31 de ago. de 2013

POR QUE NÃO NOS EDUCARMOS DIANTE DE QUEM NOS FALA?


Nunca fui um aluno quieto, tranquilo a ponto de ficar calado na sala de aula. Às vezes, até exagerava no tom de voz - ainda que geralmente tratasse de temas relacionados à aula. Mas era tudo com limites: bastava um pedido ou olhar mais sério do professor para compreender o recado e concentrar-me nas explicações. Hoje, sem querer comparar as épocas, dá impressão de ser mais difícil obter a atenção dos alunos. Mas seria esta uma característica do brasileiro, mesmo aqueles que não estão na fase escolar? Uma marca de comportamento ou falta de educação?

Para quem é professor, uma grande dificuldade - não somente em aulas expositivas - é alcançar uma atenção maior durante atividades que requerem concentração e interação. Infelizmente, isso tem sido observado também em outros âmbitos, com outros públicos e outras faixas etárias. Em mais de uma ocasião, em eventos pedagógicos nos quais se reúnem centenas de professores, já vi palestrantes pararem sua exposição para que alguns educadores fizessem silêncio, o que constrangeu parte da plateia, especialmente aqueles de bom senso. Parece mesmo ser algo que marca a nossa gente, mas a questão é saber: simples característica ou falta de respeito? 

Com base nas situações que costumo viver no dia-a-dia, acredito que o problema seja indisciplina, no sentido mais abrangente que a palavra pode assumir. A falta de insistência em corrigir tal hábito também resulta de nossa passividade, de nosso comodismo, os quais se configuram em considerarmos tudo como normal. Continuamos a dizer, diariamente, que essas posturas são decorrentes de nossa inquietação. Fazendo isso, estamos nos distanciando cada vez mais de uma solução. O fato é que atitudes como a falta de atenção e a abordagem de assuntos paralelos aos temas de uma aula ou palestra, só dificultam a comunicação entre expositores e ouvintes, aspecto primordial para se apreender as informações.

Uma das maneiras de mudarmos essa mentalidade ingênua e sem foco é começarmos - desde agora - a conscientizarmos nossos alunos acerca do respeito e da educação que os mesmos precisam demonstrar. Falar para quem não ouve é uma tarefa árdua e desmotivadora, seja na escola, no trabalho, numa conferência, até mesmo em casa. Faz-se incoerente que o próprio interessado dificulte a comunicação daquilo que ele mesmo foi buscar. Esse aperfeiçoamento deve ser constante, pois se trata de um aspecto crucial para que haja interação entre as partes envolvidas em atividades dessa natureza. Precisamos, em regime de urgência, responder a uma questão importantíssima: "Quando será possível nos educarmos diante de quem nos fala?". 

27 de ago. de 2013

ADEQUAÇÃO LINGUÍSTICA

Na língua, o mais importante é ser bem compreendido. Existem muitas situações em que ser culto demais, em vez de ajudar, atrapalha totalmente. Veja - nas duas tirinhas a seguir - que mensagem é mais compreensível.


TIRINHA 01


 TIRINHA 02


26 de ago. de 2013

PROPOSTA DE REDAÇÃO N.º 05_2013


TRANSPARENT WORDS


It's difficult to control the climate crisis. 


Nem é preciso traduzir a frase acima, visto que a maioria dos vocábulos são palavras transparentes (transparent words). Ou seja, assemelham-se em forma e sentido nas duas línguas. Elas existem mais do que pensamos e podem facilitar a leitura de um texto em inglês.

FALSE FRIENDS


I will have LUNCH with my PARENTS.


O grupo dos FALSE FRIENDS (FALSOS COGNATOS) pode confundir uma interpretação de texto em inglês, como na frase acima.

Muda-se um pouco entre "Eu lancharei com meus parentes" e "Eu almoçarei com meus pais". A segunda é a correta.

Muitas vezes, o contexto também interfere na consideração desse grupo.

Também são FALSE FRIENDS: PRETEND, COME, LECTURE, TIME, SON, ATTENDANCE, etc. 

25 de ago. de 2013

A SOCIEDADE PRECISA DEMONSTRAR INTERESSE PELA EDUCAÇÃO


Já sabemos que as autoridades não querem ouvir falar sobre educação de qualidade; isso é secular e bem clichê. O problema é que, à medida do passar do tempo, percebemos também uma falta de interesse da população para as poucas oportunidades que o país tem oferecido. Reclamamos sempre da falta de investimento estatal nessa área (o que é totalmente verídico), mas - ainda quando existem políticas interessantes - muitos acabam preterindo-as em detrimento de outras atividades, nem sempre compensadoras no futuro.

Fico observando alguns jovens que acham politicamente correto "gritar" pela educação, pelo preenchimento das vagas de professores das disciplinas ainda não ocupadas, por uma escola decente (estão mais do que no seu direito). O problema não está aí, de maneira alguma. Ocorre que grande parte desses mesmos cidadãos não cumpre suas obrigações escolares, quando preciso, não colabora com os professores que estão atuando regularmente e acha extremamente chato raciocinar ou buscar leituras essenciais a seu bom rendimento. São revolucionários de uma causa da qual eles mesmos preferem sempre fugir. Contradição?

