18 de jun. de 2011

ALGUMAS VARIANTES LINGÜÍSTICAS COM QUESTÕES RESPONDIDAS

VARIAÇÕES REGIONAIS

As variações regionais dizem respeito à mudança no modo de empregar a língua de um país para outro. Por exemplo, em alguns estados do Brasil, algumas pessoas dizem “soltar pipa”, enquanto que outras “soltam papagaio”; em algumas regiões, a população toma “sorvete”; em outras, toma-se “gelado”, que normalmente é usada como adjetivo.

Diferenças entre formas de expressar a língua entre um país e outro, como Brasil e Portugal, também são variações regionais.

VARIAÇÕES SOCIAIS

A idade, o sexo, o nível socioeconômico, a formação de cada indivíduo, os grupos com os quais convive são fatores que podem determinar diferenças no emprego da língua.

Uma frase como “Comprei um sapato bonitinho, todo pretinho, com um detalhezinho dourado” seria considerada aceitável se pronunciada por uma mulher. No entanto, talvez causasse estranheza se fosse dita por um homem.


VARIAÇÕES SITUACIONAIS

Como se viu, há diferenças lingüísticas ligadas ao espaço, tempo, fatores socioeconômicos. No entanto, o mesmo falante modifica a forma de empregar a língua.

Em situações distintas, usamos a língua portuguesa em função de cada circunstância específica:

· Expressão escrita ou oral;

· Situação formal ou informal;

· Destinatário íntimo ou pessoa desconhecida e/ou distante.

Um mesmo indivíduo utiliza a língua de maneira diferente de acordo com a situação em que se encontra.


NORMA CULTA E LINGUAGEM COLOQUIAL

Cada falante da língua utiliza uma variante determinada pelo momento histórico em que vive, pela região onde mora, pela classe social a que pertence, por sua formação cultural. Mas há dois padrões de linguagem que um falante de formação escolar média deve conhecer e saber explorar: a norma culta – usada em situações formais, especialmente em textos escritos; a linguagem coloquial – usada no dia-a-dia, em situações informais.

Na primeira variante, predomina a pronúncia dos r e s finais, as sílabas tônicas das palavras são respeitadas, verbos são conjugados de acordo com a gramática, regras de concordância e regência são respeitadas.

Na segunda variante, é notória a ausência dos s e r finais, o vocabulário é menos preciso, há geralmente presença de gírias e a concordância nem sempre se faz na primeira pessoal do plural (a gente faz em detrimento de nós fazemos).


ERRO E RECURSO ESTILÍSTICO

Na análise lingüística, é preciso estabelecer distinções entre o que constitui erro e o que significa apenas um recurso estilístico com vistas a provocar um efeito de sentido ou sonoro.

Assim, nem todos os desvios da norma culta podem ser chamados de “erros”, visto que muitas vezes os autores de determinados textos o procedem conscientemente. Neste caso, erros são considerados aqueles desvios que caracterizam a falta de conhecimento do usuário da língua, enquanto que recurso estilístico ou recurso expressivo é a construção fora do padrão gramatical, de maneira intencional.

01. (Fuvest – SP) Você pode dar um role de bike, lapidar o estilo a bordo de um skate, curtir o sol tropical, levar a sua gata para surfar.

Considerando-se a variedade lingüística que se pretendeu reproduzir nessa frase, é correto afirmar que a expressão proveniente de variedade diversa é:

a) “dar um rolê de bike

b) “lapidar o estilo”

c) “a bordo de um skate

d) “curtir o sol tropical”

EXPLICAÇÃO: Com exceção da alternativa "b", todas as outras apresentam variantes populares ou gírias. "Lapidar o estilo", ao contrário, apresenta-se em língua totalmente culta e padronizada.

02. (ENEM / 2008) Assinale o trecho do diálogo que apresenta um registro informal, ou coloquial, da linguagem.

a) “Tá legal, espertinho! Onde é que você esteve?!”

b) “E lembre-se: se você disser uma mentira, os seus chifres cairão!”

c) “Estou atrasado porque ajudei uma velhinha a atravessar a rua…”

d) “…e ela me deu um anel mágico que me levou a um tesouro”

e) “mas bandidos o roubaram e os persegui até a Etiópia, onde um dragão…”

EXPLICAÇÃO: A substituição de "nós" por "a gente", a redução do verbo "estar" para "tar" (ou de "está" para "tá"), bem como a omissão do "s" e "r" finais das palavras são características próprias da língua coloquial / informal.

Texto para as questões n.º 03 e 04

SONHO DE UMA NOITE DE VERÃO

Uma procissão de espantalhos,

pela miséria colorida,

pelos atalhos

vinha:

pediam vida, queriam vida!

E as suas caras eram trágicas

Porque tinham todas a mesma expressão

- que era o mesmo que não terem

E tão insuportável era aquela cara única

que a polícia atirou em cima deles bombas

de gás hilariante.

Nenhum espantalho riu.

A procissão continuou,

a procissão está agora em plena Estrada Real

enquanto

pelos atalhos

por toda a parte

por cima dos gramados

por cima dos corpos atropelados

os automóveis fogem como baratas.

Mário Quintana. Caderno H. São Paulo, Globo

03. Nesse texto, a idéia da “procissão de espantalhos” ora é indicada por verbos e expressões no singular, para marcar sua união; ora por verbos e expressões no plural, para marcar a quantidade de espantalhos. Transcreva um exemplo de cada caso.

"Pelos atalhos 'vinha'; "pediam 'vida' ", 'queriam' vida".

04. Esse emprego no singular e plural é um desvio do padrão culto da língua, pois, optando-se por uma concordância, seria de esperar que ela se mantivesse.Analise o poema com atenção e explique se o desvio deve ser considerado um erro um ou recurso expressivo.

Evidentemente, trata-se de um desvio estilístico, é um recurso expressivo utililizado INTENCIONALMENTE pelo autor, portanto não há indícios de erro gramatical, já que o autor o fez para expressar melhor o sentido do poema.

Um comentário:

IlaMüller disse...

Obrigaada!!! As dicas no seu blog são ótimas!!
Estou estudando para um concurso... e quando encontro textos explicadinhos assim é uma maravilha!!! PARABÉNS!!