15 de jun. de 2013

APRENDE-SE A ESCREVER NOS NÍVEIS BÁSICOS


Quantas vezes não ouvimos reclamações do tipo "Fulano é universitário e nem sabe escrever"? Nos últimos tempos parece que isso se tornou uma "regra". Pessoas que saem das academias totalmente despreparadas, cujo sinal primeiro vem pela incapacidade de grafar corretamente alguns vocábulos. Como profissional da área, e neste exato momento aplicando uma redação argumentativa, proponho-me a tecer algumas poucas ponderações a respeito disso. É preciso tentar entender esse fenômeno.

Quando estão nos níveis básicos, os alunos nem sempre têm o devido ensinamento de sua língua materna. Existem dois fatores, dentre muitos, que podem justificar tal deficiência: ou os professores não conseguem transmitir adequadamente tais conteúdos, seja pelo excesso de regras, seja pela falta de conhecimento (infelizmente!), ou falta-lhes tempo suficiente para que se trabalhem as competências e habilidades relacionadas à boa escrita e acentuação das palavras. O segundo caso é deplorável, mas acontece constantemente nos bancos escolares brasileiros, e o prejuízo é arcado por tais alunos em níveis subsequentes, quando o aprendizado desses tópicos dificilmente se concretizará.

Se é constrangedor sair da universidade com essas lacunas, a explicação - no entanto - não está na instância de ensino superior. Quando chegou lá, o graduando já estava prejudicado pela falta de cuidado no ensino menor, em que as bases devem-se formar, em que o zelo pelo conhecimento deve primar e quando as temáticas ensinadas solidificam-se para serem utilizadas no futuro. Então, cobrar que um aluno de nível superior saiba escrever adequadamente, apesar de ser totalmente esperado, não pode ser creditado à qualidade de seu curso universitário, uma vez que estE não é responsável por letramento. A Academia existe para o debate maduro de ideias, o qual, inclusive, depende decisivamente dessa base.

Escrever se aprende nos níveis menores, e é essa a questão preocupante no ensino brasileiro. Não estamos conseguindo nem mesmo alfabetizar funcionalmente nossas crianças e jovens. Perdemos muito tempo com excesso de "inovações" e pouca teoria, com fundamentos insuficientes para a formação escolar do educando. Fazemos muita coisa, mas ensinamos esporadicamente. Situação parecida acontece com o embasamento em matemática, o que tem causado consequencias periclitantes para o nosso desenvolvimento enquanto nação. Todos os dias, notícias da falta de engenheiros e de outros profissionais ligados às ciências exatas ocupam as mídias, reafirmando a necessidade de enfoque maior no ensino fundamental.

Estamos numa era em que se fala demais em oportunizar o acesso à universidade para alunos de camadas menos favorecidas, o que é necessário e louvável. No entanto, fazer isso sem considerar investimentos para se melhorar ensino inicial tem como conseqüência o despreparo dos egressos, os quais - sem conhecimentos mínimos de português (e matemática), que deveriam ter sido trabalhados em etapas anteriores - serão excluídos das profissões a que almejam, visto que a concorrência da atualidade é cruel e impiedosa. Não se deve cobrar do ensino universitário aquilo que é competência do nível fundamental. Dessa maneira, ter o diploma em mãos sem fazer jus a esse tal documento torna-se muito mais constrangedor do que não possuir certificado algum.

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