18 de ago. de 2011

PROFESSOR ARIMATÉIA - LEMBRANÇAS DO ENSINO FUNDAMENTAL

Lembrar o Professor Arimatéia, para mim, nunca será difícil. Nas manhãs de 1991 e 1992, no antigo Colégio Comercial de Currais Novos (atual "Prof. Humberto Gama"), a matemática se tornava mais clara. Para quem não sabe, sempre gostei de matemática e os incentivos de professores como Canidé Marciano, Paulo Salviano e, em seguida, o próprio Arimatéia me faziam buscar ainda mais aprender a matéria.

Ele era moderno já naquela época. Tinha o cuidado de fazer o aluno raciocinar, para não depender tanto da calculadora e, mais tarde, dos computadores. A clareza com que passava o conteúdo era coisa digna de quem nasceu para fazer aquilo. O domínio de sala era de fazer inveja a muitos teóricos da educação, que tentam traçar planos mirabolantes no sentido de conter uma turma e muitas vezes não conseguem. Conquistava a autoridade naturalmente.

Era uma pessoa muito consciente. Lembro-me, certa vez, de um episódio envolvendo a mim e um colega (Isaac, filho de Fátima Macedo, ambos também falecidos). Eu, muito inocente, inventei de brincar com Isaac antes do horário começar fazendo a popular "queda-de-braço"e, para nosso azar, no momento em que o Professor entrava, eu caí provocando um barulho incrível. Arimatéia, muito moralista, mas sem levantar a voz, pediu que saíssemos. Eu, é claro, chorei por nunca ter sido expulso de sala. Deveríamos ficar 3 aulas sem comparecer à disciplina.

Na aula seguinte, quando o professor entrou, eu continuei em sala. Logo depois, Marlir Alice (Diretora inesquecível) chega questionando o porquê de eu continuar ali. "Professor Arimatéia está esperando que você saia, Cassildo, não é, professor?". E a resposta, em tom sereno como sempre, "não". Ele sabia que eu não tivera culpa no episódio anterior. Isso me marcou bastante, porque é como se comandante reconhecesse que talvez tenha exagerado na punição. Como professor, é uma das lições que levo, porque estamos, sim, propensos a cometer falhas e o reconhecimento delas é a maior grandeza que se pode ter.

Não sou da área de matemática, mas até hoje, levo os ensinamentos do mestre. Utilizo essa ciência no meu dia-a-dia, aliás qualquer professor precisa dominá-la, como parte integrante do seu trabalho avaliativo. Ele era um dos símbolos da boa aula, da autoridade (sem autoritarismo), da serenidade e, especialmente, da capacidade que apresentava desenvolvendo suas funções. Deve servir de referência para todos que por ele passaram.

Vou lembrar dele sempre com sorriso. Alguém que prestou sua contribuição e que prematuramente partiu. Alguém que cumpriu sua missão docente sempre com presteza e dedicação. Isso sempre foi a opinião geral, não se trata de um discurso em homenagem póstuma. Sempre foi pública e notória sua capacidade e compromisso. Foi uma perda irreparável, mas Deus é quem detém esses mistérios, não cabe a nós tentar compreender.

Meus sentimentos a toda a família. Que vocês consigam, com a força divina, superar tamanho vazio. Mas que, principalmente, consigam referir-se à memória de Arimatéia com ar de alegria, com orgulho de ter convivido com ele. Com orgulho de saber que foi um ser humano a contribuir decididamente para o futuro de muitas crianças que, como eu, tiveram inúmeras dificuldades e encontraram na educação o caminho para a se tornar pessoas de bem.

Adeus, Arimatéia. Deus o guie sempre.

Seu aluno,

Cassildo.


Um comentário:

Carla S.M. disse...

Bonito texto. Mas difícil seguir a leitura por conta da cor do fundo e da fonte. (ou quem sabe são meus olhos que começam a falhar...)

Grande abraço.