alternativa “A”. o vocábulo “já” – nas duas ocorrências – indica alternância, enquanto “convicção” e “coerção jurídica” referem-se, respectivamente, a "princípios pessoais" e "obediência obrigatória às leis em vigor. A "B" é descartada, pois não se preserva a consciência ética dos usuários e sim a própria consciência; a "C" e "D" se eliminam, uma vez que não se pode nem impedir a corrupção nem garantir cumprimento de direitos humanos, apenas por se agir corretamente. Isso presume um conjunto de fatores e não somente a boa vontade dos servidores públicos.

03. (UFRN) De acordo com o texto, é correto afirmar:
A) A expressão “filhos e tutelados”, no 2º parágrafo, refere-se a parentes de pessoas na administração pública que são favorecidos com alguma função em órgãos estatais.
B) No 5º parágrafo, afirma-se que a ética passou a integrar a Constituição Federal, como forma de normatizar a convivência informal e a convivência profissional-funcional.
C) A Constituição de 1988 prevê que todo ato da Administração lesivo aos bens públicos ou à moralidade será revisto administrativamente ou invalidado judicialmente.
D) A corrupção material e a corrupção moral têm a mesma procedência: a falta de princípios éticos e a de controle mais rígido por parte da sociedade civil e do poder público.

COMENTÁRIOS: Os candidatos normalmente ficaram em dúvida entre “B” e “C”. Na “B”, afirma-se que “a ética passou a integrar a Constituição Federal,...”. A Constituição Federal, em sua essência, já presume a ética, então esta não passou a integrar aquela. A passagem seguinte justifica a resposta como alternativa "C": “...se o ato da Administração for lesivo à moralidade administrativa, deverá ser invalidado judicialmente, via ação popular, ou mesmo, antes, revisto administrativamente.”

04. (UFRN) De acordo com o texto,
A) os empresários, principais representantes da sociedade civil, envolvem-se em atos hediondos em busca de complementação salarial.
B) a aceitação das grandes corrupções na vida pública precede a tolerância de pequenos vícios na vida privada.
C) a corrupção degrada valores íntimos do cidadão sem, no entanto, anular os princípios mantenedores da dignidade da sociedade.
D) é indispensável que a ética integre a essência de qualquer ato estatal para que este seja válido e eficaz. 
COMENTÁRIOS: A passagem "a ética passou a integrar o próprio cerne de qualquer ato estatal como elemento indispensável à sua validade e eficácia." justifica, sem maiores dificuldades, a alternativa da resposta. Na "A", a informação não está clara no texto; na letra "B", a ordem está inversa; e na opção "C", afirma-se que a corrupção não anula "os princípios mantenedores da dignidade da sociedade", o que é contrário ao que aborda o texto.

05. (UFRN0 Na expressão “pequenas inversões axiológicas”, o termo em destaque
A) é relativo aos valores éticos.
B) refere-se aos axiomas sociais.
C) relaciona-se aos direitos civis.
D) significa degradação moral.

COMENTÁRIOS: O termo “axiológica” diz respeito aos conceitos éticos e morais. Uma questão de significação, em si, embora o contexto pudesse auxiliar na sua resolução. Não há muito por que alongar-se na explicação.

06. (UFRN) Os termos em destaque no período “[...] por convicção (o homem é o retrato de suas convicções), por coerção jurídica.” estabelecem uma relação semântica de
A) tempo.                                            B) alternância.
C) causalidade.                                    D) conformidade.

COMENTÁRIOS: Está claro que as duas ocorrências do termo “já” podem ser substituídas por “ou...ou”, “quer...quer” ou “ora...ora”, indicando alternância.

07.(UFRN) Observe o período a seguir.
“O Brasil precisa da contribuição de cada um de nós e espera que ela seja decisiva, concreta e diária, a fim de resgatarmos a virtude na vida brasileira.” (último parágrafo do texto).
Mantendo-se o sentido desse período, outra proposta de reescrita em conformidade com a norma padrão é:
A) O Brasil precisa que cada um de nós contribua para o resgate da virtude na vida brasileira e espera que essa contribuição seja decisiva, concreta e diária.
B) O Brasil precisa e espera que cada um de nós contribua para resgatarmos decisiva, concreta e diariamente a virtude na vida brasileira.
C) O Brasil espera que cada um de nós contribuamos decisivamente, concretamente e diariamente, e precisa que resgatemos a virtude na vida brasileira.
D) O Brasil espera que cada um de nós contribua e precisa que decisiva, concreta e diariamente resgatemos a virtude na vida brasileira.
COMENTÁRIOS: A expressão “que cada um de nós contribua” equivale a “a contribuição de cada de um nós” (oração substantiva no lugar de expressão substantiva); mesma estrutura de “para o resgate” que equivale a “para resgatar”; por último, a oração “a fim de resgatarmos” é semelhante à expressão “para o resgate”, ambas indicada finalidade. Questão de período composto, mascarada, com oração subordinada adverbial final. As demais opções sempre têm um ou outro elemento que não corresponde ao sentido da frase original.

