Hoje amanheci nostálgico (mais do que normalmente já sou). Lembrando que está fazendo 20 anos de minha saída do ensino médio. Em 1995, aos 17 anos, no COLÉGIO COMERCIAL DE CURRAIS NOVOS (que já não se encontrava em seu auge), eu concluía o chamado "segundo grau" e ainda ensaiava nascer para o mundo. Porque é com essa idade (17, 18 anos) que começamos a nascer. Até então, somos apenas projeções.
Em duas décadas, eu posso olhar para trás e ver quanto a vida iniciada depois da saída da escola básica foi generosa comigo. Continua sendo. Lembranças inevitáveis desse intervalo me vieram à mente hoje, considerando que trabalho com adolescentes da mesma idade que eu tinha àquela época. Penso em como tudo acontece em seu devido tempo, e como foi essencial aquela formação primeira em minha vida. Eu era "apenas" o que meus alunos são hoje: jovens sonhadores, mas às vezes desprovidos de uma maturidade - o que é natural, pela fase em que nos encontramos - com mil e uma alternativas na mente, sem saber direito qual seguir, e se é possível seguir a que se deseja.
Esses 20 anos me consolidaram muito enquanto homem; mas a consolidação deles só foi possível por tudo que os antecedeu: o que aprendi na escola, complementando as orientações familiares, são um sustentáculo imprescindível e os efeitos têm mostrado isso. Eu costumo pensar que ainda sou um principiante nas coisas que faço, não quero me desgarrar dessa sensação de "amadorismo" - embora procure ser profissional - no mais positivo sentido da palavra. É a sensação de querer estar iniciando voos decisivos, mas ao mesmo tempo a consciência de que há bagagem e experiência para tocar as funções. Um misto de saudades de tempos que não voltam com a satisfação de que esses mesmos tempos provocarão - para sempre - efeitos em minha vida pessoal e profissional.
Ser nostálgico geralmente é tido como algo negativo por algumas pessoas. Fala-se que é como se não conseguíssemos nos livrarmos do passado. Eu vejo diferente. Todas as vezes que lembranças assim me ocorrem, eu me sinto privilegiado, tendo em vista poder "viajar no tempo" para uma época em que, mesmo com várias dificuldades, eu era extrema e inocentemente feliz e - não menos incrível - poder,no tempo presente, usufruir de tal período, contribuindo de alguma forma para a mesma sociedade que me acolheu.
Felicidade às vezes é isso.
Cassildo Souza.