29 de mai. de 2008

MELHORES REDAÇÕES - INCENTIVO À LEITURA

O Projeto de Incentivo à Leitura da Central de Cursos tem por objetivo principal possibilitar ao aluno debater os temas mais intensos de nossa sociedade. São assuntos atuais que constituem parte de uma lista imensa, da qual poderá ser retirada a proposta de redação do Vestibular.
O módulo III abordou a Violência Infantil e os textos, no geral, foram muito bem escritos, comprovando que a prática leva à evolução. Aliás, é a prática textual um elemento fundamental para quem deseja atingir um nível de excelência na linguagem escrita.
Foram escolhidas e afixadas no mural da Unidade II, as 5 melhores redações, ato que será repetido a cada correção. Publico aqui a redação mais bem avaliada, que atingiu a nota 9,75.
Cenário Familiar

A violência contra crianças e adolescentes é uma triste realidade que acompanhou a evolução do homem durante séculos e séculos. Porém, ela nunca tinha ganhado tamanha importância como nos dias atuais. O fato é que os casos de violência infantil estão ocorrendo com uma maior freqüência, gerando uma enorme revolta da população, que se choca ao entrar em contato com o tipo de agressão praticada contra os nossos pequenos, geralmente dentro do próprio âmbito familiar. São dezenas de casos ocorrendo simultaneamente durante num único dia, porém, são poucos aqueles que são denunciados e expostos à sociedade.
Os tipos de agressão mais utilizados contra as crianças são a física e a sexual, praticadas, em sua grande maioria, por pessoas do próprio convívio familiar, o que provoca traumas e frustrações que serão levados por toda a vida desses pequenos. Na realidade, o papel que a família desempenha na estruturação e formação de uma criança é o mais importante se comparado com os papéis da escola, do governo e da sociedade como um todo, visto que será o seio familiar a primeira e insubstituível educadora da vida destes.
Entretanto, essa função não é mais verdadeiramente desempenhada, sendo comum encontrarmos casos em que irmãos se agridem ou, até mesmo, o pai ou a mãe maltratam seus filhos, exemplo do recente caso Isabella Nardoni, que obteve repercussão nacional. A violência contra as crianças ocorre constantemente, porém são poucos aqueles que são denunciados e punidos, fazendo com que a justiça, o governo e a sociedade não tomem conhecimento de todas as ocorrências. Desta forma, nós próprios estamos ajudando para que esse tipo de agressão seja cada vez mais comum. Não existem justificativas para a violência, pior ainda quando esta é praticada contra inocentes e indefesas crianças.
Não podemos ficar parados vendo milhares e milhares de crianças sofrerem maus tratos e agressões. A maneira mais correta de lutarmos contra isto é denunciar esses monstros e cuidar bem dos nossos pequenos. Eles serão o futuro de nosso país e colocarão em prática tudo aquilo que estão aprendendo agora.

AUTORA: NAYARA PRISCILA DANTAS DE OLIVEIRA (9,75)

26 de mai. de 2008

CARTA-ARGUMENTATIVA (GRAVIDEZ PRECOCE)

Gravilândia, GV, 25 de dezembro de 2003.

