Dificilmente saio de casa com destino a eventos festivos - abertos ou fechados ao público. Sou de um jeito tal, que muitos me julgam como antissocial, o que, apesar do exagero, é compreensível. Ontem, a convite de um amigo, resolvi "sair da toca" e dar uma olhada no movimento. E o CACTUS MOTOFEST (ou MOTO FEST, não tenho certeza do nome), longe de ser um evento que me atraia (embora não haja nada contra), trouxe-me uma perspectiva diferente, pelo menos a título de análise, sobre como os pais controlam os filhos na "modernidade" que estamos vivenciando.
Primeiro ponto: alguns pais não limitam os lugares para onde seus filhos vão, tampouco o horário em que devem voltar, em especial aqueles com idade variando entre 11 e 13 anos; foi muito comum ver meninos e meninas dessa faixa etária transitando com euforia pelas ruas, em horas avançadas da noite, 'curtindo' o evento como se fossem maiores, desacompanhados de um indivíduo adulto. O fluxo de pessoas em festividades dessa natureza não tem um controle quanto à idade, à companhia, à procedência. Não há estrutura nem ação para isso. Muitos desses meninos são alunos que passarão o fim de semana nesse vaivém e, na segunda-feira, estarão - como de costume - dormindo na aula dos professores, os quais serão julgados como "incapazes de planejar uma aula atrativa". A cena sempre se repete.
Segundo ponto: alguns pais - na ânsia de apreciar o evento e sair da mesmice (já que perderam essa possibilidade, ao se tornarem genitores precoces, em sua maioria) - precisam levar consigo os filhos menores ou até bebês. Em se tratando de recém-nascidos, enrolam-nos em um pano e saem perambulando pelos vários pontos da festa. Mas, quando se trata de crianças entre 6 e 8 anos, os pais saem numa velocidade tremenda, atropelando tudo quando é gente, e os filhos atrás, como se estivessem desgarrados, sem a atenção devida que um ser daquela idade precisa de seus responsáveis. Cada família deve responsabilizar-se por seus componentes. Mas...é a festa. Isso é apenas a constatação de um fato corriqueiro.
As autoridades - por inércia ou por falta de estrutura - não têm firmeza no acompanhamento desse tipo de atitude. Os órgãos brasileiros, sabemos, são falhos: o poder público inexiste. Aplicam-se devidamente as leis quando um cidadão menor de 18 anos precisa ser solto: tem-se que cumprir a Constituição; no entanto, sem se observar a mesma lei, menores saem e voltam quando querem, sem o consentimento dos pais (há filhos que comandam seus lares), experimentam bebida alcoólica (isso é público e notório) e até outras substâncias. Adolescentes em idade escolar "deitam e rolam" na calada (barulhenta) da noite. Algum pai já foi punido alguma vez? Claro que não, e nunca o será. Afinal, é a festa. Ela está aí. Os pais? Nem aí!