14 de mai. de 2013

QUAL É A MELHOR FORMA DE EVITAR A "COLA"?


Cassildo Souza

Convivemos com um problema histórico no ambiente escolar: a "cola" na hora da prova. Até mesmo "provérbios" foram criados enaltecendo o poder que essa estratégia sempre teve para compensar a falta de preparação ou de entendimento dos alunos sobre determinado conteúdo. O mais conhecido "Quem não cola não sai da escola" nunca perdeu seu posto e isso continua sendo um grande desafio para as instituições escolares que se perguntam qual seria a melhor maneira de coibir tal procedimento.  Certamente, decisões drásticas não têm sido efetivas, até hoje.

Como educador ativo no exercício da sala de aula, proponho-me a sugerir - por experiência própria - que damos nossa parcela de contribuição para que práticas desse tipo aconteçam. Quanto mais as respostas exigidas forem objetivas, memorizáveis e menos interpretáveis, os alunos terão a facilidade de fragmentá-las para colocar em algum lugar escondido, seja na carteira, nas mãos, no bolso. Ele apenas vai, sabendo  qual assunto será cobrado, "recortar" as respostas já prontas que provavelmente cairão com mesmas palavras e construções no momento da prova. O estudante que cola escolheu não exercitar o pensamento, por isso ele procede de tal maneira. Respostas objetivas demais levam a essa possibilidade. É claro que existem as exceções, devido à natureza de alguns assuntos, mas sempre haverá possibilidade de adequação.

Se o problema existe com mais destaque no caso das questões "decorebas", a nós professores cabe pensar em estratégias que coíbam aquilo que eu considero a primeira forma de corrupção cidadã. E quando eu falo em combater tal ato não estou jamais propondo que vigiemos permanentemente o aluno esperando o momento certo para tomar-lhe a prova e atribuir nota zero na caderneta escolar. Combater a cola passa por um avanço também na concepção das propostas de enunciados das questões. Trata-se de uma mudança de mentalidade geral. Não somente em Linguagens, Códigos e suas Tecnologias, área em que atuo, mas em outras matérias, é preciso construir tarefas mais críticas que requeiram do aluno a capacidade de raciocionar com base numa situação prática. Isso não só inibe práticas reprováveis na hora da prova como ajuda a medir, de fato, a capacidade do aluno. É mais ou menos o que ocorre nos principais exames do país hoje, notadamente no ENEM.

Nós, profissionais da educação, devemos estar em constante inquietação, no melhor sentido da palavra, para que estratégias melhorem nossa prática. É evidente que isso não tem que estar relacionado diretamente à maneira peculiar como cada um exerce sua profissão. Cada um tem, e considero sagrada, a forma de transmitir o conteúdo, de cobrar empenho dos alunos e de fazer com que os conhecimentos sejam difundidos. Mas melhorar o modo como os enunciados das perguntas aparece numa tarefa escrita, por exemplo, inibirá certos procedimentos descabidos daqueles que porventura querem "facilidades" no atendimento às tarefas propostas. Quando se propõe ao discente que ele não só memorize os dados, mas que raciocine em cima deles, além de estarmos incentivando enfrentar situações-problema de modo crítico, estamos - de alguma forma - dizendo ao aluno que ele não conseguirá êxito caso não tenha havido preparação, pois a "cola", nesse caso, será totalmente inviável.

  

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