Querida filha,


Tenho-a criado da melhor maneira que um pai poderia fazer, considerando as condições por que sempre passamos no decorrer de nossas vidas. Apesar das dificuldades, nunca deixei de lhe dar o melhor de mim, procurei educá-la pensando em garantir um futuro digno para você e futuros descendentes. Entretanto, algumas de suas atitudes têm me incomodado um pouco ultimamente.
Sem querer bancar um pai “careta”, tenho me preocupado muito sobre a maneira como tem encarado as coisas em sua volta. Depois que conheceu aquele seu namorado, você virou a cabeça, jogou tudo para o alto e passou a cometer algumas imprudências: a maior delas, a falta de cuidados na prevenção de doenças ou de uma possível gravidez indesejada. Isso me deixa perplexo, principalmente pelas informações que você teve oportunidade de adquirir esses anos, o que naturalmente exigiria uma atitude totalmente diferente.
Lembre-se, não sou contra a sua maternidade. Aliás, considero o maior privilégio que uma mulher pode ter. Apenas não quero, caso isso venha a se concretizar prematuramente, vê-la desesperada pelos cantos, sem saber como agir pelo fato de não tê-la planejado. Vivemos num mundo recheado de mecanismos que ajudam a prevenir a gravidez, temos camisinha como o método mais conhecido, além de outros que você certamente os conhece. Por isso, peço-lhe que reflita um pouco sobre suas atitudes, você ainda nem concluiu o Ensino Médio, lembra? E o vestibular, o seu sonho de ser jornalista, de brigar pelos direitos dos mais fracos, como sempre dizia almejar quando era criança? Deixou-os de lado? Creio que não.
Filha, às vezes os sonhos podem ser interrompidos por falta de consciência. E é isso que lhe peço como alguém que a ama desde os seus primeiros passos, desde a época em que ainda segurava em sua mão para que andasse sem riscos de cair. Tome mais cuidado, previna-se; não jogue fora os seus anseios, as suas vontades, o seu futuro. Una o útil ao agradável. Divirta-se, sim, mas com prudência. E quanto ao resto, pode contar comigo e com a sua mãe, você sabe que estamos sempre prontos para dizer uma palavra de conforto, de apoio, de amor. Aquele amor insubstituível, que sentimos em nossos corações por essa linda menina que, num piscar de olhos, já virou mulher.


De seu pai que a ama profundamente,


Metódio Contraceptus

25 de abr. de 2008

PARÁFRASE

Paráfrase é a reconstrução de um texto com as palavras próprias, mantendo a idéia do original. Assim, pode-se resumir objetivamente qualquer texto, numa nova roupagem , sob a ótica de quem o reproduziu.

Exemplos:

"Nada do que foi será de novo do jeito que já foi um dia" (Lulu Santos/Nelson Motta)

Paráfrases:

1. Na vida, os acontecimentos sucedem-se de maneira a jamais se repetirem.

2. Se você perder uma chance, pode não encontrá-la de novo adiante.

3. Cada momento seguinte é diferente do anterior.

"Cobra que não anda não engole sapo"

Parafraseando:

1. Quem não corre atrás dos objetivos nada consegue.

2. Quem fica parado nada alcança.

3. Quem procura acha.

Como pudemos observar, as paráfrases constituem pequenos resumos, sem a preocupação de analisar a qualidade ou o teor do texto original, mas apenas reconcebê-lo com impressões próprias.

1 de abr. de 2008

CHUVAS

Cassildo Souza


Ano bissexto: 2008. A sabedoria popular, que vem profetizando condições favoráveis a um bom inverno, se confirma. A maioria de nossos reservatórios estão praticamente abastecidos, garantindo, até o presente momento, água para as necessidades humanas, animais e vegetais. Mas o ciclo chuvoso não tem trazido somente esperança e otimismo para a população. Com a incidência constante, algumas cidades estão começando a entrar em clima de pânico.
O contraste reside no fato de que, infelizmente, nossa infra-estrutura não está preparada para esse período. É impressionante como as nossas autoridades subestimam a força de um fenômeno que, como sabemos, aqui no Nordeste é irregular. Mesmo assim, não se justifica que, por causa dessa inconstância, estejamos sempre desprovidos de recursos suficientes para garantirmos o mínimo de segurança e conforto principalmente àqueles que moram em locais mais críticos, onde ocorrem alagamentos, desabamentos, falta de acesso a escolas, a hospitais, ao trabalho. Onde a água parada assusta como criadouros do mosquito Aedes Aegypti.
Contudo, as ações não se limitam à obrigação do governo para que as águas tenham uma destinação adequada. A população também precisa cumprir o papel de cidadania, evitando poluir as ruas, fazendo a coleta de lixo regularmente. Como é sabido, uma das coisas mais preocupantes quando chove são exatamente os entulhos que impedem a passagem das águas e muitas vezes causam os alagamentos. Se não houver interação entre Estado e comunidade, as chuvas, contraditoriamente, trarão muitos prejuízos para nós.
É preciso que haja conscientização dos benefícios e dos malefícios que o inverno pode trazer. Chuva sempre é bem-vinda, desde que estejamos prontos para recebê-la, de braços abertos, para desaguá-las nos açudes, rios, mares e oceanos. Afinal, “águas que movem moinhos são as mesmas águas que encharcam o chão”. Vencer esse paradoxo implica articulação de ações concretas, políticas preventivas e eficientes, com a participação ativa do cidadão.

