O que seria a felicidade?
Felicidade
para mim, independentemente de teorias que têm surgido sobre o tema – as quais
respeito, mas não creio se tratar de matéria para comprovações científicas – é
especialmente poder estar de pé, movendo-me, trabalhando, ter amigos, ter
família, ter objetivos. Mesmo nas dificuldades – amparadas pelas perspectivas
de avanços – a felicidade pode estar presente. Diria que ela deve predominar
nossas ações, mas dificilmente será uma sensação ou uma condição exclusiva e
constante.
“O dinheiro traz felicidade?” talvez seja a
pergunta mais debatida em todos os tempos, às vezes formulada fora de hora, às
vezes respondida com base numa situação isolada, sem levar em conta os
contextos. Respondendo por minha conta, é claro que o dinheiro traz
possibilidades de estar feliz. Não são poucos os aspectos: se você é um
pesquisador e pode contar com altos investimentos para aperfeiçoar seu trabalho
– isto se faz com dinheiro –, é claro que tal possibilidade o deixará mais
feliz; se alguém é acometido por uma doença ou por uma urgência de um
tratamento e pode custear os procedimentos, sem depender do precário Estado, é evidente
que isso trará momentos mais felizes; quem gosta de artes em geral, como
música, teatro, cinema, com dinheiro na mão, tornará sua vida mais agradável,
ao ter chances de custear esses serviços. Dinheiro, nesses casos, traria uma felicidade,
embora momentânea em certos contextos.
No entanto, o
maior equívoco que cometemos talvez seja pensar que “somente pelo dinheiro” encontraremos
a felicidade. Há inúmeras outras maneiras de ser feliz (ou ter momentos
felizes) que o dinheiro nunca poderá “comprar”: o amor de uma criança, por
exemplo, sempre será espontâneo. Até poderemos agradá-la com presentes
materiais, mas não haverá reciprocidade no sentimento se ela não quiser. Uma
das simples coisas que me deixam felizes, por exemplo, é ter a atenção de
alguém sobre aquilo que falo ou que tento propagar. Não há nada mais motivador
do que ser ouvido e ter as ideias consideradas, visto que, em não vivermos
sozinhos no mundo, é mais do que razoável que esperemos a recíproca de nossos
interlocutores para aquilo que disseminamos. Não importa o quê. Ou seja, uma
atitude simples, descaradamente simples, é, para mim, um motivo para estar feliz.
Apenas um exemplo dentre muitos outros de mesmo nível.
Felicidade
varia de pessoa para pessoa. Varia entre situações distintas. Mas ter amigos
verdadeiros, num mundo tão egocêntrico (desculpem usar o termo sem referir a
pessoas), é mais do que a felicidade. É a glória. Algo improvável. Tais coisas
jamais poderão ser fabricadas, alicerçadas artificialmente, ou obtidas apenas
por força do saldo bancário de alguém. Se, por um lado, o dinheiro tem as suas
vantagens (caso contrário não lutaríamos por melhorias salariais), por outro, é
importante saber separar as situações em que ele não é necessariamente uma
condição essencial às nossas vidas e, consequentemente, à nossa felicidade,
essa eterna busca do ser humano.
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