Por Cassildo Souza
Dia 15 de outubro. Dia do Professor. Essa data deveria representar um marco no avanço de nosso país, levando em conta que é a educação o elemento norteador do desenvolvimento de qualquer Estado. Mas não quero aqui falar sobre esses traumas. Prefiro refletir sobre outras coisas, sem aquele discurso político-social, luta de classes e coisas afins. O que é ser professor, na acepção mais abrangente da palavra?
Ser professor não é status, é "chamado", é dom, é vocação. Não está ligado, necessariamente, à quantidade de títulos que uma pessoa conquistou ao longo da vida acadêmica. Isso, infelizmente, nem sempre garante ao profissional a aptidão necessária para uma função tão nobre. Ser professor é ver as necessidades do aluno, transcendendo conteúdos programáticos e estáticos que nos tentam inculcar, muitas vezes esquecendo-se das situações cotidianas, extremamente dinâmicas e que requerem capacidade de ser flexível, dadas as particularidades de cada estudante.
Ser professor é ser o exemplo, o espelho, o modelo. E, de novo, ultrapassam-se as barreiras dos conteúdos específicos de determinada disciplina. O exemplo parte da vida pessoal, das opiniões expressas, da maneira como se reage, enfim, das práticas diárias que servem de referência para seus alunos. Se um docente não cumpre seus horários e não é pontual em suas atividades, não pode cobrar a mesma postura de seus discípulos. Quem se aventura nos caminhos do ensino deve refletir sobre essas questões e buscar, ao longo da trajetória, atingir esse nível que considero ser a excelência.
Ser professor é ser crítico, é não se deixar levar pelas impressões pessoais ao analisar um problema. É ser cidadão consciente, para que se possa exigir a consciência estudantil. É ter a hombridade de reconhecer o erro, considerando que a ninguém foi dado o direito de não errar. É ter a humildade de ouvir, de dar aos alunos a oportunidade de compartilhar suas experiências que, em várias ocasiões, chegam a surpreender. É, finalmente, ser imparcial.
Mas ser professor, além de tudo isso, também não pode acontecer satisfatoriamente sem a qualificação técnica. Agora, sim, falo dos conteúdos. Nesse caso, temos de considerar o equilíbrio, a regularidade dos inúmeros predicados necessários para exercer esse "chamado". Não adianta ser compreensivo, afetivo, conciliador, se não houver o conhecimento sobre aquilo que será ensinado. Por outro lado, não adianta ter preparação acadêmica se não houver o lado humano, em primeiro lugar, se não existir o devido respeito às peculiaridades do público-alvo. Ou seja, ser professor é ser complexo e procurar entender as complexidades dos diferentes mundos instalados nas cabeças dos discentes.
Procuro um dia enquadrar-me nos pré-requisitos. Não desejo que vejam em mim um pregador daquilo que não cumprirei. Os espelhos estão por toda a parte e servem também a nós, professores menos experientes, que tendem a "escorregar" mais do que aqueles que já traçam esse caminho há mais tempo. A estrada não é fácil, e nem poderia ser. Mas o desejo de ver um mundo melhor deve começar por aí. Afinal, nossos descendentes dependerão de tudo o que plantarmos agora e, sinceramente, não gostaria de ver um filho meu sendo orientado por alguém que não faz de seu magistério uma atividade digna.
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