5 de mar. de 2008

REVOLUÇÃO

Cassildo Souza
Historicamente, o negro e a mulher sempre foram alvos de discriminação e preconceito, e por esse motivo não desfrutavam dos mesmos direitos oferecidos às demais facções da sociedade. Votar, por exemplo, era um privilégio apenas para o indivíduo do sexo masculino, desde que sua cor não fosse escura. Com o romper das eras, entretanto, os dois grupos conseguiram vitórias duras, mas consideráveis, do ponto de vista social.
Poderíamos citar, aqui, uma série de exemplos que justificam essa ascensão. Mas o que devemos observar com mais carinho é a possibilidade de a maior potência mundial, os Estados Unidos, ter brevemente em seu comando um representante de uma dessas duas classes: a senadora Hillary Clinton, ex-primeira dama da Casa Branca, ou Barack Obama, senador negro por Illinois, que disputam voto a voto a indicação do Partido Democrata para concorrer ao pleito que definirá o Presidente do País, em novembro próximo. Caso um dos dois vença o certame, teremos ratificado ainda mais o acesso das classes menos favorecidas a postos que nem sempre fizeram parte de sua história.
Como reagiriam as demais nações diante desse fato? Os Estados Unidos têm sido, nos últimos tempos, alvo de inúmeras críticas pelos gestos de arrogância e prepotência protagonizados pelo atual Presidente George W. Bush. Contraditoriamente, esse mesmo país consegue dar um exemplo de democracia e de consciência moderna, comprovando que a etnia, a cor, o sexo ou qualquer outra característica particular em nada interfere na capacidade de pensar, de criar formas para se ter um mundo melhor.
Barack Obama e Hillary Clinton assumem, nas eleições presidenciais dos EUA, uma condição bastante privilegiada para as respectivas classes e demonstram que a mulher e o negro deram um salto irreversível nos segmentos social, político, econômico e cultural. Estamos provavelmente prestes a testemunhar um acontecimento que marcará o início do século 21, e a América poderá servir de exemplo de como se deve pensar modernamente, para as outras nações desse mundo tão diverso e paradoxal.

26 de fev. de 2008

Ser poeta é andar cantando o mundo

Quem quiser entender a criação
Do poeta repentista, cantador
Escritor de sonetos, trovador
Ou até quem compõe uma canção
Que se expõe e que abre o coração
Do que é belo sem se comprometer
Vai poder nessa hora conhecer
O sentimento do peito oriundo
Ser poeta é andar cantando o mundo
Retratando as coisas do viver

Ser poeta é ser um bem vivido
É falar das coisas do Nordeste
É compor do Oeste até o Leste
É pedir pra o Brasil ser dividido
É falar do que temos já sofrido
Mas nem sempre a vida é padecer
Muito mais uma forma de entender
Nosso povo em grau muito profundo
Ser poeta é andar cantando o mundo
Retratando as coisas do viver

É ainda escrever em prosa e verso
Ser moderno, romântico, realista
Improvisar, cantar, ser repentista
E andar por um mundo não disperso
Qualquer coisa assim não desconverso
Isso faz qualquer um resplandecer
A magia que é um bem querer
De rimar em menos de um segundo
Ser poeta é andar cantando o mundo
Retratando as coisas do viver

É pegar e ser pego de surpresa
É girar o mundo todo em uma volta
É demonstrar alegria ou revolta
É entender a feiúra e a beleza
Conhecer humildade e avareza
É sorrir, é chorar é perceber
É sentir o que venha aparecer
Do honesto até o vagabundo
Ser poeta é andar cantando o mundo
Retratando as coisas do viver

É Viver a Natureza nua e crua
Escrever a sensibilidade
Relatar a mentira com verdade
Ler a Terra, Ler o sol e ler a lua
Inspiração que é uma arma sua
Vem de longe, de dentro de seu ser
E o poeta estará a descrever
O correto, o errado e o imundo
Ser poeta é andar cantando o mundo
Retratando as coisas do viver.

