Se sou pessimista? Às vezes, mas não sempre. Estou longe disso. O fato é que cegar para alguns problemas não faz parte do meu estilo. Não diria, por exemplo, que estamos passando - seja aqui ou no resto do mundo - por um momento interessante. É certo que nunca houve (nem haverá) perfeição, mas o fato é que vejo o Brasil e o mundo muito mais degradados do que em outros tempos. São diversos os exemplos.
Aqui no "continente", a escola - quase falida há algumas décadas - tornou-se, para grande parte dos alunos, apenas um "point" aonde vão para conversar sobre as novidades do momento. Os professores, em sua maioria mal remunerados, mal qualificados e mal-humorados, não são respeitados nem pelas autoridades nem pela sociedade. Esses adolescentes já vêm de casa como que por uma falta de opção de fazer algo mais interessante, ou "expulsos" pelos pais que desejam livrar-se deles, já que se encontram cansados de também não serem respeitados.
Em casa, os filhos comandam os pais, decidem o que estes farão em favor daqueles; fora de casa, alguns comandam quadrilhas; quadrilhas de outra categoria também se instalam nos gabinetes de autoridades políticas ou de dirigentes do futebol (sei lá se não se trata da mesma coisa...). Protestos? Sim, existem, mas com grande desorganização, como quase tudo o que acontece por aqui. Sempre com meia dúzia de insanos que se aproveitam para alimentar o discurso da elite, segundo o qual esses movimentos não passam de agitação e vandalismo. A despeito de tudo isso, a Copa - também com a grife da desorganização, talvez a mais bagunçada da história - aproxima-nos perigosamente da desgraça total.
Respondendo à pergunta inicial: não sou pessimista. Trabalho em 15 expedientes de segunda a sexta-feira, como professor; não faço das dificuldades um empecilho para não prosseguir. Não sou pessimista, posto que acredito naquilo que faço, embora saiba que jamais conseguirei mudar quase nada. Não sou pessimista, se ainda tenho esperança de ver alguma coisa com a cara diferente. Não sou pessimista, pois apesar de tudo, continuo tentando. Nós, brasileiros, somos o povo mais otimista do mundo. Tão otimista, a ponto de estarmos a 514 anos esperando que o conto de fadas que nos empurram desde 1500, aconteça a qualquer momento.
Ser realista é ter bom senso. Há coisas boas também, mas tem dado um trabalho enorme de encontrá-las, no meio de tanto descaso.
Ser feliz não significa rir, mesmo com a desordem; pelo contrário, presume ter bom senso ao observar em que situações estamos imersos, a fim de melhorarmos nem que seja um por cento do que se apresenta.
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