Língua: primeira manifestação cultural de qualquer sociedade. Expressão maior do ser humano, em diferentes maneiras: verbal e não-verbal; escrita e falada; culta e variante; musical e visual. Enfim, Língua Portuguesa, Língua Brasileira, língua estrangeira: sem ela, a sociedade não sobreviveria.
26 de jun. de 2016
7 de jun. de 2016
O grau de responsabilidade dos professores na aferição do conhecimento
É
comum reclamarmos do sistema educacional brasileiro, por sua qualidade
questionável, pela falta de aprendizado significativo dos alunos ou pelo ensino
tradicionalmente mecânico e cumulativo, que não tem a preocupação em formar um
cidadão que seja plenamente crítico ao sair do ensino básico. Um dos motivos desse aprendizado com qualidade
duvidosa pode estar – dentre outras razões – na aferição equivocada do
conhecimento realizada pelos professores. Não raro vemos alunos com
dificuldades no aprendizado apresentando notas quantitativas muito altas, o que
acaba por revelar uma falta de fidelidade entre o estágio em que o estudante se
encontra e o que os números demonstram.
Como
professores, devemos ter muito cuidado na atribuição de uma nota. Estou
considerando que a nota é o resultado de uma série de processos de determinado
período, uma vez que a avaliação é aspecto de extrema abrangência e envolve a
análise de várias competências e habilidades do educando. Mas, se nessa
análise, acabamos por atribuir notas incompatíveis com o resultado de uma
tarefa, acabamos também por sermos injustos, à maioria das vezes de maneira “favorável”
ao aluno. Tomemos como exemplo a nota de uma redação que o professor de Língua
Portuguesa – componente da área Linguagens – atribui a um discente. Digamos que
considerando uma série de critérios, a nota real, justa seja um 6,8. Muitas
vezes o professor, sob a justificativa de reconhecer o esforço do aluno,
atribui-lhe um 8,0, como se aquilo não viesse a ter consequências drásticas. Aquele
estudante passa a entender que o seu texto de fato vale 8, o que representa uma
distorção da realidade.
O exemplo
anterior é apenas um, dentre vários que poderíamos citar aqui. Todos os dias,
seja na escola pública ou privada, alunos conseguem rendimentos que não se
alinham a sua prática diária. Professores relativizam equívocos, deixam de
corrigir falhas, agem passivamente no intuito de favorecer um avanço de estágio
do aluno. É evidente que não vamos defender aqui a reprovação em massa, a
reprovação punitiva ou algo parecido. Mas não podemos deixar de cumprir nossa
função adequadamente, mostrando a nossos discentes as virtudes e suas
deficiências, fazendo-os ter noção clara da realidade de aprendizado em que se
encontram, para que assim tenham condições de superar as dificuldades que o
processo de ensino naturalmente apresenta. Saber quanto vale um 10,0 é de
fundamental importância, visto que ele representa a nota máxima, devendo então
ser atribuído quando uma atividade proposta for plena e competentemente
realizada.
Causa-me
preocupação, sim, essa distorção. Acontece que os professores que procuram ser
justos (eu falei “justos” e não benevolentes) muitas vezes são estigmatizados
de cruéis, de ultrapassados, de detalhistas, metódicos. Isso acaba por gerar
uma cultura em que é mais fácil ao profissional favorecer o aluno – tido equivocadamente
como o fraco, o coitado, o patinho feio. Esses conceitos nem deveriam ser
considerados. No processo de ensino e aprendizagem, há apenas posições
diferentes e não hierarquia. Os alunos são capazes de desenvolverem-se
plenamente e não nos cabe – enquanto mestres – a função de agradá-los
fazendo-os acreditar num nível que não condiz com a sua realidade. Nossa função
é, ao contrário, apontar virtudes e dificuldades, contribuindo para aperfeiçoar
aquelas e superar estas. Assim, estaremos de fato contribuindo para que esses
meninos aprendam significativamente. Temos, sim, um grau de responsabilidade
muito grande na aferição do conhecimento e na consequente atribuição dos
resultados de nossos alunos. Vale a reflexão.
Assinar:
Postagens (Atom)