8 de set. de 2009

PRÉ-SAL: GARANTIA DE SUCESSO ECONÔMICO E POLÍTICO?

Cassildo Souza
Tem ganho um importante espaço na imprensa nos últimos dias o assunto do pré-sal, reservas petrolíferas encontradas recentemente no Brasil, com capacidade de exploração para até 80 bilhões de barris. O tema passou a ter uma importância tão significativa, que quase não se fala mais sobre a Crise do Senado. Se em toda discussão existem as controvérsias, neste caso, elas também se fazem presentes: alguns (principalmente os aliados do governo) defendem que tal descoberta será a salvação econômica do País; outros (que podem incluir oposicionistas) acham que é preciso estabelecer critérios por não se tratar de um "bilhete premiado", tendo em vista os aspectos econômicos e geológicos. Ainda existem aqueles que temem pela "maldição do petróleo" - a atenção exclusiva do Governo a esse ramo de atividade, em detrimento de outras formas de provimento à economia.

Com previsões cada vez mais fortes de que o petróleo estaria chegando a seu limite, entendo que encontrar reservas desse tamanho não pode ser um fato a passar despercebido. Por isso, o episódio tem sido tratado - em especial pelo Governo - como um dos aspectos decisivos na afirmação da economia do País, num período em que o mundo passa para uma crise gigantesca, embora aqui ela não tenha atingido as proporções que se esperavam. Além dessas questões, no âmbito político isso pode servir como "carta na manga" dos governistas, levando-se em conta a sucessão presidencial que começa a ser esboçada. O Petróleo, certamente, será o carro-chefe da eventual candidata Dilma Roussef, a qual já foi - inclusive - Ministra das Minas e Energia. Analiso que o otimismo é totalmente compreensível, tanto pelo lado econômico como do ponto de vista político.


Contudo, nada está garantido: ouvi já especialistas dizerem que a viabilidade do pré-sal dependerá, em muito, de diversos investimentos, principalmente na área tecnológica. No que tange o aspecto geológico, não será fácil explorar tais reservas sem um planejamento bem desenhado, haja vista que a profundidade medida até se chegar ao mineral pode alcançar os 7.000 metros e, até se atingir o local específico - com a necessidade de fixar os cabos de âncora e com a resistência natural das rochas - muitos procedimentos precisam ser bem realizados, o que exige sabedoria e competência. Outra questão, a financeira, também deve ser cuidadosamente analisada: estima-se que será necessário gastar pelo menos 1 bilhão para que a estrutura de exploração garanta sucesso e, conseqüentemente, rentabilidade econômica. É realmente um desafio, não basta "apertar um botão".


Independentemente da viabilidade do negócio, é interessante cuidar para que o País não se torne vítima da "maldição do petróleo". É um momento importante, cujas ações poderão dar muitos frutos à economia nacional, entretanto, não se deve esquecer das demais potencialidades existentes e que merecem igual importância por parte do Governo. A nação deve ter equilíbrio, sendo a exploração petrolífera um dos pilares para fortalecer o crescimento, não o único.

Se as ações em referência forem devidamente observadas, o Brasil pode, realmente, ter motivos para comemorar futuramente. Nem iremos descartar uma possibilidade econômica tão forte, nem tampouco nos esquecermos das várias outras riquezas de que somos possuidores. Tudo dependerá da maneira como esse processo será conduzido e, em caso de competência, clareza e bom senso, nada impedirá que nos tornemos uma "potência", palavra tão pregada nos últimos tempos pelas nossas autoridades.

Um comentário:

Anônimo disse...

muito bommm!!!