Por Cassildo Souza
Uma das coisas que mais me incomodam hoje em dia (e acredito que a muitas outras pessoas, também) é o fato de estarmos constantemente sendo vigiados. Ser reservado, no Terceiro Milênio, pouco depende de nossa vontade, pois em todos os locais parecem existir espiões, ocultos nos sites de relacionamentos e mensagens instantâneas, por via da Internet. É um dos pontos negativos da era digital.
Na conjuntura atual, não podemos garantir quando a nossa conversa está sendo desenvolvida com sigilo. Com a idade virtual, ficou muito mais vulnerável estabelecer contato. Tudo é tranqüilamente registrado, sem que possamos perceber ou impedir. Hackers invadem sistemas dos computadores, deliberadamente, no intuito de controlarem o que está sendo veiculado, muito mais com intenções criminosas do que por simples curiosidade. A vida pessoal pode, em alguns acasos, tornar-se pública para um número indefinido de usuários.
Já ouvimos falar inúmeras vezes em amantes que, desenganados com o fim de um namoro, publicaram fotos não-autorizadas na rede e acabaram por difamar a imagem de determinada pessoa que nada pôde fazer para evitar um constrangimento sem limites. Em tais situações, a vítima dessa prática só vem a saber do acontecido por último, quando toda uma comunidade já teve acesso a sua vida "privada". E não são poucos os casos dessa natureza.
Mas coisas muito piores podem ocorrer. Em compras pela Internet, por exemplo, o usuário está sujeito a ter o seu cartão de crédito clonado e depois responder na Justiça por atos que não tenha cometido, passando por todo um processo até provar que foi vítima de um golpe. Dificilmente se consegue localizar o criminoso, o qual continua a agir, "quebrando sigilos" pessoais e causando "dor de cabeça" a muita gente.
Não quero aqui, jamais, negar aos benefícios que a tecnologia nos proporciona. Mas é fato que o preço que se paga é caro, se levarmos em conta os aspectos discutidos acima. A era digital deve ser objeto facilitador das nossas vidas, deve nos ajudar a resolver problemas cotidianos, como por exemplo o envio de um arquivo para o professor de uma universidade ou a comunicação instantânea entre parentes que não se encontram há muito tempo. O que vemos hoje é uma liberdade que ultrapassa os limites, permitindo que nossas forças e fraquezas estejam expostas, sem nenhum escudo.
Um comentário:
para quem diz o artigo de opinião?
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