Cassildo Souza
Viajar, mesmo para um lugar pouco distante, tem-se tornado um incômodo para muitas pessoas que dependem do transporte público, inclusive para mim. Nós, que dependemos de horário para nos deslocarmos até outra cidade, somos o tempo todo reféns de um sistema caótico, que se arrasta por alguns anos, sem que o Estado nada faça para sanar a situação.
Veículos quebrados pela falta de manutenção poderia ser o único vilão, o que já seria muito grave. Além disso, o fator preponderante para o desgaste dos usuários é a falta de pontualidade. É evidente que todo ser humano deve ter uma percentagem de tolerância, pois nada se faz milimetricamente, não existe um cálculo perfeito entre distância e tempo. Mas a coisa atinge o limite do absurdo, quando o atraso é de 40 minutos a 1 hora em relação ao estabelecido no cronograma de uma empresa. Ficamos de mãos atadas, correndo o risco de - como acontece corriqueiramente - não cumprirmos o nosso horário de trabalho.
Se determinada companhia não tem condições de prestar o serviço com o mínimo de respeito possível ao cidadão, então as autoridades deveriam manifestar-se em favor dessa população. Acontece que, em não acontecendo o primeiro caso, deveríamos nós, os maiores interessados pela causa, fazer gestão junto aos órgãos competentes para que o caso fosse resolvido. Como não "gritamos" em favor de nossos próprios interesses, aqueles que não dependem do sistema de transporte público não estão preocupados em saber o que se passa em tal esfera, ou, se sabem, não o consideram um problema relevante.
Além da lastimável estrutura, ainda temos que aturar motoristas e cobradores estressados, mal-humorados e mal-educados - é bem verdade que em casos isolados - que não receberam o treinamento adequado ou se esqueceram do que aprenderam e que, por isso, chegam a tratar os passageiros como se fossem objetos, com uma espécie de desrespeito esperado apenas daqueles que nunca tiveram instrução alguma sobre a vida e a profissão.
Todos os problemas, juntos, compõem uma matéria para a reflexão de todos nós. Precisamos falar mais alto, cobrar dos responsáveis aquilo que é simplesmente nosso direito. Não estamos pedindo favor a ninguém, pagamos - e caro - por um serviço medíocre. Esse fato é apenas mais um na enorme lista de serviços que não funcionam satisfatoriamente em nosso País. Se analisarmos outros serviços, como água e energia, apenas para citarmos dois, veremos que somos especialistas na morosidade e falta de ação, e isso, infelizmente se nada for feito, tende a perdurar por muitos anos, transtornando a população que mais paga impostos na face da Terra.
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