08. (UFRN) A seguir, encontram-se fragmentos do texto com uma explicação para o uso da vírgula.
I. A corrupção exteriorizada em ato costuma proceder da corrupção bem mais ampla e, no mais das vezes, interna.” – vírgulas utilizadas para demarcar um adjunto adverbial deslocado
II. “[...] temos falhado no processo de indução ética, pois apenas isso explica o envolvimento de tantas pessoas em tantos atos hediondos [...]” – vírgula utilizada para separar a oração coordenada sindética explicativa da coordenada assindética.
III. Não é só o suborno, a taxa de urgência, o chocolate ou a falsa simpatia nos balcões para obter pronto atendimento.” – vírgulas utilizadas para separar o aposto.
IV. Há empresários, homens públicos e servidores estatais honestos por princípio.” – vírgula utilizada para marcar a supressão do verbo.
A explicação para o uso da vírgula está correta em
A) III e IV.                     B) II e IV.
C) I e III.                       D) I e II.
COMENTÁRIOS: Na proposição I, o termo "no mais das vezes" é adjunto adverbial de tempo e deveria vir ao final do período. Como está no interior da frase, considera-se intercalado (hoje em dia as bancas estão denominando de deslocado) e isso explica as vírgulas; Na II, a vírgula separa oração coordenada iniciada pela conjunção POIS. Portanto, I e II já estariam corretas, configurando a resposta. Na III, não existe aposto; na IV, o motivo das vírgulas é a separação de termos coordenados/de mesma função ou em seqüência.

09. (UFRN) Outra possibilidade de concordância verbal igualmente aceitável, de acordo com a norma culta, está na opção:
A) “Nós, sociedade civil, e o Estado, há décadas, temos falhado no processo de indução ética [...]”.
      Nós, sociedade civil, e o Estado, há décadas, têm falhado no processo de indução ética [...].   
B) “[...] os princípios que mantêm a sociedade elevada e digna [...]”.
      [...] os princípios que mantém a sociedade elevada e digna [...].
C) “Se, na convivência informal, todos já precisamos de tratos éticos [...]”.
      Se, na convivência informal, todos já precisam de tratos éticos [...].
D) “Tanto uma como outra podem assumir forma ativa e passiva [...]”.
      Tanto uma como outra pode assumir forma ativa e passiva [...].

COMENTÁRIOS: Na alternativa "A", a segunda oração está errada, visto que o sujeito "nós" não pode concordar com a forma "têm"; na "B", o sujeito "Os princípios" está no plural, portanto exigindo a forma "mantêm"; a letra "D", a expressão "Tanto uma como outra" é sujeito composto, exigindo – assim – o verbo no plural. A única alternativa que admite duas concordâncias é exatamente a letra "C", pois a palavra "Todos" pode tanto ser 3ª pessoa do plural (todos eles) como 1ª pessoa do plural (todos nós), considerando a silepse de pessoa.


10. (UFRN) A opção que apresenta o uso correto do acento grave de acordo com a norma culta é:
A) A tolerância de superiores à falhas de subalternos não é condizente com a ética e a moralidade esperadas no serviço público.
B) Das diárias às obras públicas, todos os pagamentos feitos com recursos governamentais devem obedecer aos rigores da legislação em vigor.
C) Os atos de convivência profissional do funcionalismo devem ser éticos e condizentes com a moralidade à bem do serviço público.
D) Atos estatais contaminados por corrupção são tão ofensivos que acabam por atenuar à ação de funcionários que não se envolvem em falcatruas.

