15 de out. de 2013

SER PROFESSOR: UMA ESCOLHA E UM DESTINO




Eu já tinha escolhido ser professor quando criança. Mas não percebia. Via-me o tempo todo ajudando os coleguinhas, na ilusão de que aquilo era apenas um gesto solidário, generoso, preocupado com o outro. E, na verdade, o era, posto que ser professor, em meu entender, é ser tudo isso: solidário, generoso, preocupado com o bem-estar de quem está ao redor. Nunca foi simples exercer tal ofício, se considerarmos os inúmeros episódios que historicamente têm permeado a educação brasileira, combatidos com maior ênfase nos últimos tempos, em que a consciência coletiva parece estar acordando.

Para tratar a fundo essas questões, prefiro reservar outro espaço e ocasião.  Vou me ater aqui ao privilégio que é ser professor (com todas as adversidades). De fato, podemos afirmar que ninguém decide ser professor, e me refiro ao professor de vocação, aquele que nasceu para exercer a profissão. Somos escolhidos para sê-lo. Pode até existir uma intenção, mas acredito que o destino, composto de uma série de aspectos, leva-nos a considerar a possibilidade de maneira gradativa e, quando nos damos conta, já estamos numa sala de aula com mais de 30 alunos, debatendo, discutindo, mostrando coisas que os alunos ainda não viram ou em que ainda precisam de uma orientação mais sistematizada.

Dificuldades na sala de aula sempre existirão. Mas todas elas acabam sendo superadas pela nossa obstinação. Sempre estamos dispostos a encontrar soluções, seja no aspecto disciplinar, seja nas questões pedagógicas, seja em relação à estrutura física. O resultado, quando positivo, acaba nos inspirando a continuar buscando a dignidade que deveria ser garantida a essa função tão especial. E, mesmo sem o apoio da maioria das autoridades, continuamos a honrar a causa maior de uma nação: a educação. Isso é uma escolha, mas certamente não pode deixar de ser um destino. Somos levados a exercer -  desculpem-me a falta de modéstia já expressa no uso da primeira pessoa – a mais NOBRE das profissões. Sem ela, as outras nem se cogitariam.

Se a educação brasileira AINDA não faliu, isso se deve aos bons professores. Se ainda não estamos numa desorganização generalizada (estamos próximos disso), é porque ainda existem escolas, mesmo velhas, caindo aos pedaços, sem material, com profissionais comprometidos em fazer o que podem (alguns até fazem o que não podem, financiando material do próprio bolso). Se alguém aprendeu a ler, é porque uma pessoa o orientou, desde as séries primeiras a reconhecer aqueles sinais, até então estranhos; portanto, esse ser chamado PROFESSOR, classe na qual me incluo com o maior orgulho que alguém teria, só pode ser mesmo diferente, muito peculiar, distinto dos demais. 

É a esse ser iluminado que devemos todas as homenagens sinceras. Digo “sinceras”, porque oportunistas não faltarão para nos congratular, afirmando que a educação é a base de um país, etc e todos aqueles clichês da demagogia. Dessas homenagens, queremos distância. Mas os agradecimentos sinceros dos alunos, dos pais e da sociedade, pela referência que nos tornamos para muitos profissionais de outras áreas, sempre serão bem-vindos. O professor ajuda a construir pessoas corretas, num país com tanta falta de correção. A nós, professores, todas as honras do mundo, porque a escolha e o destino fizeram-se presentes em nosso ofício para que pessoas pudessem virar cidadãos. 

Parabéns a todos os professores do Brasil, cuja maioria, neste momento, encontram-se trabalhando para as aulas que virão.

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