Ser
autocrítico não é fácil. Defendo que isso deveria ser uma prática corriqueira
de todo profissional que se preze. Quem é professor, no entanto, parece levar a
sério demais a autoavaliação e certas vezes sente uma impressão de que pouco
tem realizado em favor de seus alunos. Em determinados casos é só a impressão,
mas a autoflagelação do docente é certa e inevitável.
Esses dias,
por diversos motivos que não cabem ser discutidos agora, tenho percebido minha
pouca (ou nenhuma) interferência sobre meus alunos. Meu discurso parece
ultrapassado para eles – por mais que eu me considere bastante atual e que esteja
atento a novas tendências. Minhas orientações embasadas, em meu ofício, parecem
não receber um interesse efetivo, como se os ensinamentos de um professor jovem
– mas já experiente – não fizessem a menor diferença na vida dos discentes. Longe
de mim duvidar da própria capacidade. Confio demais em meu potencial. Muitos deles,
não.
Concordo que
eu não preciso me martirizar tanto porque entendo que procuro fazer o que está
ao meu alcance, da melhor maneira possível. Sei que outros profissionais
comprometidos também sentem tal falta de entusiasmo no exercício de suas
atribuições. Não se trata de falta de gosto pelo ensino, mas da constatação de
que um esforço sobre-humano, às vezes, não culmina em um resultado concreto,
pelo menos para aquilo que está nas expectativas do profissional. É uma
sensação incrivelmente negativa.
A sensação de
não ter feito nada me tem tomado recentemente. Paranóias de um professor,
talvez; cuidado excessivo com seus alunos, aparentemente; mania de
perfeccionismo, mesmo que a perfeição não exista, possivelmente. Sensações assim
desgastam bastante, porque – de certa forma – presumem o fracasso. E assim
vamos vivendo, buscando, tentando, até que chegue um fato novo animador que
encubra a sensação de não ter feito nada.
Um comentário:
Caro professor, quero opinar sobre essa sua sensação. Não é somente na vida de um professor que isso acontece. Eu, na minha vidinha de dona de casa, sinto-me às vezes fracassar nos objetivos traçados para o meu filho. O que é uma mãe senão uma professora também? Pois é, eu faço das suas palavras as minhas. Vou vivendo e descobrindo pequenas coisas para me motivar e não desistir do meu ensinamento. Gosto muito de suas colocações e como sou uma pessoa que curte demais a língua portuguesa vou voltar sempre ao seu blog. Continue. Não desista. Cada gotinha de ensinamento que você deixar registrada será uma porta aberta para quem tem o prazer de lê. Grande abraço e muito sucesso nos seus projetos.
Ilza Arruda
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