Cassildo Souza
Por que corremos tanto, trabalhamos tanto, brigamos tanto, nos decepcionamos tanto? Desconsiderados os casos em que pessoas buscam indignamente lugar ao sol, correr é necessário; trabalhar é necessário, brigar é necessário e até decepcionar-se faz parte do contexto da vida. Tudo de forma comedida é bem-vindo.
Particularmente, viver a cem por hora é acreditar no melhor. Se temos esperança de que as coisas podem e devem melhorar algum dia que seja, não podemos – jamais – incorporar a inércia que normalmente toma conta das pessoas. Atitude, ação, movimentação, deslocamento ou quaisquer outros vocábulos dessa natureza têm de fazer parte do cotidiano daqueles que vislumbram um mundo com menos desigualdade, mais coerência e mais conhecimento.
Independentemente de estar na função de professor ou, eventualmente, de um técnico administrativo, necessito dessa crença de que tudo poderá mudar positivamente, caso contrário eu não veria sentido em continuar vivendo. O ritmo diário é apenas conseqüência de ter escolhido viver considerando a coletividade, o grupo, e não somente o indivíduo. Individualidade é bom, individualismo é traumatizante. Vivemos rodeados e vivemos ao redor, precisamos dessa companhia, a qual justifica a existência e manutenção dos grupos, e não apenas de um elemento da espécie.
Corro, sim; trabalho, sim; brigo, sim. Decepciono-me às vezes. Quem está livre disso? Claro, de vez em quando alguém tem de controlar, para que eu ponha o pé no freio, a fim de não exagerar na dose. Entendo que jamais deixarei de percorrer essas ações, porque – humildemente – acredito no trabalho feito por cada ser, como cada formiga carregando seu alimento, ou cada pássaro carregando sua gota d’água para salvar a floresta de um incêndio. Quem desejar, pode-se juntar, pois uma tecla com funcionalidade faz diferença (positiva ou negativa) em qualquer tabuleiro.
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