3 de abr. de 2012

PROFESSOR, CADÊ A GRAMÁTICA?

                                                                                                                                       Cassildo Souza  
A despeito de me considerar - serenamente - um professor meio intrigado com a "modernidade", certas coisas que procuro desenvolver em sala de aula, ainda assim, têm causado espanto como se fossem novíssimas ou muito diferentes. Pedir para eles pronunciarem corriqueiramente, aspecto crucial na aprendizagem de qualquer língua estrangeira, bem como desenvolver textos em inglês, aparentam ser atividades de outra dimensão para alguns alunos. Ou eu não sou tão tradicional assim, ou alguns professores nada fazem em sala de aula. Hoje, ao aplicar provas nas turmas de 2ª série do Ensino Médio, mais um detalhe veio me mostrar que é preciso mudar em muito a concepção geral no ensino de línguas.

Solicitados a estudarem para a tal avaliação, os alunos - como o sistema lhes ensinou durante toda a trajetória - acabaram supervalorizando os conteúdos gramaticais e se esquecendo da parte de interpretação e de contextualização. A gramática de qualquer língua (materna ou estrangeira) é crucial em seu ensino, no entanto, ela não pode transformar-se no elemento único na apreensão de um idioma. Para o professor, é até mais cômodo ensiná-la desvinculada do sentido, embora para o aluno isso se torne uma chatice, algo desnecessário e também um equívoco aos olhos do bom ensino. Procuro equilibrar as coisas, e o conteúdo deve ser considerado em sua totalidade. Certamente, nossos meninos não foram habituados a isso e estranham que priorizemos o sentido, mesmo quando inserimos contextualmente os elementos de gramática.

Estamos propensos a enfrentar essas situações diariamente. Mas, de certo modo, isso serve de termômetro para nos avaliarmos. Precisamos estar o tempo todo recapitulando, medindo, inventando (sou péssimo criador, condição essencial aos mestres). Não acredito numa escola que não leve em conta o raciocínio do discente, a iniciar do professor, passando-se pelos profissionais da pegagogia e até a direção. Que a turma estranhe, não há nenhum problema. Acreditemos em nossas convicções de que estamos formando cidadãos. O coro "Professor, cadê a gramática?" ainda vai soar e muito. Que contradição! A resposta pode ser: "A gramática está aí, juntinho com o sentido, você não viu?" Ninguém vai excluí-la do estudo das línguas, mas abordá-la num nível diferente do que costumávamos vivenciar no passado é essencial e extremamente necessário. 

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