Cassildo Souza
Quando leio um edital de concurso público que traz em seu programa aspectos relacionados à história, à política, fatos ou pessoas de determinada localidade, começo a pensar o que levou os responsáveis pela elaboração a adotar tal critério. Fico bastante incomodado - se é esta a expressão plausível - com certos aspectos inseridos dos documentos que regem as normas dessas seleções.
No meu entender, cabe discutir, desde já, que conhecimentos podem medir a competência do candidato, ainda que superficialmente. Os conhecimentos referentes à história e geografia do local onde as provas serão realizadas não contribuem para selecionar os melhores, mas para favorecer os habitantes da região responsável pela seleção. É preciso, então, que se revejam algumas dessas situações que acabam - intencionalmente ou não - por predefinir um grupo.
Para que um concurso público tenha condições de escolher teoricamente os melhores, primar por conhecimentos lingüísticos e matemáticos soa como uma atitude coerente. Haveremos de considerar que são matérias básicas para qualquer cidadão: entender a própria linguagem bem como a idéia contida nos números é o mínimo que se pode esperar de funcionários proativos. Além disso, são conhecimentos comuns a todos, não havendo a mínima possibilidade de se levar vantagem, senão no caso de um concursando estudar mais do que outro.
Não podemos aprovar que um edital de qualquer que seja o processo seletivo "obrigue" candidatos a procurar informações históricas e/ou geográficas de uma localidade. Teoricamente, os residentes em dada região é que conheceriam de maneira mais íntima tais fatos, sobrepondo-se em relação a concursandos de outras localizações, o que não se constitui em maneira justa de se recrutar pessoal.
Temos muito ainda o que levantar sobre editais de concurso. Em outras oportunidades, abordarei os fatos em que as provas não respeitam os conteúdos previstos nos anexos, e que muitos deixam passar despercido. Um emprego estável é hoje sinônimo de aprovação em concurso público, e compõe o sonho de todos. O acesso a este deve ser - desse modo - totalmente imparcial.
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