1 de out. de 2014

OS "MILAGREIROS"



Vivemos numa nação onde - para se contribuir com o bem comum - as pessoas precisam ser políticos, candidatar-se a algum cargo público, num interesse repentino por participar do processo democrático. Todos resolverão os problemas crônicos vividos pela população num passe de mágica. Todos salvarão, em apenas 4 anos, a pátria que tem mais de 5 séculos. A cada fim de mandato, começam a pregar que o tempo não foi suficiente. Desculpa para a reeleição. Não à toa existe gente com 40 anos de política por aí sem ter feito nada que favorecesse à coletividade. 

Pessoas que nunca prestaram serviço relevante enquanto cidadãos, que nunca levantaram um dedo para ajudar alguém que necessitasse, surgem do nada com as ideias mais mirabolantes, com um brilhantismo incalculável e - mais surpreendente - com um desejo humanitário de causar inveja a qualquer indivíduo. É como se tivessem-se regenerado, mudado substancialmente e, desse modo, passado a se interessar pelas pessoas. Muitos deles já permanecem na vida pública há décadas; outros são estreantes na política, mas não apresentam perfil diferente dos "medalhões". E as alianças, cujas representações escritas mais parecem o alfabeto inteiro, povoam as mídias e confundem a cabeça do brasileiro. É uma mistura tão grande e sem cabimento de ideologias, que a diferença de condução não mudará muito entre quem ganhar e quem perder.

Há um visível extremismo nas propostas apresentadas por algumas figuras. Há um ufanismo que perde até mesmo para os filmes de ficção mais "xaropes" a que já assistimos. Eu chamaria os militantes políticos brasileiros de "milagreiros". Eles pregam uma mudança tão radical que contraria tudo o que tem sido feito ao longo da história brasileira. E o pior, tudo que eles pregam está totalmente em desacordo com o que a maioria deles já fez enquanto agentes políticos. Não podemos nos esquecer de que grande parte dos candidatos ou tenta a reeleição ou, já tendo sido bem-sucedida no passado, deseja voltar para o conforto dos equipados gabinetes que nós, cidadãos de verdade, os oferecemos pelos nossos tributos. 

Votar? Infelizmente, temos que escolher alguém. No caso brasileiro, o menos ruim, o menos traumático, o menos "cara-de-pau". Mas as propostas utópicas demais, longe de soar como ingenuidade dos candidatos (ninguém é ingênuo nesse segmento), para mim geram automaticamente uma distância, posto que não se trata de apertar um botão e resolver todos os problemas. Não precisamos de salvadores da pátria. Precisamos de seriedade, precisamos de competência técnica, precisamos de pessoas que não coloquem o apadrinhamento político como prioridade de suas gestões. Milagres não acontecem assim, ainda mais numa área tão delicada como a política.

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