Muitos sabem que o Guilherme Arantes é um dos meus compositores prediletos, se não o preferido (juntamente com o Zé Ramalho). O que alguns não imaginam é que ele tem - a despeito dos inúmeros sucessos românticos - uma fase roqueira bem interessante cujas letras soam mais reflexivas e inconformadas com o mundo. São, infelizmente, as músicas menos conhecidas e tocadas. Disponibilizo a letra de uma delas a seguir, direcionada às pessoas que procuram encontra-se num mundo tão complexo. Detalhe: a letra é de 1980, e ele já abordava essas "deprês".
(SOS - GUILHERME ARANTES)
Pra quem é só
falar ou calar, dá no mesmo
tudo é tão objetivo e rápido
ninguém vai ouvir
Alguém que procure amizade
perdido na imensa cidade
alguém fechado no carro
com o som ligado bem alto
Ir à boate ou ver televisão
dá no mesmo
se é ficar sempre no mesmo
isolamento mortal
nas bocas um riso sintético
nas festas os brindes de plástico
e voltar fechado no carro
com o som ligado bem alto
Eu canto aos homens só
que já nasceram sós
e sempre foram sós
com seus sonhos sós
Na riqueza sós
na alegria sós
na miséria sós
na tristeza sós
no escritório ou no estádio, domingo,
dá no mesmo
se na figura do juiz
está o patrão
palavrões e garrafas vazias
lembranças de esposas sombrias
e voltar fechado no carro
com o som ligado bem alto
Eu canto aos homens sós...
Nenhum comentário:
Postar um comentário