10 de ago. de 2015

"ESSE TEMA NÃO CAI NO ENEM"

Produção textual na Central de Cursos - Currais Novos
10.08.2015

Produção textual na Central de Cursos - Currais Novos
10.08.2015

Esse tema não cai no ENEM."

Estamos há 6 anos desde a mudança drástica que ocorreu no EXAME NACIONAL DO ENSINO MÉDIO, o qual se transformou num grande vestibular, "enterrando" a maioria das seleções tradicionais para ingresso no ensino superior. Mas parece alguns não incorporaram ainda as alterações ocorridas nesse sistema e continuam - alunos ou professores - a esperar um sistema de preparação previsível, decoreba e que "vende" garantia de acerto. Isso ocorre muito com a prova de redação, um modelo no qual não se deve apoiar-se.

A possibilidade de assuntos que giram em torno da prova de redação é abrangente ao extremo. Analisando-se material didático de diversas editoras, encontram-se cerca de 70 temas diferentes indicados como possíveis de serem escolhidos pelos professores que elaboram as propostas de diversos processos seletivos, inclusive a do Enem. Ou seja, não há previsibilidade (e nem deveria haver) para o assunto a ser cobrado na produção textual. Esta é a realidade.

No entanto, alunos insistem em exigir de professores que eles acertem o tema, e alguns professores alimentam - de maneira incrivelmente inocente ou leviana - a garantia de que vão acertar o assunto da prova. Ora, se por acaso o Enem aborda um assunto coincidente com o da preparação, isso é mais do que natural. Mas não terá sido o poder de "vidente" do mestre o responsável por essa coincidência. Mesmo porque os professores geralmente trabalham inúmeros temas durante o ano. Caso fosse possível prevê-los, eles trabalhariam apenas aquele em que apostariam. É claro que se faz necessário o estabelecimento de critérios, dentro dos preceitos do Exame, que discute temas sociais em suas edições.

Estudar, ler, escrever, questionar, revisar propostas anteriores constituem atitudes sensatas e que não visa a "facilitar" a preparação. Somente com muito esforço e compromisso se poderá realizar as provas de todas as áreas com boas perspectivas. Ninguém saberá que tema será exigido e, por isso, ao tratar de qualquer temática social, ela já estará essencialmente ligada a qualquer outro que venha a cair. O resto é propaganda enganosa, que atrai muitos inocentes ou descompromissados que desejam sucesso sem suor.

5 de ago. de 2015

O PROFESSOR E A BUSCA PELO EQUILÍBRIO



O professor e a busca pelo equilíbrio

Ser professor é estar, antes de tudo, habituado às mudanças bruscas de expectativas. Um dia tudo dá certo, no outro o mundo cai. E então aquele ser ora está entusiasmado, ora está frustrado, guiado pelos acontecimentos que não obedecem a uma sequência lógica. Viver isso é mais do que comum em nossa profissão. Linearidade não existe.

Não é fácil encontrar o equilíbrio, o ponto que norteie com segurança absoluta as ações que se vão desenvolver ao longo de um dia de trabalho. E isso não significa que não haja critérios, que não se projete com clareza o que se quer. Trabalha-se para públicos muito diversificados, ainda que se insiram num grupo maior com certa padronização. As respostas nem sempre vêm de modo semelhante para os mesmos níveis. Questões que intrigam até mesmo quem já tem certa “bagagem” na área.

O fato é que – enquanto professores – somos cobrados a agir como se fôssemos máquinas infalíveis, que conseguem prever com uma precisão espetacular os eventos que ocorrerão daqui a um segundo ou daqui a meses. Essa cobrança vem de todos: da sociedade, dos alunos, mas principalmente de nós mesmos. Sabemos que infalibilidade não existe, ao mesmo tempo em que – malsucedidamente – insistimos em tentar ser perfeitos, sem equívocos. Estamos na “corda-bamba” o tempo todo.

Ser professor resume-se a esse vai e vem diário, a esse interminável processo de cair e levantar. Ser criticado hoje pelo que se elogiou ontem, ser elogiado quando não se merece e, apesar disso, tudo ter critério mais ou menos definido. E, assim, seguem as aulas, planejadas e imprevisíveis (doce contradição), seguem as inquietações, seguem as exigências dos outros sobre nós, as nossas exigências sobre os outros (os alunos). Assim segue a vida; vida que segue.  Até a próxima surpresa.