29 de jun. de 2010

COPA ESTRANHA, COMENTARISTAS PERDIDOS

Sem crítica destrutiva alguma, vejo alguns cronistas esportivos brasileiros como meros "palpitadores" de resultados, como se estivessem em um bolão, cujo modelo se adéqua a da loteria esportiva. E quando o futebol decide se vingar, acontecem coisas imprevisíveis, como têm ocorrido na Copa do Mundo de 2010, seja pela aposta errada, seja pelas interferências da arbitragem.

Vamos por partes: alguns disseram que o grupo do Brasil era o da morte, logo que se realizou o sorteio. Acrescente-se que esses mesmos jornalistas criticavam a Seleção Brasileira, por sua postura de jogo, envolvendo vários aspectos, com os quais até concordo. Então, se o Brasil jogava mal, não tinha inspiração e estava no grupo da morte, a conclusão plausível era a de ser eliminado na Primeira Fase. Ou não? Conclui-se que, ou o time de Dunga jogou muito, ou a chave era fraca. De uma forma ou outra, erraram feio. O Brasil foi primeiro do grupo (mais do que a obrigação).

Segundo round: Ao término da primeira rodada, a Alemanha surgiu como favorita ao título e a Argentina, segundo nossos comentaristas, não se apresentara assim tão bem. Ao final da segunda rodada, a Argentina já assustava e a Alemanha, como perdera para a Sérvia, deixou de ser a favorita, condição que voltou a sustentar após desclassificar a Inglaterra, já nas oitavas-de-final, por 4x1, placar que não representa o que foi jogo, inclusive com um erro incrível de arbitragem. Por sua vez enfrentará a Argentina, também beneficiada no jogo contra o México, que os "hermanos" venceram por 3 x 1. Agora, nenhum comentarista erra: as duas voltaram a ser favoritas.

O pior não estava aí: quantos, também considerando o grupo da França como o da morte, não a apontaram como favorita, colocando o Uruguai como "franco atirador"? E quanto à chave da Itália, alguém duvidaria de sua classificação? As duas foram eliminadas. Para nós, meros torcedores e ouvidores de pouquíssimos comentários coerentes, isso é até divertido. O Brasil até pode sair da copa sexta-feira, e certamente alguém vai se vangloriar da nossa desgraça, dizendo ter avisado que a seleção não tem se apresentado bem. Ser comentarista agora virou ser participante de bolão. Os prognósticos são feitos aleatoriamente, esperando-se uma combinação matemática que dê a razão a quem tem a palavra.

É difícil encontrar, hoje em dia, em âmbito nacional, algum cronista esportivo de qualidade. Primeiro, porque não surgiram bons profissionais desse ramo recentemente; segundo, porque os poucos que podem ter aparecido não têm espaço no grande cenário, povoado de ex-jogadores semianalfabetos e "agitadores de palco"; terceiro, porque o comprometimento dos meios de comunicação com determinadas instituições esportivas é repugnante, faltando independência na hora de exercer o seu papel.

E vou aguardar, até o final da Copa, para saber quantos erros ainda serão necessários até que se perceba quanto nossos meios são carentes de profissionais de verdade.

Um abraço.

Cassildo.

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