18 de fev. de 2008

DISCURSO DIRETO E INDIRETO

Transformação do Discurso Direto em Discurso Indireto

Discurso Direto

Discurso direto caracteriza a fiel reprodução da fala dos personagens. Pode ser marcado por travessões ou aspas, indicando exatamente o que teria sido dito na ocasião dos acontecimentos. É de praxe que o discurso reproduzido seja antecedido de verbo de elocução (falar, dizer, contar, explicar, perguntar etc). Vejamos exemplo abaixo:

Tenho certeza de que ninguém ouviu minha resposta, mas todos adivinharam qual foi, porque ela arregalou os olhos e exclamou:
- Uai... as necessidades neste saquinho? No avião não tem banheiro?

Observe que o trecho em negrito representa a fala da personagem. Ou seja, não foram adaptadas à voz do narrador.

Discurso Indireto

Nessa modalidade de discurso, as falas dos personagens são adaptadas à do narrador, ou seja, não há reprodução fiel e, por isso, a temporalidade do verbo é passada em relação à do discurso direto. Vejamos como ficaria a estrutura do exemplo mencionado para o discurso direto:

Tenho certeza de que ninguém ouviu minha resposta, mas todos adivinharam qual foi, porque ela arregalou os olhos e indagou se as necessidades seriam realizadas naquele saquinho, questionando se o avião não possuía banheiro.


Observe que há, claramente, uma acomodação do texto do personagem para o texto do narrador.


Discurso Indireto Livre

Nessa modalidade de discurso, as falas do narrador e dos personagens são fundidas, convertendo-se em uma só e indicando uma indefinição. Na estrutura textual, aparece dentro do texto do narrador, mas constitui um segmento que poderia ser pronunciado por um dos personagens.

Luiz adorava ler em momentos de descanso. Não havia uma hora vaga, um minuto livre, em que ele não ficasse de pestanas paradas, concentrando-se em alguma história de amor. Que coisa, cadê a vontade de dormir, de comer, de conversar? Só havia tempo para a leitura.


Não há como atribuir, exatamente, se o trecho destacado refere-se à voz do narrador ou à voz do personagem.

12 de fev. de 2008

PREVENIR OU REMEDIAR?

Por Cassildo Souza(*)
Entre os debates mais intensos que permeiam a sociedade atual, uma questão que não pode ser colocada em segundo plano certamente é a descriminalização do aborto. Os que defendem tal legalidade afirmam que, uma vez aprovada, a lei priorizaria o acesso a métodos seguros de extração, em caso de gravidez indesejada, com a justificativa se preservar a vida da mãe. Porém, o caminho mais coerente seria incentivar a prevenção, ao invés de se alimentar a prática de um crime na mais aceitável significação da palavra.
Vivemos em um mundo rodeado de informações, e as campanhas promovidas pelos órgãos de saúde competentes, se não são ideais, também não permitem alegar-se a falta de conhecimento a respeito do assunto. Por ano, são distribuídos milhões de camisinhas e outros mecanismos capazes de evitar que o indesejado (quase sempre inesperado) aconteça. Se, mesmo assim, o índice de adolescentes que dão a luz cresce assustadoramente a cada ano, com a possibilidade de o aborto tornar-se legal, isso aumentaria numa velocidade ainda maior.
Não sendo bem-sucedidas como deveriam, as estratégias de conscientização para se prevenir a gravidez, como em qualquer outra campanha, devem evoluir; outros meios devem ser criados. Podemos citar que algumas doenças foram erradicadas no passado, por terem sido combatidas veementemente. Descriminalizar o aborto, além de constituir uma motivação para o descompromisso com a vida, atesta a incapacidade do Estado para resolver questões sérias e urgentes.
A atitude mais sensata é sempre eliminar o problema em sua origem, em qualquer que seja a situação. Não se concebe mais, a essa altura, recorrer a mecanismos imediatistas para sanar algo que poderia ter sido suprimido no passado. Os exemplos do insucesso estão em toda a parte: por não se investir em educação é que se corre atrás de bandido, vive-se inúmeras epidemias e, para completar, ainda se quer permitir a castração de uma vida, antes mesmo de ser concretizada.
*Autor deste blog

