Cassildo Souza
Em um ano de Copa no Brasil, seria impossível imaginar que -
independentemente do resultado - as pessoas não estivessem ainda discutindo
questões relativas ao evento em si ou aos resultados da seleção com mais
títulos na história do Torneio. Fico impressionado como nós, brasileiros, nos
quais me incluo deliberadamente, temos disposição, interesse e capacidade de
discutir sobre tais assuntos. Bom seria que tivéssemos essa mesma aptidão para
discutirmos as áreas que interessam ao desenvolvimento da nação: saúde,
transporte público, infraestrutura urbana, habitação, segurança e,
especialmente, a educação.
Poderíamos aproveitar que nossas ideias estão aguçadas e
travar um debate sobre segmentos que são fundamentais a nosso crescimento.
Quando alguém posta algo sobre a educação numa rede social, logo surgem alguns
comentários de uns "gatos pingados" sobre aquilo, mas a discussão se
encerra rapidamente, como uma indicação de que temos coisas mais importantes a
fazer. Quando publicam algo sobre quem será o novo técnico da seleção
brasileira, os comentários e discussões parecem intermináveis. Repito, estou de
certa forma incluído nisso. Adoro futebol. Mas tal fenômeno reflete um pouco da
importância que damos ao crescimento geral da nação.
Precisamos conservar, sim, a cultura esportiva (em nosso
caso, cultura futebolística, ainda que nem todos gostem). Foi bom termos
realizado um evento que superasse as expectativas. Mas não podemos nos esquecer
daquilo que realmente interfere para diminuir os índices de evasão escolar, do
que ajuda a melhorar a infraestrutura urbana, a saúde, a habitação, a segurança
pública. Devemos levar a outras áreas a nossa capacidade discursiva empregada
para debater o futuro da seleção. Precisamos debater mais do que isso: o futuro
do país. Precisamos debater com tanta consciência, a ponto de não cometermos
equívocos na hora de convocar - em outubro - as peças que decidirão nossos
anseios, sob pena de levarmos - fora de campo - uma goleada no estilo 7x1, como
já tem ocorrido historicamente.
Nenhum comentário:
Postar um comentário