22 de out. de 2014

POR QUEM COMEÇA A CORRUPÇÃO?


Antes de reclamar da corrupção do país, que há 514 anos aqui se instalou, reflita quando pediu atestado médico falso para não ir ao trabalho ou à escola; reflita quando recebeu dinheiro a mais do que deveria, por engano, e ficou calado; reflita quando usou - em benefício próprio - material do órgão / empresa onde trabalha; reflita o salário que recebeu no mês, tendo feito corpo mole na sua obrigação. 

Haveria inúmeros outros exemplos. Depois de tentar corrigir essas falhas, aí sim, comece a reclamar. Somos todos responsáveis pela honestidade ou corrupção de uma nação. Nós é que a compomos. Simples assim.

15 de out. de 2014

SEM PROFESSOR, NÃO HÁ MUDANÇAS. O BRASIL PRECISA ACORDAR



Cassildo Souza


No momento em que me encontro perdido entre provas e trabalhos para corrigir (mesmo em feriado municipal, pela emancipação política da cidade), não poderia deixar de refletir sobre a data em que orgulhosamente faço questão de estar incluído: o Dia do Professor. Para quem não sabe, esta data não constitui feriado nacional, nem estadual. Em alguns municípios, isoladamente, ela até é constituída assim, mas não na maioria dos locais em nosso país. Eis a importância que dão à função responsável por formar cidadãos e promover mudanças substanciais na vida das pessoas. Mesmo assim, orgulha-me demais - em meio a tantas dificuldades - ser um representante dessa nobre missão.

O professor (educador, em geral) é o profissional mais comprometido com a educação em qualquer aspecto: acorda cedo para ir à escola, abdica de momentos com a família para corrigir e planejar atividades; envolve-se com problemas dos alunos, muitas vezes não sanados pelas famílias; enfrenta falta de estrutura na maior parte das escolas em que atua; recebe vencimentos incompatíveis com o grau de relevância de sua função; é cobrado constantemente pelos maus resultados, como se fosse o centro das mazelas existentes; está errado quase sempre, e mesmo assim, não perde a hombridade, a grandeza, a insistência de querer propor as mudanças. Imaginem como seria se o professor deixasse de existir!

Não deixará de existir. No entanto, cada vez menos, por uma série de fatores, incluindo os que citei acima, pessoas se interessam pelas licenciaturas: há cursos - em diversas áreas - esvaziados. Não é por acaso. Que importância a sociedade, os políticos, os empresários dão a professores? Que incentivo as novas gerações têm para que possam sonhar em serem profissionais do conhecimento? Que ambientes agradáveis e adequados são propiciados a mestres e discentes, para que possam interagir na tarefa de compartilhar o mundo? Que investimentos maciços há, em qualquer parte do território nacional, para que a profissão seja atrativa? Desde o nosso descobrimento, enfrentamos essa falta de compromisso, de consciência, de atitude. Há uma dívida histórica conosco.

Ainda assim, nós não podemos baixar a cabeça. Somos valorosos, sim, com raras exceções. Muito valiosos, modéstia à parte. Somos, com todos os clichês possíveis, profissionais responsáveis por realizar mudanças. Sem professor, não há mudanças. Somos nós - cada um a sua maneira - que revolucionamos a nação. Muitos poderiam ser os exemplos citados aqui, mas não é o foco desta mensagem. Queremos, mais do que apontar fatos, reforçar a tese de que somos essenciais ao desenvolvimento do Brasil. E só nos desenvolveremos,de fato, quando acordarmos para essa realidade, quando deixarmos de colocar a educação em planos subalternos. No dia em que a discussão política (ou politiqueira), as baladas e o consumismo derem lugar ao debate sobre a educação, em cada esquina, pelos cidadãos "comuns", teremos começado a mudança. Mas não podemos nos esquecer de que essa relação deve ser recíproca. Para que tenhamos pessoas discutindo a educação, a educação das pessoas deve melhorar, a fim de proporcioná-las condições para um fórum consciente e qualificado.

Acorda, Brasil!

Parabéns a todos os professores deste país ressacado desde 1500. 