COMENTÁRIOS: Na alternativa "A", o vocábulo “falhas” está no plural, incompatível com “a”, singular, para o uso do acento grave; na opção “C”, a palavra “bem” é masculina, inviabilizando o emprego do acento grave; na opção “D”, o verbo “atenuar” é transitivo direto, isto é, sem preposição, o que proíbe o uso do acento indicador de crase. Na alternativa “B”, a regência exige o emprego do acento de crase: “Das diárias a + as obras públicas”, expressão que indica origem-destino, com o emprego da preposição “a”.

12 de jun. de 2012

HAVER com sentido de EXISTIR: IMPESSOAL, PORTANTO SINGULAR


"Houveram avanços significativos na sociedade." 


"Haviam centenas de pessoas à espera."


"Haverão muitos feriados este ano."

O que as frases acima têm em comum? Muitos responderiam: "o verbo HAVER!". Vamos mais além. O que elas apresentam de semelhança é o fato de estarem escritas em desacordo com a norma culta no que tece à concordância verbal. De que modo? "Houveram" concorda com "avanços"; "Haviam" concorda com "centenas"; e, por último, "Haverão" concorda com "feriados". Diz a regra que o verbo deverá concordar com o sujeito. 

Ocorre que - nos três casos acima - "haver" pode ser substituído por "existir" e, conforme preconizam as normas, nessas situações, não existe sujeito, já que o verbo é impessoal. Logo, a forma verbal deverá permanecer na 3ª pessoa do singular. Em síntese, "haver" nunca deverá ser flexionado quando estiver no sentido específico de "existir".

Assim, o correto seria escrever ou falar "Houve avanços significativos na sociedade.", "Havia centenas de pessoas à espera." e " Haverá muitos feriados este ano.". Esse tema quase sempre é objeto de concursos públicos e processos vestibulares, geralmente confundindo os candidatos. Uma observação importante é que o próprio verbo EXISTIR tem plural, caso se exija do termo a que se refere.

Outra pergunta a se fazer seria: não existe HAVER no plural? 

Existe, sim, quando este funciona como verbo auxiliar, semelhante a TER, em frases do tipo "O menino HAVIA/TINHA feito a atividade" / "Os meninos HAVIAM/TINHAM feito a atividade". Aqui, prevalece a regra geral de concordância verbal, segundo a qual o verbo concorda com o sujeito.

Boa escrita.

INFORMAÇÕES SOBRE OS PROCESSOS DA UFRN / 2013

http://www.comperve.ufrn.br/conteudo/psanteriores/ps2013/documentos/folder_oferta_cursos_2013.pdf

8 de jun. de 2012

CONCORDÂNCIA POR ATRAÇÃO COM SUJEITO COMPOSTO

A língua portuguesa nos surpreende a cada vez que achamos tê-la dominado. Aliás, isso seria uma pretensão. Um leitor que, em primeiro momento, deparar-se com a frase "Fez a empresa e o Estado um acordo para quitar a dívida.", pode espantar-se e julgar em desvio com a norma culta. Não seria "Fizeram a empresa e o Estado um acordo para quitar a dívida."? 

Nossas regras estabelecem que o verbo "sempre" concorda com o sujeito em número, entendendo-se que, no caso do sujeito composto, teoricamente temos a forma verbal no plural. Assim, a primeira versão da frase ora analisada seria um erro grotesco à luz de tais normas gramaticais. 

Acontece que essas mesmas leis sempre encontram espaços para exceções, e aquele leitor desapercebido pode não conhecer uma convenção pela qual o verbo - vindo anterior ao sujeito composto - pode concordar com o termo mais próximo, estando plenamente amparado pela gramática normativa. 

Que soa mal uma frase dessa estirpe, temos de convergir. Mas o fato é que períodos do tipo "Ficou em casa o pai e o filho." são totalmente possíveis, tendo o escritor a liberdade de alternar para "Ficaram em casa o pai e o filho.". 

São as surpresas da língua que nos desafia diariamente. Concordância exige muito cuidado.

Boa escrita. 

1 de jun. de 2012

QUANDO TUDO PARECE RESOLVIDO...


Cassildo Souza 

Não se pode parar um só segundo
Não se pode viver para afundar
Não se deve deixar de trabalhar
Nem se deve virar um vagabundo
Não se pode fugir do nosso mundo
Não se deve o futuro antever
Nem se pode um momento enfraquecer
Vendo a vida toda hora inibido
Quando tudo parece resolvido
Ainda há muita coisa a se fazer.