Vida virtual ou vida aparente?
Às pessoas que tanto pregam a harmonia nas redes sociais, em especial nas datas religiosas, eu sugiro que saiam um pouco da ideologia e comecem a agir concretamente. Proponho que reflitam se estão fazendo aquilo que propagam, se mantêm uma conduta adequada fora da vida virtual ou se preocupam em ser solidárias com outros indivíduos.
Na vida virtual (ou vida aparente), muitas são as receitas de paz, amor, solidariedade. Muitos são os que posam de exemplares, com discursos bem construídos (às vezes nem tanto) e com relatos de experiências bem-sucedidas. Já sabemos que - fora da rede - quase tudo é humano, mortal, egoístico, sem alegoria nenhuma. As atitudes contradizem as falácias e torna-se evidente o quanto o ar de superioridade impera nas experiências digitais.
Não é que não existam pessoas bem intencionadas, mas a porcentagem é inversa ao que se pensa em relação às de caráter duvidoso. Ninguém com bons propósitos precisa ostentar na grande rede as suas virtudes, posto que qualidades legítimas são percebidas por quem está a nosso redor. O louvor próprio nunca me pareceu razoável, mas é dessas datas que ele se agiganta. Basta utilizarmos a barra de rolagem do Facebook para nos depararmos com uma infinidade de modelos virtualmente perfeitos. Apenas virtualmente.
Se estamos mesmo em período de reflexão (e o concebo assim), que pelo menos tenhamos a hombridade de admitir nossas fraquezas, nossa inércia, nossa falta de compromisso com o que realmente importa, nossa falta de respeito às pessoas e nossa fragilidade enquanto seres humanos. É um belo início e, em meu entender, muito mais significativo do que apresentar uma realidade inexistente para nossos "pseudoamigos" da internet. Se somos tão exemplares assim, não precisamos esperar datas esporádicas para mostrarmos que não somos (ou quem não somos).
Uma Páscoa cheia de sinceridade e menos hipocrisia; menos aparência e mais atitude.
Cassildo Souza
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