Há muito e por muitos aguardado - como habitualmente ocorre - o Edital do Vestibular / 2011 da UFRN acaba de ser lançado (dia 24.06.2010, pela COMPERVE) e, pelo menos no programa das disciplinas, vem com novidades. A sistemática de indicação dos conteúdos está repaginada, seguindo os moldes parecidos com os do ENEM, embora o próprio documento enfatize não haver "transcrição" da matriz do Exame Nacional do Ensino Médio.
Independentemente de o modelo adotado ser ou não baseado no ENEM, percebo uma valorização ainda mais acentuada com relação ao texto e seus mecanismos de compreensão e/ou produção. Como já postei algumas vezes aqui neste espaço, o aluno será cobrado muito mais pela sua capacidade de entender a "engenharia do texto", os recursos coesivos utilizados, a intencionalidade do autor, a distinção entre os gêneros e entre as seqüências e, ainda mais, a habilidade de argumentar.
Continuará a redação entre CARTA ARGUMENTATIVA e ARTIGO DE OPINIÃO, como tem sido nos últimos três exames, ratificando a tese de que as instituições superiores consideram bons candidatos aqueles que sabem persuadir de maneira clara e coerente. Nesse aspecto, a Universidade Federal do Rio Grande do Norte não precisou adequar-se a nenhum modelo. Permanece seguindo seus próprios princípios, notadamente bem-sucedidos. A teoria se perpetua: aqueles que não souberem escrever demonstrando conhecimento do tema e propriedade dissertativo-argumentativa, na defesa de um tema costumeiramente polêmico, tenderão a se complicar.
Conteúdos como funções da linguagem, figura presente na maioria dos vestibulares da COMPERVE, terão agora ainda mais chance de serem incluídos nas provas objetivas. Tipologia do discurso (direto, indireto e indireto livre), perspectiva do narrador (1ª ou 3ª pessoa: narrador-personagem, narrador-observador) também corriqueiramente solicitados, ganham mais corpo com a mudança de abordagem, mesmo que ainda tímida. A leitura nunca terá sido tão importante para decidir o futuro dos vestibulandos.
Espero, sinceramente, que haja uma unidade entre escolas, cursinhos e alunos. Não podemos mais ignorar a escrita e a leitura, conformando-nos com os discursos não praticados. Se os candidatos não acordarem para a importância de se conhecer cada tema, cada conteúdo curricular adequadamente, caso não estejam "antenados" com o que anda acontecendo no mundo e, ainda, não consigam perceber os fenômenos lingüísticos envolvidos nessa gama de informações, não poderão pleitear - com autoridade - uma vaga para ingresso em 2011.
É essa a expectativa. Certezas não existem, pois se trata de uma mudança que, como sabemos, precisa acontecer na prática, para uma análise mais aprofundada. Ainda assim, observo um avanço no sentido de concretizar a necessidade de obter conhecimento, não apenas limitando-se a decorar regras e fórmulas para o momento decisivo, sem fazer correlações.
Estudemos agora muito mais do que antes. O vestibular está ali, esperando sedendo pelos seus atores.
Cassildo.
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