3 de dez. de 2010

UM DEUS ATEU (GUILHERME ARANTES)

Quem
Te roubou o inocente jardim
Tuas faces de rubras maçãs
Teu condão
Talismã
Quem levou
Nossas verdes manhãs de sol

Tardes sem fim
Inventou a distância cruel
Levou a linha, a vareta e o papel
Lavou o céu
Secou o mar
Jogou nuvens de areia nos olhos
Muralhas de pedras
Brilhantes que furtam a visão

Como um deus ateu
Vaguei vagabundo
Morei num barril
Andei condenado
A viver buscando

Cana de açucar
Duna de sal
Moinho de sonho
Usina do amor

No torvelinho
Na febre no frio
Não se perdeu
Nosso ébrio navio

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