Prova de Língua Portuguesa é um ponto. Prova de Linguagens é outro. Os próprios termos se explicam. Quando se cobram questões inerentes à sintaxe, não tem como fugir do idioma que se fala. Mas, quando se estabelece a interpretação de uma charge ou de qualquer outro gênero textual que não seja baseado apenas na verbalização, estamos transcendendo o limite de nossa língua. É isso que os concursos e vestibulares têm cobrado mais ultimamente.
Um dos aspectos que mais me agradam e, acredito, a outros profissionais também, é ver uma prova de concurso solicitar conhecimentos sobre a variedade lingüística. Sei que aí também estão abordando a Língua Portuguesa em sua diversidade, não se foge ao limite do idioma, mas a análise é de que existem diferentes formas de linguagem manifestadas conforme o seu contexto. Isso é completamente moderno, concreto. Mede realmente conhecimento lingüístico.
É perceptível que os conteúdos ganham mais notoriedade, porque antes eram praticamente os mesmos nos diferentes exames realizados pelas diferentes instituições. A valorização a outros assuntos que não se limitam à gramática e ortografia reflete que a preparação deve ser ainda maior, bem como se prestigiam os mais estudiosos e menos descomprometidos. Não se iludam, pois daqui a cinco anos, provavelmente serão poucas as seleções que não incluirão a redação em seus editais. O filtro será cada vez maior, não bastará saber Português; conhecer Linguagens, na acepção do termo, será essencial.