Nessa mesma linha, vejo pessoas da sociedade civil, incluindo grandes empresários, patrocinarem de forma maciça alguns eventos esportivos ou de entretenimento, baladas com grandes artistas, pancadões, dentre outras festividades, alguma delas até incentivando o alcoolismo precoce, desviando o foco da juventude. Em alguns casos, são aqueles que, ao serem solicitados para colaborar com uma atividade educacional, alegam falta de recursos ou, em outras situações, afirmam que tal obrigação é do governo, não da iniciativa privada. Ou seja, constituem parte de uma sociedade que sempre considera o investimento em educação como qualquer coisa que não lhe pertence ou que não lhe trará benefícios concretos, visto que os resultados tendem a vir apenas a longo prazo.

Alguns pais, por incrível que pareça, também têm sua parte nesse desinteresse: alimentam nos filhos a falta de importância que para eles caracteriza a escola. Não hesitam em levar os meninos para um final de semana diferente, desconsiderando uma aula da sexta-feira, por exemplo, sempre na mentalidade de que a escola sempre "dará um jeitinho" de sanar a situação. Pais que nunca vão a uma reunião, seja para entrega de notas, seja para abordar assuntos disciplinares. Pais que confundem a função da escola com a função da família. Os próprios - em épocas posteriores - estarão arrependidos pela superproteção que provocaram. Não priorizaram a educação, nem em casa nem na instituição escolar.

Tendemos a trocar o estudo pelas comemorações eternas que o país vive, baseado ninguém sabe em quê; tendemos a achar que a educação sempre pode esperar e não percebemos que, assim, estamos fazendo o jogo das autoridades, isso é ótimo para os políticos que não sonham em ver um país maduro intelectualmente. Apoiamo-nos numa teoria esdrúxula segundo a qual a educação deve ser sempre prazerosa e nunca baseada na necessidade do indivíduo. E sabemos que o conceito de prazeroso é muito vário, nem sempre coincidindo com o que é essencial a nosso crescimento. Achamos árduo (e, na verdade, é) estudar, conhecer, explorar, mas o problema é que transformamos isso em uma constante desculpa para adiarmos nossas obrigações. Dessa maneira, estamos fazendo com que nenhuma autoridade se preocupe em nos prestigiar. Se nós, teoricamente os mais interessados em crescermos, não demonstramos que queremos uma educação digna, não serão os "caciques" que o farão. Uma sociedade que não demonstra interesse por esse bem crucial apenas alimenta a inércia de nossos poderes públicos em relação a essa causa.

19 de ago. de 2013

PARÁGRAFOS ARGUMENTATIVOS - CONSTRUINDO DUPLA ABORDAGEM - TEMA 03


As cotas universitárias constituem também um tema muito polêmico. Já em vigor no país, com regras ajustáveis a cada instituição universitária ou tecnológica, aqueles porventura não beneficiados posicionam-se - geralmente - de forma contrária a essa política. Já os contemplados tentam sustentar um discurso politicamente correto, mas fica implícito que, havendo possibilidade de inserção, todos querem ser beneficiados com o acesso mais fácil ao ensino superior.  

A seguir, disponibilizamos posicionamento A FAVOR e CONTRA.

A favor

O acesso ao ensino superior no Brasil nunca foi realizado de maneira igualitária entre as classes sociais. A hipocrisia quer esconder que alunos de escolas públicas sempre tiveram muita dificuldade para ingressar na universidade, o que sempre acabou frustrando o futuro de milhares de jovens recém saídos do ensino médio. Dentro desse grupo, ainda existem os negros, índios e pardos, raças historicamente excluídas das oportunidades educacionais e de trabalho. Com a política de cotas, o governo - admitam ou não - está amenizando erros do passado e renovando a esperança desses meninos e meninas para sonharem com uma vida digna e futuro promissor.

Contra

Se o governo deseja desfazer desigualdades sociais e proporcionar uma educação de qualidade aos grupos historicamente excluídos, não conseguirá fazê-lo apenas com a garantia de vagas a esses alunos, sem critérios que avaliem capacidades. O processo deve ocorrer de maneira inversa. Ao investir no ensino básico das escolas públicas, o Estado capacitará melhor os futuros universitários, inclusive aqueles enquadrados nos grupos étnicos de negros, índios e pardos. Quando se tem uma base sólida, a conquista da universidade torna-se muito mais possível de se concretizar de forma equânime e, além disso, evita-se que a sociedade aponte as fraquezas dos beneficiados pelas cotas, os quais - em sua maior parte - serão vistos como "intrusos" e incapazes de competir com todos.

14 de ago. de 2013

CONTAGEM REGRESSIVA



São 73 dias para o ENEM / 2013. Como estará a nossa preparação?

