Cassildo Souza
Tenho observado algumas coisas estranhas nesses quase quatro anos atuando na área do ensino direcionada a cursos preparatórios. As incoerências que se posicionam contra os profissionais que procuram tomar uma conduta reta é uma coisa impressionante. Tudo, para estes, é motivo de questionamento, de cobrança, de indignação. Os caminhos se inverteram e já não quer dizer muita coisa ter responsabilidade, compromisso, ou até mesmo domínio de conteúdo.
Nunca faria um discurso vitimado, mas o fato é que, mesmo optando por uma trajetória de respeito aos tomadores de serviço - principalmente os alunos, pois é com eles o meu vínculo porventura existente - sou constantemente colocado contra a parede, como se eu fosse um irresponsável. Não me lembro de, ainda que atuando em três cidades diferentes, ter faltado um único dia de aula. Não me lembro, também, e talvez seja este o problema, de ter me dirigido à sala de aula para fazer daquele ambiente um palco de programa de auditório ou um espetáculo circense. Apesar disso, algumas vezes, meu nome saiu na boca do povo, de maneira negativa, sabe-se lá por quê, na maioria dos casos com o apoio dos meus "comandantes".
O que as pessoas despreparadas não sabem é que nada nem ninguém jamais irá apagar a clareza, a seriedade e a qualidade (boa ou ruim) do que faço. Não sou - nem pretendo ser - melhor ou pior do que ninguém. Provavelmente está aí o outro problema. Não preciso encarnar um personagem para transmitir os temas que, no meu entender, são necessários ao alcance dos objetivos. Sou franco até demais e isso às vezes causa incômodo numa sociedade onde não ser hipócrita é o mesmo que não existir.
Na situação em que me apresento hoje não precisaria trabalhar arduamente, arriscando minha vida em viagens, não restando um único dia para descansar. Continuo fazendo, primeiro porque tudo o que eu faço - mesmo sem tanta necessidade - é de coração. Não conseguiria atuar pensando apenas no aspecto financeiro até porque isso não me traria grandes expectativas. O fato é que preciso de muito pouco mesmo para sobreviver, sou muito bem resolvido em relação a isso. Em segundo lugar, sou profissional: quando concluí minha graduação, prometi (a mim mesmo) nunca recusar-me a contribuir no âmbito em que me insiro.
Nada me fará curvar diante de certas situações; ninguém me imporá idéias que não se enquadrem no que considero correto e honesto; jamais me convencerão a criar personagens, a fazer tipo, a deixar quem eu realmente sou para poder agradar à hipocrisia.
Agradeço às raras exceções existentes com respeito a essas ponderações. Quem esperar um ator, um marqueteiro, um profissional da disfarçatez, não conte comigo. Quem desejar ter alguém compromissado com aquilo que escolheu, livre de toda e qualquer alegoria, pode ter certeza que estarei disposto a dar o melhor de mim. Mesmo que isso não seja - de imediato - reconhecido por aqueles que se acham os donos da verdade.
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