11 de fev. de 2008

ARRUMAR O HOMEM

"Não boto a mão no fogo pela autenticidade da estória que estou para contar. Não posso, poré, duvidar da verdade da pessoa de quem a escutei e, por isso, tenho-a como verdadeira. Salva-me, de qualquer modo, o provérbio italiano: "Se não é verdadeira...é muito graciosa!"
Estava, pois, aquele pai carioca, engenheiro de profissão, posto em sossego, admitindo que, para um engenheiro, é sossego andar mergulhado em cálculos de estrutura. Ao lado, o filho, de 7 ou 8 anos, não cessava de atormentá-lo com perguntas de todo jaez, tentando conquistar um companheiro de lazer.
A idéia mais luminosa que ocorreu ao pai, depois de dez a quinze convites a ficar quieto e a deixá-lo trabalhar, foi a de pôr nas mãos do moleque um belo quebra-cabeça trazido da última viagem à Europa. "Vá brincando enquanto eu termino esta conta", sentencia entre dentes, prelibando pelo menos uma hora, hora e meia de trégua. O peralta não levará menos do que isso para armar o mapa do mundo com um os cinco continentes, arquipélagos, mares e oceanos, comemora o pai engenheiro.
Quem foi que disse hora e meia? Dez minutos depois, dez minutos cravados, e o menino já o puxava triunfante: "Pai, vem ver!" No chão, completinho, sem defeito, o mapa do mundo.
Como fez, como não fez? Em menos de uma hora era impossível. O próprio herói deu a chave da proeza: "Pai, você não percebeu que, atrás do mundo, o quebra-cabeça tinha um homem? Era mais fácil. E quando eu arrumei o homem, o mundo ficou arrumado!"
"Mas esse garoto é um sábio!", sobressaltei, ouvindo a palavra final. Nunca ouvi verdade tão cristalina: "Basta arrumar o homem (tão desarrumado quase sempre) e o mundo fica arrumado!"
Arrumar o homem é a tarefa das tarefas, se é que se quer arrumar o mundo.
Dom Lucas Moreira Neves, Jornal do Brasil, janeiro, 1997.

LER: CONDIÇÃO PARA ESCREVER

Todo exame vestibular, os candidatos “enlouquecem” preocupados com o que a prova de redação deverá cobrar como tema. Por mais que se trabalhem assuntos diversos o ano todo, e que se apresente toda a teoria com a formatação dos gêneros textuais, a questão parece ganhar uma importância maior a cada ano. Os resultados obtidos geralmente ficam aquém do se espera.
Qual seria a explicação para isso? Simples. As escolas não dão o incentivo devido aos alunos no âmbito da leitura. É a partir dela que surgem descobertas e, consequentemente, idéias novas. Quando se lê, obtêm-se informações antes ocultas, e a possibilidade de se abordar determinado assunto aumenta. Ou seja, a leitura é, sem dúvida alguma, a matéria-prima da redação.
Fazemos referência, aqui, à leitura em seu mais amplo sentido. Não se trata apenas de estar visualizando um aglomerado de letras em um livro. É preciso concebê-la em vertentes mais aprofundadas. Quando se assiste a um noticiário, quando se analisa uma pintura, quando se vê uma peça de teatro, o aluno está adquirindo uma leitura de mundo. E é esse conhecimento que lhe abrirá portas para que consiga enxergar não apenas o superficial, mas o que se esconde por trás das entrelinhas. Por exemplo, como pode alguém discorrer sobre as conseqüências do fim da CPMF, sem ao menos saber o que realmente ela quer dizer? E só é possível conhece-la lendo revistas, assistindo aos jornais e mesmo consultando alguém com conhecimento de causa. Isso gera leitura de mundo.
Portanto, é necessário que as instituições, principalmente no Ensino Fundamental, reúnam condições para que sua clientela estudantil tenha a maior parte do tempo contato com informações, porque nos dias atuais, ninguém pode se queixar disso, as redes estão por toda a parte, cabe-nos procurar o que constitui matéria interessante e que atendam às nossas necessidades de conhecer.

INÍCIO DE UM PROJETO

Amigos,


Estou iniciando um projeto, com o intuito de ampliar a relação com meus alunos, colegas e a quem mais interessar, que porventura se mostrem empenhados em melhorar o exercício de sua língua pátria. Este espaço será destinado a tira-dúvidas, debates, discussão sobre música, cultura, problemas sociais (sem fanatismo, pelo amor de Deus) e a outros aspectos igualmente importantes.
É o início de uma caminhada em favor da boa expressão da Língua, da compreensão de suas variações e da apreensão dos principais pontos exigidos em concursos e vestibulares, dentro de nossa conjuntura. É, também, uma maneira de exteriorizar várias formas de manifestação e de inquietação com alguns aspectos que permeiam o mundo.

