Enquanto
esperávamos que o futebol, tido como nosso esporte predileto, fosse - pela
primeira vez - conquistar uma medalha de ouro, o destino em sua ironia colocou
o voleibol feminino - longe de ser favorito nestas Olimpíadas - como um campeão
de vergonha, pela superação. Observemos nós a postura dos jogadores de vôlei,
mesmo quando perdem, e observemos as atitudes dos jogadores de futebol. Não há salto
alto com treinadores do estilo Zé Roberto e Bernardinho. Há muito trabalho e
pouca badalação. Esses caras são super premiados e mantêm a serenidade e
seriedade. Acho que são modelos para todos os outros esportes. Mas não apenas
eles, e sim as pessoas que coordenam o esporte, a mentalidade e consciência de
longo prazo, como deve ser tudo que tende a dar certo.
O voleibol
masculino está, no momento em que escrevo este artigo, disputando o ouro com
grandes chances de ganhar (já vence por 2 sets a 0). Independentemente do
resultado final, fico à vontade para dizer que há algum tempo, deixamos de ser o país do futebol e
passamos a ser o país do voleibol. Continuarei sendo o mesmo futebolista de
sempre, mas tenho de admitir que a nação passou a acompanhar efetivamente o
voleibol; esse esporte se incorporou aos cidadãos brasileiros de maneira muito
positiva.Diria que só falta haver a inversão nos altos salários que os cartolas
e atletas do futebol recebem, muitos deles sem merecer; isso deveria ser ao
contrário, até pela organização que aqueles que coordenam as quadras demonstram
em relação aos que coordenam os campos.
Nos
últimos 20 anos, o nosso futebol masculino chegou a 3 finais de Copa do Mundo e
levou 2; nas Olimpíadas, nunca conseguiu passar da medalha de prata (3
ocasiões); as meninas – por duas vezes – foram prata nas Olimpíadas (2004 e
2008) e – em outras duas ocasiões – foram vice-campeãs mundiais de futebol
(2007 e 2011). Marcas que poderiam ser melhores considerando que sempre fomos
titulados como o “o país do futebol”. Já no voleibol feminino, somos 2 vezes
medalhistas de bronze (1996 e 2000) e 2 vezes conquistamos medalhas de ouro (2008 e 2012); embora
nunca tenhamos conquistado Campeonatos Mundiais, somos várias vezes campeões do
Grand Prix. No voleibol masculino, as conquistas dispensam comentários: bicampeões Olímpicos (1992, 2004 e, possivelmente, 2012), Mundiais, 9 vezes Campeões da
Língua Mundial e inúmeras outras conquistas menos relevantes. Comparando o
tempo que se jogam os dois esportes, na minha cabeça, o voleibol ganha com
folga.
Temos
talentos, mas só isso não basta; se o voleibol não tivesse mudado a mentalidade,
a fim de se adequar aos novos tempos, a fim de se profissionalizar de fato, não
apenas em relação a altos salários (como acontece em muitos casos), não estaria
no posto que ocupa hoje. Já vemos jogadores como Dante receberem como se fossem
jogadores de futebol, mas isso é consequência natural do crescimento e do
merchandising que se tem quando algo se torna “a bola da vez”. Ao futebol resta
aprender a lição de se organizar, acabar com velhos vícios e os cartolas
ultrapassados que nada entendem de do esporte e que desejam apenas usufruir
financeira e socialmente das categorias de base que ainda restam em alguns
clubes, firmando acordos com empresários de idoneidade duvidosa. O Brasil está
se tornando o país do voleibol e isso é um recado ao futebol.
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