18 de ago. de 2012

E ENTÃO EU ENTRARIA PARA O CEDAP


Agosto de 2006 
 
- Alô, Professor Cassildo?

- Sim, quem é, por favor?

- Aqui é Reinaldo, diretor do CEDAP, estou falando de Santa Cruz. Queria conversar com você para ver a possibilidade de umas aulas no isolado de Português. Quando você poderá vir aqui?

- Acho que na quarta ou na quinta-feira. Estou resolvendo umas coisas aqui.

- Pois eu espero. Ligue antes para mim, quando puder vir.

Foi assim, de maneira objetiva que Reinaldo, diretor do CEDAP – Santa Cruz, teve seu primeiro contato comigo, para que eu pudesse assumir umas aulas de Língua Portuguesa no isolado daquele cursinho preparatório ao vestibular. Sempre quisera ser professor nessa modalidade, mas achava que não chegaria; já dava aulas preparatórias para concursos, também iniciadas em Santa Cruz, no Centro de Cursos e Idiomas, comandado por Erivan e Sônia, e acreditava que turmas de vestibular fossem mais complexas: engano meu.

Na segunda ou terça-feira (não lembro exatamente), numa tarde chuvosa eu estaria lá conhecendo o famoso professor Reinaldo. Fui disposto a não assumir aulas, talvez por medo. Reinaldo cuidou para me tranqüilizar dizendo que vestibular também era uma espécie de concurso, e então contaria comigo na quinta-feira seguinte, dia 24.08.2006. Eu nem tive como reagir com um “não”.

Ali começava minha trajetória como professor de cursinho pré-vestibular, isso numa época em que não havia ainda essas políticas que “empurram” a todo modo alunos para as universidades. Talvez por isso as aulas fossem tão participativas e grandes alunos, como Thales, hoje universitário, e Prentice tivessem marcado. Depois viriam Randerson, Rodrigo e outros dos quais não lembro o nome agora. Fora de Thales a indicação para Reinaldo, uma vez que tinha sido meu aluno na época do Cursinho de Erivan.

Durante esses quase 7 anos ininterruptos, tive momentos de glória e momentos de decepção. Bom que os sucessos – na minha humilde visão – tenham sido maiores; tive uma experiência com Língua Inglesa (disciplina em que atuo hoje, pelo Estado, com muita satisfação) em 2007, nas turmas do ensino médio. Não fui bem aceito, mas completei todo o ano letivo sem uma única falta, mesmo nos momentos difíceis, mais críticos, em que pensava nunca mais ensinar Inglês. Confesso que houve dias em que, dentro do ônibus, eu chorasse pensando que era um grande vilão. Tudo serviu de aprendizado e de experiências que haviam de ser vivenciadas. Alguns desses alunos do ensino médio viriam a fazer cursinho depois e até se tornar meus amigos.

Hoje, ao saber que esse trajeto será interrompido, veio um filme à minha cabeça. O filme da gratidão por ter iniciado tudo lá, em termos de pré-vestibular; o filme por nunca haver interrompido antes minhas aulas naquela instituição. Enfim, veio o reconhecimento pela oportunidade que o CEDAP me deu e pela continuidade da confiança mesmo nos momentos desfavoráveis.

2012 é um momento em que me sinto à vontade nas turmas. Mantenho ótimo relacionamento com a maioria dos alunos. Mas, com a convocação do Estado, infelizmente eu não poderei continuar. Pelo menos por esse restante de ano. São decisões que aparecem quando menos esperamos.

Aos meus alunos de antes e de agora, a meus colegas que lá fiz, a Reinaldo e D. Joana, a Andréa, Flávia, Anchieta, Edileuza, seu Emídio, meus sinceros agradecimentos. Muito obrigado a vocês pela consideração, pelo prestígio, pelo respeito. Mesmo os que não gostam de mim acreditem: sou eternamente grato a vocês por fazerem parte do meu crescimento.

O CEDAP não representa uma página virada. Para mim, isso não passa de uma “pausa para o cafezinho”.

Cassildo Souza

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