Clareiras Indomáveis
Cassildo Souza
As clareiras que ficaram
São espaços obscuros
Eu já nem sei o que é certo ou errado
Presente, passado ou futuro.
Os sentimentos que acabaram
Me deixaram pelo escuro
Os tempos todos dessa vida viajaram
Fiquei aqui, me chocando nesse muro.
Se os dias não querem mais passar
As noites acompanham o seu ritmo
Tenho, muito, tentado me controlar
Procurar, encontrar um viver legítimo.
As coisas acontecem quando é tempo
Preciso mesmo é esperar a hora certa
Segundos que caminham iguais aos anos
Ver se tenho como achar uma porta aberta.
As virtudes nem sempre são tão precisas
Os defeitos quase sempre são perdoados
O anormal propõe ações indecisas
Mas eu prefiro o oposto, o menos esperado.
Talvez por isso é que tudo seja árduo
E eu me sinta mais pesado, mais intruso
O único errado, o que não é unânime
Que se expressa de um modo bem confuso.
Mas, o meu mundo interno é secreto
Nem sempre aparento o que tenho em mim
Lamentos passam, tudo passa, a vida passa
Tenho muito o que fazer antes do fim.
Teorias impraticáveis (música)
(Cassildo Souza)
A teoria é linda,
A prática é quase nada
Estamos na berlinda,
Quase tudo é roubada.
Os escritos não correspondem à maneira concreta
Todas as falas saem por sair das bocas
Todos as coisas aparentemente corretas
Por trás de tudo são certamente as mais loucas.
Tudo que é bonito é uma máscara selvagem
Tudo que é esquisito pode ser uma miragem
Tudo que os homens fazem é o oposto da verdade
E muitas vezes, as mentiras passam a ser realidade.
O mundo é o inverso,
O progresso é perverso
Ninguém dá crédito aos versos
Todos vivem bem dispersos.
Tempo vencido
(Cassildo Souza)
As pedras estão gritando
Dizendo que não existimos mais
Querem quebrar o nosso caminho
Estamos num “faz de conta”
Usados para mascarar
Uma situação
Que não vai demorar.
Quem é que vai esperar
Até o nunca mais
Nada vai chegar...
Não vamos compreender
A essência do querer
Já passou o nosso tempo
Não há mais o que merecer.
Ousamos muito
Subestimamos as situações
Agora é tarde
Somos apenas frações.
Engano
(Cassildo Souza).
Parece que já não sabes
Que a criança se foi?
Como queres me enganar
Me convencer, me driblar
Com essas idéias dispersas?
Parece até que você
Não reparou que eu cresci
Certo modo evoluí
Mudou o tempo também
E conversas do além
Não guardo em minha gaveta.
Já se encheu de tempos mórbidos
Ultrapassou os limites
Não cabe mais o supérfluo
O que seja espacial
Desejo o especial.
Sem precisar esquecer
Que o ouro virou cristal
E o vinho que era água
Transborda no rio tinto
Desse universo letal.
Anticonvencionalismo
(Cassildo Souza)
Não gosto de convenções
E nem de nada programado
Sou fã das contradições
Do que pode ser recriado.
Se há certas disciplinas
Nem sempre podem ser certas
Seguir essas linhas finas
Não deixam as visões abertas.
Convergências divergentes
Discordâncias concordantes
Os iguais bem diferentes
Corretos seres errantes.
Leis pra mim têm que servir
Pra acabar com a injustiça
Para que venham intervir
Nessa sociedade omissa.
Pensamentos que vagueiam
Compactos que se engrandecem
Os pontos que não norteiam
São coisas que se merecem.
Um mundo com vários mundos
Humanos dentro de um só
Tantos descasos profundos
Mais enrolam esse nó.
Por isso sou do momento
Não tenho hora marcada
Valorizo o sentimento
Espero o tudo do nada.
E quem quiser me seguir
Vá sabendo imediato
Não sou de querer sumir
Diante dum forte fato.
E nem sou de perder razão
Apenas não enquadro
Naquilo que só diz não
E não muda nosso quadro.
Não sou poeta,
Poetat
Mas freqüento o habitat da poesia
Relato as minhas e mundanas experiências
Como aquele que não sabe cantar
Mas consegue identificar a melhor voz
Ou o desafinar, sair do médio tom numa melodia
Sou testemunha dos escritores,
Assim como a música que denuncia a letra
Num vice-versa de opções.
Alguém já disse que todos nascem poetas,
Uns conseguem exteriorizar-se
Outros não,
A segunda opção parece ser
A mais viável
Insaciável é a minha obsessão apológica
Por essa arte,
Da qual só participo
Emancipo opiniões
Estando sempre à procura
De um lugar poeticamente correto.
