19 de dez. de 2010

ECONOMIA E ENSINO NÃO DEVEM SER OPOSTOS

Algum jornal publica que os alunos de meu Estado tiveram pior desempenho num exame de caráter internacional. Poderia eu ter vergonha em abordar tal assunto num espaço que não possui fronteiras, já que se trata de um dado depreciativo, especialmente considerando que sou Professor da Rede Pública Estadual, admitido ainda este ano.

O fato é que, não só o Rio Grande do Norte, mas o Brasil como um todo, não tem conseguido – na proporção em que se espera – alavancar a educação para que ocupemos uma posição mais digna no cenário mundial. Somos comparados a países muito mais pobres do que o nosso, os quais não apresentam as mesmas potencialidades de que dispomos e que vivem em situação econômica degradante, o que justifica o desempenho ruim deles e torna incoerente as notícias de economia e finanças que o Brasil tem feito questão de divulgar.

É uma situação mesmo dual: muito bom saber que o Brasil hoje em dia é respeitado quando se trata de assuntos econômicos. É importante exportar mais, ter mais pessoas comprando, ter uma moeda forte, ter uma inflação controlada. No entanto, nada disso terá sentido – em futuro próximo – se continuarmos a tratar da educação como se fosse um engodo, um aspecto apenas para compor um programa de governo, por obrigatoriedade legal. A consciência é mais importante do que certas ações, pois sem instrução e qualificação adequadas, a nação poderá jogar tudo para o alto, pela falta de competência em manter esse nível até então conquistado, em termos econômicos e sociais.

Paradoxal é acompanhar publicações dessa natureza, o Brasil sempre apontado como um país promissor monetariamente e indicado como um dos piores na educação. O segundo fato é a coisa mais vergonhosa que um cidadão crítico pode desejar a sua geração, porque demonstra que as pessoas responsáveis em conduzir o avanço, ao longo de várias gestões, nunca se preocuparam de verdade com o crescimento pleno alcançado tão-somente quando se começa a investir maciçamente em educação, mais precisamente nos níveis iniciais. Que notícias alentadoras possam ser veiculadas com uma maior brevidade, caso contrário não saberemos o que acontecerá às próximas gerações.

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