21 de jul. de 2010

DESEMPENHO DE LÍNGUA PORTUGUESA NO ENEM

Divulgados os resultados do ENEM/2009, algumas preocupações nos vêm à mente, no sentido de corrigir aquilo que foi apontado como deficitário no referido Exame. Não poderia eu, especificamente na área de Língua Portuguesa, ficar satisfeito ou considerar normal o desempenho geral na disciplina: a pior dentre todas as avaliadas. Se tenho sido redundante nos últimos tempos, pelo visto, serei ainda mais, questionando a atenção que a matéria recebe, nas escolas, cursinhos e até nas universidades.
Nas primeiras, o problema é crônico e isso independe de fazermos a "secular" oposição público / particular. Há problemas que remetem aos níveis de alfabetização, e se perpetuam nos demais anos do Ensino Fundamental, em relação aos dois aspectos prioritários dessa faixa, que são a leitura e a escrita. Lê-se pouco e se escreve menos ainda, fazendo-se com que surjam deficiências de interpretação e produção textual culminando com a não aplicação dos conhecimentos gramaticais.
Nos cursinhos pré-vestibulares em geral, a situação ainda é pior. Dificilmente - por uma questão de status e não de educação - donos desses estabelecimentos priorizam a área de Humanas. É sempre dispensada uma importância maior às outras linhas para os quais os candidatos farão o vestibular. E, o pior, nessas horas não se consegue raciocinar que Língua Portuguesa e Redação, em especial, são componentes curriculares cobrados nas provas discursivas de qualquer curso em que se deseja ingressar.
Sei que a universidade não é o lugar ideal para se aprender a escrever ou ler. Mas, considerada a deficiência nos níveis anteriores, a matéria em comento deveria ser melhor trabalhada. Fiquemos pasmos, mas em alguns cursos superiores de Direito a disciplina não constitui carga horária obrigatória, comprovando mais uma vez o descaso com que se abordam os fenômenos relativos ao idioma que falamos, ainda mais num ramo cuja linguagem é elemento fundamental para as decisões tomadas.
O que fazer? Continuar apenas lamentando não é suficiente, coisa que faço há tempos e que até me tem custado uma imagem de reclamão sem limites. Mesmo que eu atuasse em outra área, ficaria bastante desapontado em perceber que os alunos, com destaque para os do Ensino Médio, não usam bem a língua-mãe. E, fazendo parte - atrevidamente - da turma responsável por incentivar o bom uso de nosso código, é com grande tristeza que teço sobre o assunto. Sei que nós, dessa área, temos muito o que fazer, mas sozinhos, sem o apoio das escolas, cursinhos e outras instâncias educacionais, continuaremos a ver Português, Redação e Literatura tratados como se fossem meros "componentes" de um curriculo, sem importância alguma.

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