Sejam bem-vindos,

conto com vocês.

Cassildo.

Mote Impacto Profundo (Cassildo Souza)

EU NÃO SEI AONDE PISO
NÃO SINTO MEUS PÉS NO CHÃO
NÃO SOU CHEGADO A VILÃO
E SE EU POSSO MORALIZO
AS CORRENTES QUE AQUI FRISO
NÃO CONCORDO UM SÓ SEGUNDO
HÁ VARIAÇÕES NO MUNDO
QUE MUITO NOS PREJUDICAM
E AO QUE AS COISAS INDICAM
O IMPACTO É MUI PROFUNDO.

SEM QUERER PERFECCIONAR
TUDO ANDA NADA BOM
NO EMBALO DESSE TOM
EU QUERO DENUNCIAR
O QUE QUEREM PROPICIAR
É EXTREMAMENTE IMUNDO
AS VIRTUDES DESSE MUNDO
DO POVO ELAS ABDICAM
E AO QUE AS COISAS INDICAM
O IMPACTO É MUI PROFUNDO.

O NOVO OESTE ACABADO
MÉDIO LESTE SEM UM RUMO
JÁ ESTÁ PERDENDO O PRUMO
O PLANETA ESTAGNADO
VELHO MUNDO ESTÁ NUM NADO
ENVOLVIDO NUM INUNDO
ENCRAVADO EM UM FUNDO
E OS HOMENS NÃO SE APLICAM
E AO QUE AS COISAS INDICAM
O IMPACTO É MUI PROFUNDO.

AINDA TEMOS OS VULCÕES
COISAS QUE ME DEIXAM MUDO
E ALÉM DE ISSO TUDO
MAREMOTOS, FURACÕES
TERREMOTOS, EXPLOSÕES
VERTENTES QUE ME APROFUNDO
NÃO SEI ONDE PÁRA O MUNDO
O QUE É RUIM ELES PRATICAM
E AO QUE AS COISAS INDICAM
O IMPACTO É MUI PROFUNDO.

AVIÕES DESPEDAÇANDO
HIPOCRISIAS MAIORES
NÃO VEJO COISAS MELHORES
VEJO MASTROS DESABANDO
OLHO CABEÇAS ROLANDO
NO PLANETA MORIBUNDO
O AMBIENTE É FECUNDO
HUMANOS O MULTIPLICAM
E AO QUE AS COISAS INDICAM
O IMPACTO É MUI PROFUNDO.

MENTES SEM RACIOCÍNIO
FRACOS CÉREBROS PENSANDO
CRIAÇÕES NOS INTRIGANDO
PELA FALTA DE FASCÍNIO
AMBIENTE HETERONÍMIO
PENSAMENTO VAGABUNDO
TÓPICOS DE UM SUBMUNDO
QUE NADA EXEMPLIFICAM
E AO QUE AS COISAS INDICAM
O IMPACTO É MUI PROFUNDO.

7 de fev. de 2008

Incertezas (Cassildo Souza)

Ciente de que de nada estou certo
Ando pelo mundo das muitas incertezas
Sem saber onde parar, qual o limite
Sem ter noção, flutuando nas profundezas.

Certeza eu tenho que nada me assegura
Não duvido de nada por que não posso
Não tenho autoridade para nada contestar
Já que essa incerteza insiste em me cercar.

Estou situado no planeta incerteza
Quem nele habita é chamado de perdido
O seu alimento ideal deve ser razão
Que abastece o espírito combatido.

Mas, a escassez desse sentimento é nítida
E os perdidos ou incertos têm dificuldades
De se livrarem desse fenômeno incômodo
Que coloca em risco todas as verdades.

Se bem que verdades, nesse mundo falado
Não são tão notáveis, visto que ele é incerto
E neste mundo eu tenho vivido há tempos
Sem nenhum sinal de reversão por perto.

Isso tudo faz com se chegue a um consenso
Que, na realidade se constitui em bom senso:
No mar das questões concretas,
Estou afogado em todas as respostas incertas.

Elos Impossíveis (Cassildo Souza)

Inconveniências e contradições
Incoerências e ambições
Que se assemelham aos problemas sociais
Que nos conduzem a dizer “nunca mais”.

Incomunicação consciente, impossível
Ambiência negativamente incrível
Incapacidade de reciprocidade
Mútua distorção da liberdade.