Menina dos meus olhos
Não me lembro de ter visto
Olhos tão belos
Numa menina tão bela,
Talvez porque mesmo não haja,
Além desses, círculos tão perfeitos.
Da cor azul-turquesa,
Querendo imitar a água do mar,
Ou quem sabe o céu.
Um constante fitar,
Que desarma qualquer ser
Que ouse atravessar a sua trajetória.
Esse mirar celeste
Foi o que tu me deste
Quando eu tentei decifrar
A menina dos seus olhos:
MENINA DOS MEUS OLHOS.
Se o sol brilhar
Se o sol brilhar antes das seis
Sei que já chegou a vez
De selarmos os nossos laços.
Daremos um ou dois passos
Para vermos se o caminho é normal
Se podemos atingir o ideal.
E se esse brilho ocupar os nossos olhos
Estaremos aptos a nos entender
Não significa que seremos perfeitos
Apenas entraremos numa estrada
Mais tranqüila de se vencer.
Quero ver a luminosidade
Desse universo paralelo
Banhando a nossa presença
Nos afastando da escuridão.
PENSAMENTOS EXPRESSOS
"Mundo
paradoxal: crianças bagunçam, desarrumam, sujam as mãos, mancham-se
todas: tudo na pureza de sua inocência; adultos bagunçam, desarrumam,
sujam as mãos, mancham-se todos intencional e cruelmente." (Cassildo
Souza).
"Reclamamos
de trabalhar, de estudar, de nos esforçar. Queremos tudo nas mãos, sem
mérito, com facilidade, sem pagarmos o preço. Acho que estou
desaprendendo muita coisa ou não me adaptei bem ao 'novo mundo' "
(Cassildo Souza).
"Enquanto houver crianças no mundo, nem tudo estará perdido. A inocência é a prova de que o bem existe." (Cassildo Souza).
"O
tempo sempre indicará se as coisas estão feitas corretamente; nada
escapa ao seu crivo que, ora é generoso, ora aterrorizador. As mentiras
sempre sucumbem a ele." (Cassildo Souza).
"Por que a reciprocidade é tão difícil?" (Cassildo Souza)
"A pior crueldade é aquela em que o sujeito pode ajudar e acaba - de propósito - atrapalhando. (Cassildo Souza)
"Sucesso
não significa um momento instantâneo que se perde na poeira do
entusiasmo; sucesso é prevalência da convicção, a despeito de opiniões
contrárias e desconfiadas." (Cassildo Souza).
"Sistema
para ganhar seguidores no Twitter? Mais uma prova de que quantidade é o
que interessa a algumas pessoas. E depois reclamamos por que o mundo
anda tão estranho." (Cassildo Souza).
"Se
estamos vencendo hoje, é porque, certamente, travamos uma luta
gigantesca no passado, perseverando conquistas que dispensaram atos
excusos e mesquinhos." (Cassildo Souza).
Alimentar a inveja é o mesmo que dizer ao outro: "Eu sou incapaz e seu sucesso me incomoda". (Cassildo Souza).
"Falar
de espírito natalino é válido, viável e necessário; no entanto, não
precisamos esperar 11 meses e 25 dias para sermos honestos, leais e
humildes. Isso devemos exercer o ano inteiro, como Cristo teve em toda a
sua vida." (Cassildo Souza).
"Com
todos os defeitos, procuro reconhecer os meus erros, mesmo que seja
duro; outras pessoas, no entanto, ainda que se julguem melhores do que
eu, não têm tido essa atitude." (Cassildo Souza).
"Nada, por pior que seja, compara-se à falta de reciprocidade, esta é a maior de todas as mazelas." (Cassildo Souza)
"Não te abales com os medíocres, eles não te merecem." (Cassildo Souza).
"Amizade é coisa muito séria, portanto, cultive-a; perdê-la é dar milhares de passos para trás." (Cassildo Souza).
"Façamos
o que nos dá prazer e nos realize, independentemente de recompensas
materiais. A recompensa da satisfação é a maior de todas." (Cassildo)
"O
dia está ali, me chamando. Vou encontrá-lo, porque ele é impaciente e
não espera muito . Amanhã virá outro, mas preciso vencer primeiramente o
que se inicia. Bom dia." (Cassildo Souza).
"Aqueles
que se valem de determinada posição para complicar a vida alheia,
tenham cuidado. O maior posto que existe é o de Deus e ele não precisa
tornar difícil a vida de ninguém. Por que você acha que tem tal
direito?" (Cassildo Souza)
Por
que corremos tanto, trabalhamos tanto, brigamos tanto, nos
decepcionamos tanto? Desconsiderados os casos em que pessoas buscam
indignamente lugar ao sol, correr é necessário; trabalhar é necessário,
brigar é necessário e até decepcionar-se faz parte do contexto da vida.
Tudo de forma comedida é bem-vindo. (Cassildo Souza).