Antigas práticas, antigos males
Palmas Polemicus
Durante todo o período pelo qual a civilização humana transcorreu na sua evolução, princípios e valores transformaram-se acompanhando o desenvolvimento político e social da humanidade. No âmbito educacional não seria diferente. Durante muito tempo tratada com um meio de formar guerreiros – como acontecia em antigas sociedades, a espartana, por exemplo – ou ainda como um instrumento de coerção utilizado pela Igreja na procura de fiéis, a educação moldou-se de acordo com as mudanças sociais. Contudo, alguns aspectos desse passado ainda persistem em nos acompanhar no nosso presente. Um exemplo deles é o castigo corporal como uma opção de educar os menores.
Vivemos em uma sociedade contemporânea, onde qualquer indivíduo, independente de sua cor, idade ou religião, tem um amplo conjunto de direitos básicos. O castigo corporal aplicado às crianças e aos adolescentes viola o direito delas de conviver num ambiente de paz e respeito. Como podemos exigir respeito lançando mão da ignorância? Será possível ensinar a paz por meio da violência? Claro que não. Esse imenso paradoxo vem sendo aplicado há muito tempo. E nós, apesar de sermos “modernos”, educamos nossas crianças de forma semelhante aos espartanos. Embora não precisemos formar mais guerreiros.
A proposta de lei que pretende coibir essas práticas absurdas é um avanço considerável na nossa legislação. Sabemos que a educação de crianças é algo bastante reservado à família. Porém, as atitudes tomadas por esses futuros adultos são de interesse geral da sociedade, cabendo, assim, uma intervenção do Estado. Precisamos formar guerreiros, mas guerreiros cidadãos. Que lutem incessantemente por uma sociedade mais justa. Que tenham plenas convicções dos direitos civis. Que saibam irradiar o respeito, dignidade e fraternidade por todos os pilares sociais. Para isso, uma educação fundamentada na compreensão e na reciprocidade do respeito é imprescindível.
Desse modo, é uma pena necessitarmos de uma legislação específica para aprendermos a tratar os menores da maneira correta. Todavia, nada foi em vão. Os efeitos dessas medidas serão sentidos num futuro não muito distante. Crianças melhores educadas resultaram em adultos mais conscientes. É nessa perspectiva que construímos, pouco a pouco, um mundo melhor.
Proposta de redação n.º VI - Projeto de Lei contra palmadas em crianças, publicada neste blog, no endereço http://centraldasletras.blogspot.com/2010/08/proposta-de-redacao-n-vi.html.
Aluno: Clístenes Stênio
Gênero textual: Artigo de Opinião
Nota sugerida: 8,75
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