O FOCO DA PROPOSTA

O FOCO DA PROPOSTA

Nas análises dos diversos textos corrigidos na preparação ao vestibular, temos deparado com um problema bastante preocupante, que - na verdade – envolve diretamente a habilidade linguística COMPREENSÃO – INTERPRETAÇÃO: o foco da proposta. Os alunos – em grande parte – não vêm conseguindo enquadrar os seus argumentos adequadamente nos temas propostos.

A seguir, exemplificaremos 3 temas de redação e 3 parágrafos de desenvolvimento que se desviam parcialmente do que foi sugerido na proposta. Depois, faremos breves análises.

1º TEMA: O VOTO CONSCIENTE COMBATE A CORRUPÇÃO, EVITANDO QUE VERBAS SEJAM DESVIADAS DOS COFRES PÚBLICOS?

"É  preciso ter consciência para não vender um bem tão precioso como o voto; quem o transfere por dinheiro ou outras vantagens está simplesmente alimentando a corrupção, pois o indivíduo eleito não terá - em tese - obrigações para com o eleitor. Para haver legitimidade do processo eleitoral, o voto não pode ser vendido, sob hipótese alguma."

Comentários: O parágrafo acima foca-se exclusivamente na compra e venda de votos, quando na verdade o correto seria abranger o combate à corrupção em geral, principalmente depois de o candidato ser eleito. Isso configura fuga parcial ao tema.

2º TEMA: O USUÁRIO DE COCAÍNA CONTRIBUI PARA O FINANCIAMENTO DO TRÁFICO E CONSEQUENTEMENTE DA VIOLÊNCIA?

"As drogas são um mal que assola o Brasil e, por esse motivo, precisamos urgentemente combatê-las. Os pais devem orientar seus filhos desde os primeiros passos, instruindo-os e acompanhando-os para que não adentrem nesse caminho. A sociedade civil também tem obrigação moral de buscar soluções para um problema que não é de um indivíduo, nem de um grupo, é da população, de todos nós brasileiros de bem."

Comentários: Apesar da boa articulação textual, este não se apresenta de maneira adequada ao tema proposto o que – no presente caso – constitui fuga quase que total ao tema proposto. O enunciado concentra-se em saber se o usuário de cocaína financia a violência, mas o redator se limita a abordar o mal que a droga traz e sugere soluções para resolver o problema, sem sequer citar a cocaína.

3º TEMA: AO REGULAMENTAR A UNIÃO CIVIL DE HOMOSSEXUAIS, O STF ACERTOU OU ERROU?

"Não aceitar a homossexualidade constitui sinal de intolerância, o que é totalmente inadmissível nos dias atuais. O mais coerente é aceitarmos as opções de cada um, por isso me posiciono em favor da união homoafetiva, defendendo que assumam suas posições e que não sejam agredidos em virtude da vida que escolheram para si. Cada um decide aquilo que melhor lhe convém."


Comentários: A proposta sugeria como tema o acerto ou o equívoco por parte do STF - SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL - quanto ao reconhecimento da união civil entre pessoas do mesmo sexo. O trecho acima, entretanto, apesar de ser bem redigido, concentra-se em defender a aceitação da homossexualidade. Isso seria viável para outra proposta. Também houve, aqui, fuga parcial ao tema proposto.


3 de ago. de 2013

PARÁGRAFOS ARGUMENTATIVOS - CONSTRUINDO DUPLA ABORDAGEM - TEMA 02


O VOTO DEVE SER OBRIGATÓRIO NO BRASIL? 

A favor

Entenda-se que - além de um direito do cidadão - o voto é um dever, uma obrigação da qual ninguém deve fugir, posto que todos precisam contribuir para o bem-estar coletivo, já que o eleito não representará ninguém individualmente. É como pagar os impostos: todos têm esse ônus, no sentido de fazer com que existam recursos para serem aplicados em áreas importantes. Do mesmo modo, as pessoas são convocadas a fazer essa escolha, assumindo a tarefa de analisar, comparar as propostas e, numa oportunidade subsequente, reivindicar os benefícios prometidos no período eleitoral. Portanto, facultar o voto seria eximir os cidadãos de seus compromissos com o bem comum e tantas lutas, como o movimento DIRETAS JÁ, tornar-se-iam sem sentido.  

Contra

Apesar de uma boa parte da população defender que o voto é um dever (a maioria vem da elite política), nem todos são obrigados a compactuar com essa tese. O voto é uma oportunidade que se dá ao cidadão para escolher seus representantes no parlamento e no comando do poder executivo. Não se pode obrigar ninguém a receber aquilo que não deseja, visto que todos têm o livre arbítrio para usar ou não aquilo que lhe pertence. Caso fosse banida a obrigatoriedade do voto, talvez o termo democracia, lugar-comum dos discursos demagogos, seria mais coerente com nosso sistema, pois apenas os interessados em participar do processo democrático habilitar-se-iam a sair de suas casas para exercer o seu DIREITO.