Tenho questionado muitas coisas do ambiente educacional ultimamente. Afirmações que tenho postado principalmente no meu perfil do Facebook, em sua maioria, têm sido julgadas como polêmicas. Não há nenhum problema em ser polêmico, quando a finalidade dos questionamentos não é gratuita. Vejo como problemática a polêmica por si só, sem um foco, sem um objetivo concreto e claro. No meu caso, posso garantir, são inquietações que surgem a partir da experiência adquirida no cotidiano da sala de aula. Só para constar, eu vivo mais nela do quem em qualquer outro ambiente, posto que - em 3 turnos diários - eu trabalho do 6.º ano à preparação a concursos e ao ENEM, com LINGUAGENS (Inglês, Português, Redação).
São questões que às vezes parecem irrelevantes, seja pela acomodação, ou mesmo pela falta de perspectivas de mudar determinados quadros. Se considero sagrado o ambiente de sala de aula, oponho-me a certas posturas de alguns jovens que (ainda) não veem a educação, escolarizada ou alternativa, como o foco de seu crescimento. São - alguns - ainda inconsequentes e inconscientes de seu papel na sociedade. Estes são especialmente chamados a inteirar-se da importância de se qualificarem, mas nem sempre dão uma resposta positiva. Conforme se sabe, ao não se concentrarem nas atividades que lhe são propostas, acabam, na maioria absoluta dos casos, inviabilizando a outra parte (consideravelmente maior) de alunos que estão ali para aprender. E aí mora o grande risco de, ao mesmo, nem conseguirmos trazer a minoria desinteressada nem mantermos o foco dos anteriormente comprometidos.
Quando publiquei "Que tal não haver mais escolas?", o fiz como ironia, mas ao tempo como reflexão. Eu não sei se suportaria ver as escolas serem facultativas, visto que - se pudesse - viveria integralmente na escola onde trabalho, para se ter uma ideia do quanto esses lugares me atraem. Vou à minha escola todos os dias, inclusive quando não tenho nada para fazer lá. Por outro lado, discutir essa questão não pode ser uma coisa obscura. Ora, se estamos dizendo o tempo todo que a escola brasileira não atende às demandas - quantitativas ou qualitativas - e além disso muitos alunos escolheram outras opções de vida (muitos nem estudaram e viraram comerciantes ou empresários de peso, depois foram se qualificar, isto é fato), por que não considerar tal possibilidade? Eu falei "considerar", discutir o tema abertamente, sem hipocrisias ou puritanismos que não têm resolvido a educação. Esta talvez fosse uma alternativa que acabaria com o desinteresse em sala, porque só estaria ali quem realmente quisesse. Agora, é claro que isso seria algo para os níveis mais altos, em que - teoricamente - os jovens já se dominam e dominam seus pais. Aliás, alguns pais adoram atrapalhar o processo de ensino-aprendizagem quando, por exemplo, viajam nas sextas-feiras para passear levando consigo os filhos que perdem a aula daquele dia. Ou seja, nem mesmo para os pais as escolas parecem ter importância.
Tudo gira em torno de se dar liberdade e autonomia para aprender àqueles que estão realmente imbuídos de buscar na escola a base para seu futuro. Em boa porcentagem dos casos de alunos indisciplinados, já no ensino médio, não há volta. É falha da educação familiar? Pode ser. Da educação escolar, dos professores? Também. Falha do sistema público? Claramente. Ninguém vai negar isso. Mas o custo-benefício de se tentar salvar um aluno (o que é um sucesso que jamais deve ser preterido) deve ter um limite. E os outros que estão procurando seu crescimento? Precisam de menos atenção? Já estão a salvo? Quem questiona é quem vivencia a realidade, mas não significa que quem faz essa reflexão está acima da verdade. São discussões que devem ser postas à mesa, sem medos, receios e outras coisas mais. A disciplina e o interesse, vejo eu, são aspectos imprescindíveis para que o processo de ensino-aprendizagem surta efeito. Por isso, tantas reflexões e até brigas compradas com alunos desse tipo, ultimamente. Não é nada interessante ser antipatizado por seus seguidores estudantis, portanto se aconteceu é porque via-se como necessário.
Uma última coisa para esclarecer: meu discurso não representa - jamais - uma possível desistência ou reclamação pelo que faço. Isso seria injusto com os "30 alunos interessados", que - matematicamente - correspondem a aproximadamente 85%. Pelo contrário, ao levantar essas questões tão temidas por alguns, estou mostrando que jamais abdicarei do meu "dom" em defesa dos alunos interessados em melhorar seu padrão cultural, em conquistar o mercado com qualidade e em serem críticos. Sejamos realistas e práticos. A competitividade do mundo atual não dá brechas a esperar por quem não escolheu o estudo como a via para crescer. Estamos numa época em que tudo está claro: ou se faz o próprio caminho ou se perde. Não há mais inocentes a respeito disso. O professor precisa - nesse caso - abrir os olhos de seus alunos, esclarecendo que, sem a participação deles, nada disso acontecerá. E isso é feito diariamente pelos bons profissionais, nos quais me incluo sem nenhum constrangimento pela falta de modéstia. Mas isso não garante a conquista de "5" pessoas que - como já falei - não visualizam os estudos como prioridade. E desafio QUALQUER UM a mostrar o contrário, de forma prática, porque falar eu também sei. E olha que eu falo muito...mas FAÇO também.
Nenhum comentário:
Postar um comentário