Tem incomodado muita gente, mas principalmente aqueles que trabalham com Língua Portuguesa, a adoção - por parte do MEC - do livro "Por uma vida melhor", o qual desconsidera alguns elementos da gramática, como a conjugação verbal, e afirma que frases como ""A gente pegamos o peixe" estão corretas, pois considerá-las erradas constitui preconceito lingüístico.
A distorção é gigantesca. Trabalhar as variantes de uma língua, especialmente num país como o Brasil, é algo necessário, oportuno e salutar, inclusive pela maneira como os vestibulares e grandes exames têm cobrado esses conteúdos. É, sim, compreender que não existe única forma de linguagem, que é preciso ter tal consciência para se comunicar bem dentro de sua nação. No entanto, isso não quer dizer que em todas as situações tenhamos de nos comportar de maneira indefinida.
Dizer "A gente pegamos o peixe" ou "Nós pega o peixe" é compreensível. O problema não está na compreensão, está na conscientização de como cada variante deve ser empregada e em que ocasiões, principalmente porque o tal livro é direcionado a alunos de 6º ao 9º ano, fase decisiva na afirmação da língua. Se é indiferente falar ou escrever de qualquer forma, em outros segmentos também vamos deixar tudo aleatório: numa audiência judicial, não haverá problemas se alguém for de calção e camiseta; num jantar de negócios, ninguém ignorará caso uma pessoa coma com as mãos, sem talheres; alguém chegará numa repartição gritando, como se todos estivessem loucos e tudo continuará bem, sem estranhamentos.
Adequar-se à norma culta não acontece sempre. Mas há contextos específicos em que ela é necessária. Não seria viável um apresentador de TV que falasse errado, nem um texto televisivo com desvios de grafia ou de concordância, ou um advogado que faça sua defesa com termos chulos e rasteiros. E não tem sentido o argumento de que existe preconceito lingüístico ao se corrigir tal prática. Se tudo for considerado preconceito, ninguém mais precisará qualificar-se, aprender, instruir-se. Que cabimento terá ir à escola, a cursos de oratória ou de redação oficial? Tudo será inútil e nossas crianças, já pouco incentivadas quanto ao correto uso da linguagem, ficarão cada vez mais preguiçosas e inertes.
Como disse Lya Luft, pode ser que o MEC tenha deixado isso passar despercebido pela carga de trabalhos que ali existe; mas pode ser também que a adoção desse livro signifique o favorecimento a alguém, algo não muito difícil em se tratando do Brasil dos últimos tempos. Caso se trate da primeira hipótese, isso deveria ser corrigido já, sem nenhuma cerimônia, até para o Governo Federal mostrar que se tratou realmente de um equívoco e por isso precisa deixar errada uma decisão apenas para não "dar o braço a torcer". E, mais do que isso, deixar claro que variação lingüística nada tem a ver com a falta de conhecimento e falta de cultura.
A distorção é gigantesca. Trabalhar as variantes de uma língua, especialmente num país como o Brasil, é algo necessário, oportuno e salutar, inclusive pela maneira como os vestibulares e grandes exames têm cobrado esses conteúdos. É, sim, compreender que não existe única forma de linguagem, que é preciso ter tal consciência para se comunicar bem dentro de sua nação. No entanto, isso não quer dizer que em todas as situações tenhamos de nos comportar de maneira indefinida.
Dizer "A gente pegamos o peixe" ou "Nós pega o peixe" é compreensível. O problema não está na compreensão, está na conscientização de como cada variante deve ser empregada e em que ocasiões, principalmente porque o tal livro é direcionado a alunos de 6º ao 9º ano, fase decisiva na afirmação da língua. Se é indiferente falar ou escrever de qualquer forma, em outros segmentos também vamos deixar tudo aleatório: numa audiência judicial, não haverá problemas se alguém for de calção e camiseta; num jantar de negócios, ninguém ignorará caso uma pessoa coma com as mãos, sem talheres; alguém chegará numa repartição gritando, como se todos estivessem loucos e tudo continuará bem, sem estranhamentos.
Adequar-se à norma culta não acontece sempre. Mas há contextos específicos em que ela é necessária. Não seria viável um apresentador de TV que falasse errado, nem um texto televisivo com desvios de grafia ou de concordância, ou um advogado que faça sua defesa com termos chulos e rasteiros. E não tem sentido o argumento de que existe preconceito lingüístico ao se corrigir tal prática. Se tudo for considerado preconceito, ninguém mais precisará qualificar-se, aprender, instruir-se. Que cabimento terá ir à escola, a cursos de oratória ou de redação oficial? Tudo será inútil e nossas crianças, já pouco incentivadas quanto ao correto uso da linguagem, ficarão cada vez mais preguiçosas e inertes.
Como disse Lya Luft, pode ser que o MEC tenha deixado isso passar despercebido pela carga de trabalhos que ali existe; mas pode ser também que a adoção desse livro signifique o favorecimento a alguém, algo não muito difícil em se tratando do Brasil dos últimos tempos. Caso se trate da primeira hipótese, isso deveria ser corrigido já, sem nenhuma cerimônia, até para o Governo Federal mostrar que se tratou realmente de um equívoco e por isso precisa deixar errada uma decisão apenas para não "dar o braço a torcer". E, mais do que isso, deixar claro que variação lingüística nada tem a ver com a falta de conhecimento e falta de cultura.
Um comentário:
Pode vir algo bom da ideologia petista ou de esquerda?
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