A vida é mesmo muito cheia de surpresas: umas, boas; outras, nem tanto. Tive uma surpresa muito ruim esses dias. Não há nada pior, embora eu saiba que o meu caso não se parece, nem de longe, com o que muitas outras pessoas enfrentam.
O fato é que quando se é acusado ou suspeito de tomar atitudes ruins, intencionalmente, não dá para ficar bem. E foi justamente o que aconteceu. Sem contar maiores detalhes nem citar nomes (por uma questão ética, como é de meu costume) fui questionado sobre minha postura em sala de aula, logo eu, metido a chato e carrancudo para a maioria dos alunos de cursinhos. Eu, que só costumo tirar brincadeiras com pessoas que julgo conhecer, fui muito mal interpretado e responsabilizado por um trauma em um adolescente, a cujo pai tenho o maior apreço.
Não dormi aquela noite. Nem poderia. Sou à moda antiga, daqueles que consideram amizade acima de qualquer parâmetro. O pior de tudo é ouvir que referido aluno está sendo transferido de turno por minha causa. Foi a minha maior tristeza e decepção desde que ensino em cursos preparatórios. Isso até poderia ser tido como uma propaganda negativa a meu respeito, mas escrevo sobre, mesmo sem tecer maiores informações, porque tenho minha consciência tranqüila.
Espero, sinceramente, que um dia eu possa esclarecer uma história tão estranha. Com reações adversas entre a sala de aula e no momento de chegar a casa, nunca imaginei que o aluno em questão tivesse uma imagem tão perversa a meu respeito. Pensar, inclusive, que minha índole combinaria com ridicularizar ou submeter a uma situação constrangedora alguém que tanto admiro. Muito mais estranho e sofrível é não ter havido nenhuma ponderação, um questionamento: será que Cassildo faria isso? Teria ele a intenção de humilhar o meu filho?
Vivemos numa época em que histórico não se conta mais. Aquilo que se realizou no passado não serve mais como referência para o que se vê no presente. Aprendi com o pai desse menino, durante quatro anos, que nós precisamos primeiro checar as informações. Quantas vezes não fui criticado por meus impulsos, ouvindo que a idade me ensinaria a pesar mais as palavras. E acho que tenho aprendido, mas surpreendemente a pessoa que mais me ensinou isso agiu contrariamente.
Se, em algum momento, o meu aluno entendeu que eu pudesse estar humilhando-o, eu peço-lhe sinceras desculpas. Não consigo compreender porque, no momento da brincadeira que me incluía também, ele até se envolveu, não me procurou ao final da aula e, ao chegar em casa, estava, segundo seu próprio pai, arrasado.
Estou ainda me recuperando da surpresa. E entendo que, eventualmente, o pai e o filho, na condição de atingidos, também possam estar mal. Mas eu tenho plena consciência do que faço. Errar, sempre errarei, mas procurando um limite. Nunca fez parte de minha conduta tratar mal as pessoas e não seria às vesperas dos trinta e dois anos que eu faria isso.
Desculpem o desabafo, e boa tarde.
Cassildo.
8 comentários:
Cassildo... Primeira vez que entro no seu blogg e já de cara fico apaixonada ! Qto ao assunto acima... liga não rapaz... vc está apenas completando 32... Eu já estou nos meus 40 e digo (e vc já deve ter escutado isso inúmeras vezes): nem Jesus agradou a todos ! O fato é que nem sempre somos entendidos como queremos nos fazer entender e, partindo do pressuposto que vc ainda tenha uma longa caminhada pela frente... E, sendo PROFESSOR... e de CURSINHO... aiaiaiaia... vc ainda vai se surpreender mto mais... Fique com Deus... continue seu caminho... se puder converse PESSOALMENTE com o menino e com o pai do mesmo para esclarecer as coisas e... bola pra frente !!!! Se quiser dar uma olhada na minha página eu ficaria mto honrada...http://anavrguerra.multiply.com/
cabeça fria, meu caro. conhecendo os envolvidos na história, sei que é mal entendido, coisa que se resolve, como tem de ser.
um grande abraço, meu amigo!
Obrigado, amigo Théo. Espero que isso possa resolver-se sim.
Um grande abraço.
Obrigado, Ana Valéria. Olhei sua página e achei muitíssimo interessante, principalmente por incentivar uma prática essencial e que muitas pessoas não perceberam ainda: a leitura. É através dela que tudo começa a ficar menos obscuro.
Um abraço.
Lendo a história e já tendo conhecimento da mesma, por parte da suposta "vítima", acredito que foi infantilidade ir falar com o pai. Afinal, este já não tem seus 8 anos de idade.
Mesmo sabendo ser um trauma, acredito que deve ser levado em consideração a intensão, que ao meu ver não foi de magoar ninguém. Seria preferível que essa pessoa, antes de comunicar qualquer coisa a direção, tivesse falado com vc.
Pra mim, isso é um ato, além de infantil, covarde.
Cassildo, acho que a atitude do aluno em questão foi um tanto exagerada e, possivelmente ele realmente interpretou mal a sua "brincadeira", feita na última aula. Ao conversar com o mesmo, ele parecia chateado e provavelmente você, ao tirar a brincadeira, desconhecia a facilidade que ele tem de se aborrecer ou interpretar erradamente as pessoas. Outro ponto é que deve-se parar para refletir, pois todos somos passíveis de erros.
Não é certo tomarmos atitudes precipitadas sem antes procurarmos esclarecer as coisas. Ao sentir-se ofendido, o aluno deveria ter lhe procurado e buscar um esclarecimento, o que infelizmente não aconteceu.
Obrigado a todos os comentários, independentemente de posicionamento. Mesmo desviando-se do objeto do blog (que é a difusão do conhecimento), o espaço que tenho no momento é este, sem querer polemizar. É evidente que eu jamais teria a intenção de magoar ninguém, ainda mais quem estava na situação.Gostaria, agora, de que, como a maioria tem conhecimento do assunto, ele fosse encerrado para evitar maiores traumas.
Um grande abraço a todos e confiem: Nunca vou desistir de minhas convicções, de meus ideais ou de meus planos.
O interessante é saber que estamos em um curso pré-vestibular, no qual há um conjunto de pessoas definindo seu futuro, e nos depararmos com tal tipo de atitude que, sem dúvida alguma, não corresponde ao nível de maturidade que alguém em nossa situação deveria ter. Acredito que, se tal pessoa se sentiu ofendida pela brincadeira feita pelo professor, as ponderações e exposições de insatisfação deveriam ocorrer no mesmo instante ou em particular, posteriormente. Comunicar aos pais remete, sinceramente, à atitude de alguém em nível de pré-escola.
Força aí, Cassildo e não se abata. Continue com sua metodologia, pois muitos confiam no seu trabalho da maneira que este é realizado.
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