17 de ago. de 2011

REDAÇÃO É EXERCÍCIO

No momento em que inicio o presente texto, originalmente em meu inseparável caderno, 45 alunos do Cursinho Pré-vestibular - Central de Cursos (Vespertino) estão produzindo um texto. É a terceira vez, este ano, que realizo esse tipo de trabalho.

Quantitativamente, é um número menor que o das outras edições (64 e 48, respectivamente), no entanto - a considerar outras experiências -, trata-se de uma jornada bem-sucedida conscientizá-los da importância em se aperfeiçoar tal habilidade, haja vista muitos que deles não foram incentivados à prática, durante a vida escolar.

Vendo-os comprometidos com a tarefa, reflexões positivas me são direcionadas: será que se esses estudantes fossem instigados a - pelo menos duas vezes ao mês - escreverem sobre variados temas, o quadro não se apresentaria diferente? De certo que sim, pois eles próprios - apesar de demonstrarem ojeriza por esse tipo de atividade, reconhecem suas fragilidades.

No meu entender, a escola tem a obrigação de servir prioritariamente para ensinar a compreender e a construir sentido. Se ficarmos o tempo todo alimentando que a era tecnológica trouxe mudanças radicais, o que não negamos, esqueceremo-nos de que as duas vertentes - leitura e escrita - são fundamentais em qualquer momento histórico. O mundo virtual não precisa opor-se a tais aspectos, ao contrário pode servir de ambiente para que eles se desenvolvam.

Os profissionais da área de línguas devem comprometer-se em encorajar seus alunos a atingir um nível que pelo menos permita a esses jovens debater problemas de relevância social, nos diversos contextos, não só para enfrentarem o vestibular, mas para - além disso - abrir os horizontes de seus posicionamentos, alcançando uma consciência crítica e cidadã. A escola precisa dar suporte a esses desafios, sob pena de não justificar sua existência, em caso oposto.

É muito animador mesmo. Ver dezenas deles expressando com palavras as suas opiniões, longe de ser apenas um exercício para o vestibular, representa esse aperfeiçoamento, tanto das idéias quanto da prática cidadã. A redação pode ser um desses canais, mas presume exercício, conhecimento de mundo e determinação. Que as instituições de ensino, sem exceção, nunca se esqueçam de que devem constituir os primeiros mecanismos para concretizar essa interação.

4 comentários:

Iron Medeiros disse...

Não que nós alunos dependamos exclusivamente da escola para nos estimular a escrever e a ler, mas acredito que ela seja uma das principais motivadoras.
É lamentável saber que muitos bons leitores são castrados pela falta de estrutura do lugar em que residem.
Lamentável também saber que muitos ainda não se tocaram da importância que tanto a leitura quanto a escrita tem não só para concursos, vestibulares e outros processos seletivos como também para toda a vida.
Em relação a escrita, se faz válido aquele tão conhecido ditado: a prática leva a perfeição.

CASSILDO SOUZA disse...

Concordo totalmente, Jodilson. É claro que todos devem procurar, por si sós, aprimorar tanto a leitura como a escrita. Mas a escola, que é a instituição que sistematiza o ensino, tem mais do que a obrigação de incentivar os alunos. Isso começa pela estrutura, pelo compromisso dos profissionais e a contrapartida do aluno.
Um abraço!

Erica Gaião disse...

Cassildo,

Encontrei você por acaso, quando buscava uma informação no google. Adorei o seu trabalho e a proposta do seu blog.

Voltarei mais vezes.

Abraços

CASSILDO SOUZA disse...

Obrigado, Érica. Eu te adicionei no twitter. Adorei seu blog também. Que bom que a Internet sirva muito mais para coisas positivas do que negativas. Esses espaços podem ser muito bem usados para a construção do conhecimento e das opiniões.
Um abraço!