Nenhum professor de redação pode se dar ao luxo de querer "adivinhar" qual é o tema do vestibular. Não seria viável, pois isso acabaria por desvalorizar o trabalho feito durante um ano. Seria muito simples. Não se precisaria passar todo os dez meses de preparação, pois bastaria apelar para uma "bola de cristal". No entanto, critérios para considerar alguns temas como favoritos e possíveis de constituir o tema da redação devem ser parte dessa atividade e, por isso, a discussão precisa existir. A seguir, enumero assuntos que poderão figurar nos vestibulares, com comentários positivos e negativos.
PRÉ-SAL. A descoberta de reservas petrolíferas abaixo da camada do sal tem sido matéria bastante abordada na imprensa nacional e ganha força para o vestibular. O Governo tem feito declarações muito positivas, considerando uma grande possibilidade econômica, principalmente pela eventual escassez do petróleo no mundo. Para isso, defende que investimentos gigantescos precisam ser realizados, além da criação de outra estatal para controlar a exploração: a Petro-Sal. Os contrários dizem que é preciso ter cuidado para que o País não seja vítima da maldição do Petróleo, ou seja, ficar dependente do mineral, descuidando-se de outros ramos econômicos igualmente ou mais viáveis. Além disso, alertam para as dificuldades geológicas, uma vez que a profundidade pode chegar até aos 7.000 metros.
LEGALIZAÇÃO DO ABORTO. Tem sido cada vez mais freqüente a discussão sobre o tema que, inclusive, foi cobrado no Exame do CEFET de 2008. Para quem a defende, a mulher é dona do corpo e, por isso, deveria decidir o que fazer com o seu filho, principalmente em caso de não ter condições para criá-lo. Por outro, quem o condena (principalmente as religiões Católica e Protestante) renega a prática por entender que ninguém tem o direito de impedir que uma vida seja gerada, especialmente quando os pais poderiam ter evitado a gravidez, na maioria dos casos, precoce.
LEI ANTIFUMO. A Lei estabelecida em agosto, na cidade de São Paulo, até serviu de modelos para outras localidades. A determinação é que locais fechados de uso coletivo não permitam o fumo, a fim de preservar a saúde dos não-fumantes ou fumantes passivos, que algumas vezes são mais afetados que os próprios fumantes. Para as pessoas que não apreciam o cigarro, o argumento é de que a norma constitui uma maneira de possibilitar mais saúde aos ambientes públicos. Os que fumam, porém, entendem que deveria existir uma melhor orientação por parte dos estabelecimentos, respeitando igualmente a todos.
SAÚDE PÚBLICA NO BRASIL. Desde ano passado, com o surto da Dengue, o tema de saúde pública tem adquirido força. Esse ano, com a pandemia da Gripe A (H1N1), é possível que alguma banca exija aos candidatos a abordagem desse assunto tão importante e tão controverso, sem, no entanto, priorizar determinada doença.
VIOLÊNCIA. O Brasil sempre foi conhecido pela desestruturação urbana, e a violência resulta como principal ponto negativo dessa desorganização. Mas essa temática pode ser cobrada sob as diversas formas de manifestação, pois existem, além da violência urbana, a violência familiar, no trânsito, infantil/pedofilia e até na escola. Colocar a educação como elemento decisivo para a mudança no quadro é estratégia interessante, principalmente fazendo-se a correlação com o que ela pode trazer em termos de instrução, disciplina e qualificação profissional.
CORRUPÇÃO. Infelizmente, esse tema também está sempre em vigência. Todos os dias sabemos de algum caso de corrupção no País, em especial envolvendo autoridades que deveriam zelar pela probidade, honestidade e zelo pelo dinheiro público. De 2005 para cá, foram várias as crises envolvendo a Câmara dos Deputados e o Congresso Nacional: Mensalão, Mensalinho, Renúncia de Renan Calheiros e, agora, o caso dos Atos Secretos, cuja repercussão ajuda a pressionar a saída do Presidente do Senado, José Sarney.