Seres da completude que não se complementam
Inadmissíveis atitudes que alimentam
Intransmissões de fluídos de pensamentos
Desconexão prevista para eternamente.

E o laço se desfaz em oportuno
(Hipocrisia, nada que seja uno)
Sela-se o fim do ciclo duvidoso
Que alivia e traz um mundo luminoso

15 de jan. de 2008

UFRN INOVA PARCIALMENTE NA PROVA DE REDAÇÃO

Aconteceu mesmo o que se previa: a UFRN inovou, embora parcialmente, na prova de Redação. Já estava definido que o texto solicitado aos candidatos seria de cunho persuasivo, ficando entre CARTA-ARGUMENTATIVA e ARTIGO DE OPINIÃO. No Vestibular 2007, a segunda opção havia sido escolhida, mas este ano, a Carta-Argumentativa foi o modelo indicado para se desenvolver o texto.
O tema abordado foi a corrupção, em detrimento do aquecimento global, também tido como um dos favoritos. Portanto, houve mudança no gênero textual, mas em relação ao tema, não houve grandes surpresas, principalmente pelo momento que o País vive atualmente.
A Central de Cursos, na revisão de véspera realizada em 25-11-2007, trabalhou temas que poderiam ser alvo da prova de Redação e a corrupção estava entre eles. Aliás, várias questões cobradas por outras áreas também foram antecipadas pela instituição, o que demonstra o compromisso e a responsabilidade com que conduz a árdua e gratificante tarefa de preparar alunos para os exames vestibulares.
Agora, basta esperar o resultado, para confirmar a qualidade do trabalho realizado.

AMANHÃ (Guilherme Arantes)

Amanhã, será um lindo dia
Da mais louca alegria que se possa imaginar
Amanhã, redobrada a força
Pra cima que não cessa
Há de vingar.

Amanhã, mais nenhum mistério
Acima do ilusório, o astro-rei vai brilhar
Amanhã, a luminosidade
Alheia a qualquer vontade
Há de imperar, há de imperar...

Amanhã, está toda a esperança
Por menor que pareça, existe e é pra vicejar
Amanhã, apesar de hoje,
Será a estrada que surge
Pra se trilhar.

Amanhã, mesmo que uns não queiram
Será de outros que esperam ver o dia raiar
Amanhã, ódios aplacados,
Temores abrandados,
Será pleno...

Bela composição, sou suspeito para falar, porque gosto muito do seu autor. Falando-se em Língua Portuguesa, há vários elementos para serem analisados. Por exemplo, numa prova de concurso público, como poderíamos classificar sintaticamente o vocábulo Amanhã, em todas as situações?
A idéia inicial é sempre dizermos SUJEITO. Isso ocorre porque ficamos com a idéia de que esse termo tem que aparecer antes, na oração. Cuidado. Aqui, Amanhã nada mais é do que Adjunto Adverbial de Tempo, representando a Classe Gramatical Advérbio. Se fizermos a pergunta "Quando?", teremos sempre Amanhã como resposta. Além disso, caso fosse sujeito, as vírgulas depois do vocábulo teriam que ser suprimidas (não se separa, com vírgula, sujeito e verbo).
Outro aspecto a ser observado são os vários períodos compostos por subordinação que integram a composição. Ou seja, frases como "Amanhã será um dia da mais louca alegria que se possa imaginar" são classificadas como período composto por subordinação, observada a quantidade de verbos. Além disso, o termo "que se possa imaginar" só passa a ter sentido quando agregada à oração anterior, tida como principal. Aqui, a oração subordinada tem caráter de qualificadora do vocábulo "Alegria". Portanto, Oração Subordinada Adjetiva Restritiva. É importante ressaltar que hoje em dia, se cobra mais o sentido do que a classificação sintática, é ele que passa a constituir prioridade para medir a capacidade de compreensão dos alunos.
Um terceiro e último aspecto que gostaria de analisar é o vocábulo composto astro-rei. Como seria a sua flexão de número? Como se trata de dois substantivos, astro e rei, e como o segundo NÃO delimita nem especifica o primeiro, os dois são flexionados. Por isso, o plural é: astros-reis.
Até a próxima análise, postem seus comentários, tirem dúvidas, esse blog só terá sentido com a integração de vocês.