Por ocasião da prova do Vestibular / 2009, republico aqui questões resolvidas do Processo Seletivo / 2007 UFRN, abordando período composto. Aguardem uma outra postagem com questões novas.
1. (UFRN 2007) Ocorre uma relação semântica de causa–conseqüência entre as orações que compõem o seguinte período:
A) “Não julgue o meu correspondente que os “sebos” as aceitem.”
B) “Onde o meu leitor poderá encontrá-las, se quer ter informações mais ou menos transbordantes de entusiasmo pago, é nas lojas de merceeiros [...].”
C) “Todos as aceitam e logo passam adiante, por meio de venda.”
D) “São tão mofinas, tão escandalosamente mentirosas, tão infladas de um otimismo de encomenda que ninguém as compra [...].”
A) “Não julgue o meu correspondente que os “sebos” as aceitem.”
B) “Onde o meu leitor poderá encontrá-las, se quer ter informações mais ou menos transbordantes de entusiasmo pago, é nas lojas de merceeiros [...].”
C) “Todos as aceitam e logo passam adiante, por meio de venda.”
D) “São tão mofinas, tão escandalosamente mentirosas, tão infladas de um otimismo de encomenda que ninguém as compra [...].”
Esse tipo de questão é característico da UFRN. Trata-se de período composto, embora essa nomenclatura praticamente não seja mais cobrada. O que se quer, na verdade, é medir o conhecimento do aluno sobre as relações existentes nos períodos. Assim, ao invés de se pedir para classificar as orações como subordinadas substantivas, adjetivas ou adverbiais, pede-se para que o candidato indique a relação expressa no segmento indicado: causa, conseqüência, dúvida, modo, função de adjetivo, função de substantivo, e assim por diante. Vejamos a resolução.
Consideraremos, em primeiro lugar, que a relação causa-conseqüência é indivisível: a causa sempre leva à conseqüência e a conseqüência tem sempre uma causa. Causa é o elemento motivador, provocador, enquanto a conseqüência é o resultado, o efeito provocado.
Na alternativa A, a oração subordinada "que os 'sebos' as aceitem" não expressa sentido, mas complementa semanticamente o verbo da oração principal (Não julgue o quê? - que os sebos as aceitem), então funciona como objeto direto, por isso está descartada;
Na alternativa B, a oração subordinada encontra-se intercalada (no meio do período, entre vírgulas) e expressa condição (a condição para obter-se informação de entusiasmo pago é ir às lojas dos marceeiros), portanto também está descartada;
Na letra C, o período é composto por coordenação (conjunção aditiva "e") e a relação causa-conseqüência é típica do período composto por subordinação, logo, não poderia ser a resposta;
A alternativa que resta e que constitui a resposta correta, letra D, apresenta claramente o binômio causa-conseqüencia: a causa é que “(as obras que a República manda editar) são tão mofinas, tão escandalosamente mentirosas, tão infladas de um otimismo de encomenda" e a conseqüencia, o resultado, o efeito de serem assim é "que ninguém as compra [...].”
Essa nomenclatura causa-conseqüência também poderia ser concebida como causa e efeito, bastante comum nas questões de vestibulares que envolvem período composto.
02. (UFRN/2007) A conjunção Contudo (linha 14) poderia ser substituída, sem alteração de sentido, por
A) Desse modo.
A) Desse modo.
B) No entanto.
C) Além disso.
D) Assim sendo.
C) Além disso.
D) Assim sendo.
Questão muito simples de se resolver: Contudo é conjunção adversativa, ou seja, sempre indica uma oposição entre orações de um mesmo período (composto por coordenação). Assim, ela é semanticamente igual a mas, porém, todavia, no entanto e entretanto. Mas é preciso ter cuidado, pois esse conectivo (ou articulador sintático) não se assemelha a portanto, que indica conclusão e tem como sinônimos por isso, assim, logo, desse modo, então. Nesse caso, a alternativa claríssima é a letra B - No entanto.
Quanto às demais alternativas, Desse modo e Assim sendo indicam conclusão (o mesmo que portanto); Além disso indica adição, acréscimento ( correspondentes à clássica conjunção e).
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