14 de out. de 2014

QUE O PERÍODO ELEITORAL PASSE METEORICAMENTE

Há um problema que nenhum candidato eleito resolverá no Brasil: o fanatismo político. A solução a isso partirá - se partir - de nós, cidadãos. Precisamos deixar o subjetivismo de lado. Se discutíssemos política em vez de brigarmos pelos candidatos, tudo poderia ser diferente.
Nunca brigarei por candidatos. Expor a opinião faz parte do exercício da democracia, mas até isso - quando feito deliberadamente nas redes sociais - tende a levar a discussão teoricamente madura para um lado que não nos interessa e que, infelizmente, só contribui para que não avancemos.
Espero que o período eleitoral passe meteoricamente, porque a maneira como as pessoas se manifestam não parece ser a mais sensata possível. Comprometer amizades e relações bem-sucedidas por causa de pessoas que não sabemos se vingarão, é um risco muito grande. Nessa parte, creio que quase não evoluímos. Ainda estamos na fase ultrapassada em que impera a seguinte lei: "O melhor para o país é sempre o lado para o qual eu voto." A maioria das análises é tendenciosa para aquilo que queremos que se afirme. O partidarismo, por incrível que pareça, ainda impera - e muito - por esses lados "sul-ocidentais", interferindo diretamente nas decisões.
Sendo difícil usarmos a razão para questões políticas, o melhor seria - em meu questionável entender - não expor as opiniões carregadas de uma "tietagem" para "A" ou "B". A eleição passará, os perdedores reclamarão e até torcerão para a situação piorar, a fim de justificar suas opiniões; os ganhadores sorrirão, mas daqui a um tempo poderão estar arrependidos. É assim sempre. Não se pode esquecer de que em várias situações seu amigo é seu adversário na hora de votar. Uma coisa não pode atingir a outra, e isso é o que temos visto nas últimas eleições, já que elas coincidiram com o "boom" das tecnologias virtuais, usadas em muitos casos não para discutir ideias e propostas, mas para provocar e ridicularizar quem pensa diferente.
Vida que segue.

1 de out. de 2014

OS "MILAGREIROS"



Vivemos numa nação onde - para se contribuir com o bem comum - as pessoas precisam ser políticos, candidatar-se a algum cargo público, num interesse repentino por participar do processo democrático. Todos resolverão os problemas crônicos vividos pela população num passe de mágica. Todos salvarão, em apenas 4 anos, a pátria que tem mais de 5 séculos. A cada fim de mandato, começam a pregar que o tempo não foi suficiente. Desculpa para a reeleição. Não à toa existe gente com 40 anos de política por aí sem ter feito nada que favorecesse à coletividade. 

Pessoas que nunca prestaram serviço relevante enquanto cidadãos, que nunca levantaram um dedo para ajudar alguém que necessitasse, surgem do nada com as ideias mais mirabolantes, com um brilhantismo incalculável e - mais surpreendente - com um desejo humanitário de causar inveja a qualquer indivíduo. É como se tivessem-se regenerado, mudado substancialmente e, desse modo, passado a se interessar pelas pessoas. Muitos deles já permanecem na vida pública há décadas; outros são estreantes na política, mas não apresentam perfil diferente dos "medalhões". E as alianças, cujas representações escritas mais parecem o alfabeto inteiro, povoam as mídias e confundem a cabeça do brasileiro. É uma mistura tão grande e sem cabimento de ideologias, que a diferença de condução não mudará muito entre quem ganhar e quem perder.

Há um visível extremismo nas propostas apresentadas por algumas figuras. Há um ufanismo que perde até mesmo para os filmes de ficção mais "xaropes" a que já assistimos. Eu chamaria os militantes políticos brasileiros de "milagreiros". Eles pregam uma mudança tão radical que contraria tudo o que tem sido feito ao longo da história brasileira. E o pior, tudo que eles pregam está totalmente em desacordo com o que a maioria deles já fez enquanto agentes políticos. Não podemos nos esquecer de que grande parte dos candidatos ou tenta a reeleição ou, já tendo sido bem-sucedida no passado, deseja voltar para o conforto dos equipados gabinetes que nós, cidadãos de verdade, os oferecemos pelos nossos tributos. 

Votar? Infelizmente, temos que escolher alguém. No caso brasileiro, o menos ruim, o menos traumático, o menos "cara-de-pau". Mas as propostas utópicas demais, longe de soar como ingenuidade dos candidatos (ninguém é ingênuo nesse segmento), para mim geram automaticamente uma distância, posto que não se trata de apertar um botão e resolver todos os problemas. Não precisamos de salvadores da pátria. Precisamos de seriedade, precisamos de competência técnica, precisamos de pessoas que não coloquem o apadrinhamento político como prioridade de suas gestões. Milagres não acontecem assim, ainda mais numa área tão delicada como a política.